Embora as primeiras unidades só devam chegar a Portugal em setembro, o Volvo XC40 Recharge, primeiro modelo 100% elétrico da marca sueca, está de passagem por Lisboa. Motivo suficiente para termos um primeiro contacto com o modelo que veio para eletrificar o futuro da Volvo.
Apresentado ao mundo como o primeiro de uma série de modelos 100% elétricos com os quais a Volvo promete abandonar, definitivamente, os motores de combustão, apagando, dessa forma, a sua peugada carbónica, o Volvo XC40 Recharge está de passagem por Portugal. Primeira paragem num roadshow a que foi dado o nome de 'Volvo Studio' e com o qual a marca sueca pretende apresentar o seu modelo zero emissões, aos europeus; a começar, pelos portugueses.
Atualmente já em comercialização no nosso País, onde já tem cerca de 50 unidades vendidas em pouco mais de um mês, o XC40 Recharge dá, assim, os primeiros passos em solo nacional - ainda com matrícula sueca e apenas, diga-se, na versão mais potente... e cara, o T8 AWD Recharge. E que é, precisamente, aquela com que o modelo iniciará comercialização entre nós, uma vez que, o mais "comedido" T6, só deverá chegar lá mais para o final do ano...
Quanto ao XC40 T8 AWD Recharge, trata-se, basicamente, da versão 100% elétrica do conhecido SUV compacto sueco, impulsionado por dois motores elétricos, dispostos nos eixos. Os quais garantem, assim, não somente uma tracção integral permanente, como também uma capacidade de aceleração dos 0 aos 100 km/h em 4,9 segundos e uma velocidade máxima anunciada de 180 km/h. Resultado, também, de uma potência combinada de 408 cv e um binário máximo de 660 Nm.
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Na base do sistema, um pack de baterias de 78 kWh (75 kWh úteis), disposto sob o piso, e a prometer uma autonomia máxima de 420 km, já segundo o ciclo WLTP. Sendo que, uma vez esgotada a energia, a Volvo promete o recarregar completo das baterias em 8 horas, se utilizada uma tomada AC de até 11 kW, ou, então, em apenas 40 minutos, se for feito em tomada DC, de até 150 kW.
O primeiro olhar
Mas se todos estes factos eram já conhecidos de todos nós, a possibilidade de ver e contactar, 'in loco', com o XC40 Recharge, era, pelo contrário, uma novidade total! E que, diga-se, acabou confirmando, logo no primeiro olhar, aquilo que já prevíamos: não vai ser fácil aos condutores distinguirem esta versão 100% elétrica do XC40, dos restantes irmãos!
Na verdade e tirando o facto de não emitir qualquer som, quando em movimento, o Volvo XC40 T8 AWD Recharge quase parece uma cópia, tirada a papel químico, das restantes versões com motores térmicos. Sendo preciso olhar para a grelha frontal, totalmente fechada, ou então para o emblema aplicado no portão traseiro, para descobrir que estamos em presença da variante zero emissões.
Com o T40 Recharge ainda imobilizado, encontrar outras diferenças, só mesmo com olho de lince; ou então, levantando o capot dianteiro. Embora não para ver o motor, mas, sim, a característica - dos veículos elétricos, bem entendido - a "frunk", sinónimo de uma espécie de bagageira à frente, que, neste caso, resulta num espaço com 31 litros e tampa. Onde a marca arruma o cabo utilizado no carregamento das baterias, deixando livre os 414 litros - ou 1290 l, com as costas dos bancos traseiros rebatidas - oferecidos pela bagageira, com portão de accionamento elétrico.
Mas se, por fora, o XC40 Recharge pouco difere das versões com motores de combustão, no habitáculo, a conclusão é praticamente a mesma. À excepção, talvez, desta nova versão abdicar do botão 'Start', que tradicionalmente serve para fazer funcionar o motor. Contudo e tal como nos foi explicado, à versão 100% elétrica do SUV sueco, basta ter a chave presente, engrenar a manche no 'D', e arrancar. Sendo que, depois e uma vez terminada a viagem, é carregar no botão 'P' e sair do carro, trancando-o. Simples!...
A viagem
Confortavelmente instalados aos comandos de um dos Volvo XC40 Recharge presentes no Museu da Electricidade, em Belém, Lisboa, iniciámos, então, o desafio proposto pela Volvo Portugal: conduzir o modelo sueco até Cascais, mais concretamente, até ao Hotel Miragem, sempre ao longo da Estrada Marginal, para assim conhecer um pouco das características de condução deste EV.
Algo que, diga-se, até poderia ser uma boa oportunidade, não fosse o facto da viagem ter de ser feita integrado num "comboio" de vários veículos, com o veículo da frente a marcar o andamento (baixo) e, os restantes, impedidos de sair da "formatura" e optar por outras experiências. Como ver, por exemplo, o desempenho e eficácia do sistema elétrico, num dos ambientes mais exigentes para qualquer veículo elétrico: a auto-estrada...
Ainda assim, a primeira surpresa: num elétrico com 408 cv e força na aceleração suficiente para nos pressionar o corpo contra o banco - bastou a primeira aceleração a fundo, para confirmá-lo... -, igualmente surpreendente... e inesperado, foi a intensidade demonstrada pelo sistema de regeneração na sua atuação, com o levantar do pé do acelerador a obter como resposta o "afocinhar" do XC40. Demonstração não apenas de uma suspensão concebida, claramente, em prol do conforto dos ocupantes, como também da "presença" do sistema 'One Pedal Drive', tecnologia que, garante a Volvo, permite conduzir o modelo recorrendo, praticamente, apenas e só ao acelerador - sempre que tiramos o pé do acelerador, o carro trava... forte -, ao mesmo tempo que se privilegia a recuperação de energia. Algo que, no entanto, não foi evidente...
De resto e ainda nesta curta viagem de cerca de 21 km, tempo, ainda, para descobrir uma outra novidade, acessível através do já conhecido ecrã central, a que a Volvo deu o nome de "Sensação de Direcção Firme". E que, uma vez accionada, torna, efectivamente, a direcção bastante pesada, embora sem trazer ganhos de maior, em termos de feedback. Razão suficiente para rapidamente regressarmos ao modo inicial, sem ambições de protagonismo, é certo, mas perfeitamente em linha com o espírito do modelo.
Presente, também, um modo 'Off-Road', que nesta nossa breve viagem não pudemos testar, mas que, segundo nos foi dito pelos responsáveis da marca, difere dos restantes apenas no facto de dar primazia à tracção, em detrimento da regeneração. Mas que fica por confirmar...
Assim e após uma viagem tranquila e confortável, a chegada ao Hotel Miragem, com o apurar de um consumo médio de 17,7 kWh/100 km. Valor que não deixa de ser bastante aceitável, numa proposta que, embora compacta, anuncia um peso a rondar a tonelada e meia, além de não ser propriamente uma referência em termos de aerodinâmica.
Com um preço de 57 mil euros
Finalmente e quanto ao preço, a Volvo Portugal propõe este XC40 T8 AWD Recharge a partir dos 57.000 Euros. Valor, à partida, elevado, mas que acaba encontrando justificação também no facto do modelo ser proposto, entre nós, com todos os equipamento possíveis de série, assim como, com seguro, extensão de garantia por mais um ano (3 anos) e manutenção, incluídos.
Curioso?... É a própria Volvo que o desafia a experimentar este Volvo XC40 Recharge, até ao próximo dia 16 de junho, no Museu da Electricidade, em Lisboa.