Volkswagen Golf 1.0 TSI Sportline. Versão de entrada é escolha racional

A versão de entrada 1.0 TSI Sportline constitui a escolha racional para quem pretende um veículo familiar que ofereça todas as caraterísticas associadas ao Volkswagen Golf, designadamente em termos de design, qualidade de construção e dinâmica ao volante. Curiosamente, o motor de 998 cc surpreende e parece ter mais dos que os 110 cv anunciados.

Uma das referências indiscutíveis do segmento C é o Volkswagen Golf, que já vai na sua oitava geração. Desde o lançamento do modelo original há mais de quatro décadas que já foram vendidas mais de 35 milhões de unidades em todo o mundo.

O exterior carismático tem sido, desde sempre, uma das imagens de marca deste modelo, que resulta de uma combinação entre uma elevada versatilidade com um design sóbrio e preciso, a que se junta uma qualidade de construção que estabeleceu novos padrões na categoria.

Numa gama bastante completa que inclui variantes icónicas como o Golf GTi, Golf GTD, Golf R ou Golf GTE, que permitiram à marca demonstrar a sua elevada competência em termos de engenharia, existe também uma versão de acesso, equipada com uma motorização sobrealimentada a gasolina de 998 cc com 110 cv, que se destina a quem procura uma opção mais civilizada e económica para uma utilização de caráter familiar.

Em Portugal, a baixa cilindrada do motor constitui uma vantagem porque é menos penalizada fiscalmente, com reflexos positivos em termos de preço de venda ao público.

Imagem inconfundível

Com um comprimento exterior de 4,29 metros, uma largura de 1,80 metros e uma altura de 1,46 metros, o Volkswagen Golf apresenta a sua silhueta inconfundível de dois corpos e meio (hatchback), onde se destaca o caraterístico pilar C, que transfere a forma da primeira geração deste modelo para a atual.

O capot mergulhante, os faróis muito baixos e a faixa LED que se estende horizontalmente na frente da carroçaria, fazendo de luz de circulação diurna, são os principais elementos que identificam a oitava geração do Golf.

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A traseira é dominada pelos farolins estreitos, entre os quais se pode ver o logotipo da marca, assim como a assinatura Golf. Como sinal dos tempos, as ponteiras de escape desapareceram discretamente por baixo do difusor traseiro.

No nível de equipamento Sportline, os faróis dianteiros em LED são de série, assim como as jantes em liga leve de 17" Ventura e os vidros traseiros escurecidos.

Generosa habitabilidade

A longa distância entre-eixos de 2,64 metros permitiu disponibilizar uma habitabilidade bastante generosa para acomdodar cinco ocupantes com um nível adequado de conforto. O tejadilho horizontal típico do Golf permite oferecer muito espaço em altura para ocupantes de estatura mais elevada.

Por outro lado, como, de resto, em qualquer automóvel com rebatimento assimétrico das costas do banco traseiro não convém abusar das distâncias quando o lugar do meio segue ocupado, até porque este é mais estreito.

Com todos os bancos em posição normal, a capacidade da bagageira do Golf é de 380 litros, podendo chegar aos 1237 litros, graças ao rebatimento das costas dos assentos traseiros. A bagageira dispõe de um piso móvel e por baixo deste é disponibilizado um amplo espaço para guardar objetos.

Problemas de espaço não têm os ocupantes dos lugares dianteiros e os bancos possuem regulações muito amplas, mas todas manuais, incluindo no lado do condutor.

Era digital

A qualidade de construção sempre foi um dos pontos fortes do Golf e a oitava geração não foge à exceção. Os materiais utilizados no habitáculo são de nível superior, com plásticos macios na metade superior do painel de bordo e das portas dianteiras. Os restantes são duros, mas têm bom aspeto.

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Para bem e para o mal, e à semelhança de toda a gama Golf, também a versão de acesso 1.0 Sportline entrou na era digital. Em frente do condutor, o Digital Cockpit, com o seu ecrã de 10" cumpre as funções de painel de instrumentos. As secções personalizáveis em cada um dos extremos disponibilizam diversos menús que vão da informação minimalista - conta-rotações, velocímetro ou conta-quilómetros - até à visualização dos sistemas de assistência.

Um segundo ecrã de 10" com o sistema de rádio "Ready 2 Discover" replica as informações do infoentretenimento, com animações, comandos táteis, sendo quase todas as funcionalidades ativadas a partir do mesmo.

Abaixo do ecrã tátil, localizado por baixo das saídas de ventilação, encontra-se um pequeno painel digital como atalho para agilizar o acesso a menús específicos como a climatização, modos de condução, assistentes de condução e ajuda ao estacionamento. À esquerda do painel de instrumentos encontra-se um segundo painel digital que concentra as funções de desembaciador e iluminação.

No plano teórico, a ausência de botões físicos para acesso direto a alguns comandos parece ser muito prática, mas na realidade está longe de o ser porque a organização pouco intuitiva obriga a demasiados passos para se encontrar a funcionalidade pretendida. A regulação do sistema de ar condicionado é um exemplo de como se pode complicar uma tarefa simples.

Parece mais potente

A versão de entrada da gama Golf recebe um bloco a gasolina turbo de três cilindros de 998 cc. Este motor 1.0 TSI no seu nível de potência mais modesto de 110 cv cumpre em toda a faixa de utilização até às 5500 rpm, embora denote uma maior disponibilidade e entrega a partir das 2000 rpm, quando oferece o binário máximo de 200 Nm.

O motor 1.0 TSI encontra-se associado a uma caixa manual de seis velocidades, usada por vários modelos do Grupo Volkswagen. Esta transmissão possui uma engrenagem rápida, suave e precisa, permitindo fazer o maior aproveitamento deste bloco, designadamente ao nível das acelerações e das recuperações, parecendo que até tem mais potência do que os 110 cv anunciados.

O peso de 1264 kg ajuda o Golf 1.0 TSI a conseguir acelerar dos 0 aos 100 km/h em 10,2 segundos, um valor perfeitamente aceitável para uma viatura de cariz familiar e que não tem grandes pretensões desportivas. Para isso existem outras propostas na gama, mas que também menos acessíveis.

Só em algumas situações a baixos regimes apresenta algumas limitações, obrigando a recorrer à caixa de velocidades, mas também não nos podemos esquecer que se trata de um três cilindros.

Referência para a excelente insonorização a bordo, chegando pouco ruído ao habitáculo quando se circula em cidade. A direção, por sua vez, é corretamente assistida e precisa. A suspensão, que nesta versão tem barra de torsão traseira, foi otimizada para o conforto e digere muito bem as irregularidades dos maus pisos.

Em termos de consumo. o computador de bordo registou durante o ensaio um valor de 6,7 l/100 km/h, acima dos 4,6 l/100 km homologados em ciclo WLTP.

Equipamento razoável

Apesar de ser a versão de entrada na gama Golf, o 1.0 TSI Sportline apresenta uma dotação de série bastante razoável, incluindo o ar condicionado automático Climatronic, os sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, travão de estacionamento elétrico, sistema keyless start, volante multifunções em couro, rádio "Ready 2 Discover 10" ou o pacote Lights & Vision, que integra o sensor de luminosidade e chuva.

A dotação de série compreende ainda o cruise control adaptativo, que ajuda a manter a manter uma velocidade máxima previamente definida e uma distância segura relativamente ao automóvel da frente. Todavia, não dispõe da funcionalidade de "Stop & Go", o que significa que o condutor tem de intervir sobre o pedal do travão e do acelerador. O Front Assist limita-se a alertar para a presença de um obstáculo demasiado próximo.

O Golf 1.0 TSI Sportline também está dotado com o assistente de manutenção da faixa de rodagem com correção de trajetória, o qual tem a capacidade de detetar se o veículo está a sair inadvertidamente da sua faixa a uma velocidade igual ou superior a 60 km/h.

Em termos de preços, a versão de entrada na gama Golf está disponível a partir de 28.575 euros. A pintura metalizada é opção e custa 599 euros.

Veredicto positivo

O Volkswagen Golf 1.0 TSI Sportline revelou-se uma agradável surpresa. No plano teórico, o motor de 998 cc parece ser limitado para este modelo, mas a condução veio revelar o contrário, já que oferece uma elevada disponibilidade e elasticidade. Para isso contribui decisivamente o excelente escalonamento da caixa manual de seis velocidades, que consegue fazer o melhor aproveitamento da mecânica.

Além disso, o comportamento dinâmico é o que se espera de um Golf, assim como a qualidade de construção e os materiais utilizados. Pela negativa há que destacar os comandos táteis de acesso à regulação do ar condicionado, que são pouco intuitivos, obrigando o condutor a retirar os os olhos da estrada. Por outro lado, a baixa cilindrada do motor 1.0 TSI tem como reflexo positivo um preço de venda ao público abaixo de 30 mil euros.