VW. Sindicatos confirmam fecho de três fábricas na Alemanha

Depois do próprio grupo automóvel, agora são os sindicatos que acabam de confirmar a intenção do Volkswagen Group de fechar, pelo menos, três fábricas na Alemanha. E que, a acontecer, levará ao despedimento de milhares de trabalhadores.

O reconhecimento da gravidade da situação foi manifestado pela presidente do Conselho dos Trabalhadores da Volkswagen, Daniela Cavallo, em declarações aos funcionários em Wolsburgo. Garantindo que “a Administração está a levar este assunto muito a sério” e que “não se trata de uma questão de negociação por menores salários, nem nada que se pareça”.

Mas se, no que à avaliação da situação atual diz respeito, “não existem grandes diferenças de opinião entre nós e a administração”, “aquilo que verdadeiramente nos afasta, e muito, são as respostas para os mesmos”, afirma, em declarações reproduzidas pelo site Automotive News Europe, a sindicalista.

Embora, até ao momento, ainda não se saiba quais as fábricas que serão afectadas ou até mesmo o número de trabalhadores a dispensar, a verdade é que foi a própria administração do grupo automóvel alemão que começou por anunciar a necessidade de uma profunda reestruturação, devido não só aos elevados custos energéticos e laborais, como também à forte concorrência asiática, à diminuição da procura na Europa e China, assim como a uma transição para um futuro elétrico mais lenta que o esperado.

Entretanto, o grupo agendou já para o próximo dia 30 de outubro o anúncio de medidas destinadas a cortar nos custos com a mão-de-obra, data em que também terá lugar a segunda roda negocial entre administração e trabalhadores. Além da divulgação dos resultados do terceiro trimestre.

Fábricas alemãs não são produtivas, diz CEO da Volkswagen

Comentando o momento, Gunnar Kilian, membro do Conselho de Administração do Volkswagen Group, afirmou já que “a situação é grave e a responsabilidade dos parceiros é enorme. Sem medidas abrangentes capazes de recuperar a competitividade, não seremos capazes de suportar investimentos essenciais que será preciso fazer no futuro”.

A subscrever as palavras de Killian, surge o CEO da marca Volkswagen, Thomas Schaeffer, para quem as fábricas alemãs não são suficientemente produtivas, desde logo, porque apresentarem custos 25% a 50% mais elevados que o desejável. Levando a que os carros que produzem sejam duas vezes mais caros de produzir que os da concorrência.

Em declarações reproduzidas, mais uma vez, pela Automotive News Europe, Schaeffer defende que “não estamos a ganhar dinheiro suficiente com os nossos carros, enquanto os custos com energia, materiais e pessoal continuam a aumentar. Este é um cálculo que não pode funcionar a longo prazo”.

Por outro lado, o CEO da Volkswagen aponta o dedo ao facto da companhia continuar “a processar internamente muitas tarefas que a concorrência já externalizou, de forma a torná-las mais baratas. Isto significa que não podemos continuar como até aqui, mas temos de encontrar uma solução conjunta e sustentável para o futuro da nossa empresa”.

Quatro mil milhões em falta

Segundo o jornal Handelsblatt, das medidas previstas para redução de custos fazem igualmente parte um corte salarial de 10% e o congelamento dos salários durante os próximos dois anos. Soluções que, a par do congelamento dos bónus para os funcionários de topo e a redução dos pagamentos adicionais feitos nos aniversários dos funcionários, deverão permitir poupar qualquer coisa como 4 mil milhões de euros.