A viver dificuldades com o software para os seus próximos veículos elétricos, o Volkswagen Group poderá ter encontrado uma solução, no mínimo, inesperada: o maior fabricante automóvel europeu vai comprar uma plataforma, já com alguns anos, à chinesa Xpeng, para utilização nos futuros elétricos de gama média da joint-venture.
A notícia é avançada pelo site Automotive News Europe, citando declarações do próprio CEO do Volkswagen Group, Oliver Blume, que, numa conferência online de apresentação dos resultados relativos ao primeiro semestre de 2026, assumiu que o grupo alemão vai "utilizar a plataforma G9 [da Xpeng], combinando-a com a tecnologia da Volkswagen".
A mesma publicação também recorda que, a G9 é uma plataforma com alguns anos e que a Xpeng já utilizou numa geração mais antiga de modelos, como é o caso dos modelos G9 e P7.
Hoje em dia, os modelos mais recentes da start-up chinesa, como é o caso do G6 revelado no último Salão Automóvel de Xangai, recorrem a uma outra plataforma, mais evoluída, de nome Smart Electric Platform Architecture (SEPA) 2.0.
G9 para elétricos da parceria
Quanto à plataforma G9, a Auto News diz que será utilizada nos veículos eléctricos que serão desenvolvidos pelas duas empresas, segundo um acordo de cooperação já assinado. Não se percebendo, no entanto, se estes automóveis se destinarão apenas ao mercado da China, ou se, pelo contrário, também poderão vir a ser comercializados na Europa.
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De resto e segundo a mesma notícia, enquanto para o Volkswagen Group, esta poderá ser uma forma de baixar os custos de produção, ultrapassando, igualmente, os problemas de software com que o fabricante se tem debatido, já para a chinesa Xpeng, esta poderá ser a solução para, não só impulsionar a venda dos seus modelos que já utilizam esta plataforma G9, como também a rentabilidade e lucro.
De resto e numa medida que a própria Automotive News aponta como novidade, a Xpeng irá receber, da Volkswagen, uma verba descrita como 'Receita de Serviços de Tecnologia', já partir do próximo ano. Algo que nunca aconteceu durante as últimas quatro décadas de parceria entre construtores automóveis europeus e chineses, já que, eram sempre os europeus que eram ressarcidos pelo licenciamento da tecnologia.
Da parte do Volkswagen Group, é o próprio Blume que avança que, mais detalhes sobre esta parceria e a tecnologia a utilizar pelas duas empresas, serão debatidos ao longo das próximas semanas, sendo que, o objectivo, para o fabricante alemão, passa por "explorar [através desta parceria] os espaços vazios no nosso portfólio de produtos".
Uma derrota… ou o menor dos males?
A Automotive News Europe refere, ainda, que, enquanto alguns analistas viram esta decisão do Volkswagen Group como uma derrota do maior fabricante europeu, nomeadamente, nos seus esforços de conquista do mercado chinês de veículos elétricos, o alemão Deutsche Bank saudou a forma "rápida e eficiente de aplicação de capital", na tentativa de preencher a lacuna que a empresa europeia regista no segmento dos veículos elétricos para a classe média chinesa.