Verstappen e Red Bull dominaram Mundial de Fórmula 1

Na luta pelo melhor de entre os outros, a Aston Martin e, principalmente, a Alpine, ganharam protagonismo

Com uma segunda parte da temporada verdadeiramente esmagadora, em que venceu nove corridas em dez, Max Verstappen sagrou-se bicampeão do Mundo de Fórmula 1 e levou a sua equipa, a Red Bull, ao título mundial de Construtores, quebrando uma hegemonia de oito anos consecutivos de conquistas da Mercedes!

A sua superioridade foi tal que muito antes de meio da temporada já toda a gente apostava na reconquista do título por parte de Verstappen.

Juntando uma notável maturidade – apesar dos seus 25 anos já está na oitava temporada de F1 – à sempre reconhecida rapidez e agressividade, Verstappen elucidou de forma exemplar, os poucos que ainda duvidavam, a razão da aposta da Red Bull quando o lançou na categoria rainha do desporto automóvel com apenas 17 anos!

Na verdade, quando obteve a sua primeira vitória na Fórmula 1, em maio de 2016, em Espanha, o neerlandês tinha poucos meses de… carta de condução. Mas, nas pistas, desde muito jovem que se mostrara um predestinado e não havia quem não visse em Verstappen um futuro campeão do Mundo.

A equipa campeã do mundo de Fórmula 1, juntamente com o piloto que contribuiu decisivamente para a conquista
A equipa campeã do mundo de Fórmula 1, juntamente com o piloto que contribuiu decisivamente para a conquista

O primeiro título chegou envolto em polémica, não que não o tivesse merecido pela soberba época que fez em 2021 e pelos épicos duelos que travou com Lewis Hamilton (Mercedes), mas pela forma atabalhoada como a direção de prova definiu o final da última e decisiva corrida. Mas já campeão do Mundo, liberto da pressão da conquista de um título, Verstappen queria mostrar como podia dominar a Fórmula 1.

A única questão era se teria carro que lhe permitisse fazê-lo, num ano em que as regras iam mudar radicalmente e os monolugares seriam desenhados praticamente a partir de uma folha em branco. A equipa que acertasse no conceito mais eficaz ganharia vantagem face a todas as outras!

E esse foi logo o primeiro aspeto fascinante da temporada de 2022, ver como num mundo tão científico e intransigente como o da Fórmula 1, em que os carros são calculados por potentes computadores e "esculpidos" por rigorosos túneis de vento, as dez equipas apresentaram conceitos tão distintos entre si. Em especial a dominadora Mercedes que apresentava um carro totalmente diferente de todos os outros, numa aposta arriscada e que se viria a revelar… falhada!

Já Red Bull e Ferrari tinham acertado em cheio, com monolugares muito competitivos e pareciam em posição de discutir entre si os títulos deste ano, em especial com Charles Leclerc a tentar atrapalhar as intenções de Max Verstappen.

Num Mundial de F1 em que a supremacia da Red Bull foi evidente, a Ferrari chegou a prometer oposição à altura... na qualificação
Num Mundial de F1 em que a supremacia da Red Bull foi evidente, a Ferrari chegou a prometer oposição à altura... na qualificação

De início ainda conseguiu e o piloto da Ferrari chegou mesmo a ter 46 pontos de avanço sobre o da Red Bull, a braços com um carro que começou com alguns problemas e com um comportamento que não estava bem ao seu gosto. A equipa das bebidas energéticas, contudo, concentrou-se na evolução do RB18, subiu a parada e deu ao jovem neerlandês uma máquina que acabou por se tornar imbatível em corrida.

Nas qualificações, os Ferrari até se mostravam muitas vezes os mais rápidos, naquele exercício de fazerem uma volta só no menor tempo possível, colecionando "pole positions". O problema é que não é na qualificação que se somam pontos para o Mundial e, nas corridas, Verstappen e a Red Bull conseguiam "dar a volta ao texto" e juntar vitórias que não só viraram o campeonato a seu favor, como o decidiram muito cedo: o de Pilotos a quatro provas do fim; o de Construtores a três.

Razões para isso houve várias e não faltou quem desse o seu palpite: falta de organização da equipa italiana, más decisões estratégicas, algumas falhas dos pilotos mas, acima de tudo, um F1 75 que tinha a qualidade para qualificação de aquecer rapidamente os pneus, mas que depois tinha a desvantagem de provocar um desgaste prematuro nas muitas voltas das corridas. E esse era o trunfo da Red Bull que apostara num RB18 muito equilibrado que permitia que Verstappen andasse mais depressa nas corridas sem ter problemas de pneus, o que representava ainda uma vantagem estratégica.

Por isso o jogo virou tão rapidamente para o lado do jovem dos Países Baixos e da Red Bull, assim que a equipa conseguiu colocar o RB18 ao seu gosto.

Mercedes e Ferrari tiveram desempnhos distintos neste Mundial de 2022
Mercedes e Ferrari tiveram desempnhos distintos neste Mundial de 2022

Quem tinha vaticinado um duelo Verstappen-Leclerc pelo título, à imagem da luta de 2021, ficou certamente desiludido. Mas a Ferrari está ainda num processo de crescimento e, com o que aprendeu nesta época, espera-se que regresse em 2023 mais forte e, então sim, capaz de se assumir como verdadeira candidata ao título.

Já a Mercedes, consciente de ter falhado por completo o projeto do W13, está já a trabalhar num W14 para 2023 radicalmente diferente, apostando num conceito bem mais semelhante aos dos monolugares dos seus rivais. Ou seja, um monolugar com uns flancos bem bojudos e pronunciados, em vez da filosofia apelidada de "flanco zero" que confiava apenas no fundo do carro para conseguir o efeito de solo que o "colaria" ao asfalto, mas que não resultou. E de uma escuderia que foi oito anos campeã do Mundo não se espera menos que a "correção do tiro" e um palpite certeiro para o próximo Mundial que poderá ser disputado por três equipas!

Atrás das três grandes equipas da F1, assistiu-se a uma grande evolução da Alpine que subiu de tal forma a parada que ficou a lutar diretamente com a McLaren pelo quarto lugar do Mundial. E a estas poderá juntar-se, em 2023, a Aston Martin a fazer uma fase final de campeonato muito boa e a mostrar que está em plena ascensão.

A luta do pelotão do meio foi, durante toda a temporada de Fórmula 1, uma das mais excitantes dos últimos anos e, em cada prova, era quase impossível fazer uma aposta segura, tal a variabilidade das forças em presença. O que tornou as corridas ainda mais interessantes, porque a emoção da F1 não se resumo apenas aos lugares da frente.

Na luta pelo melhor de entre os outros, a Aston Martin e, principalmente, a Alpine, ganharam protagonismo

Com esta época já com tudo praticamente definido e um balanço muito positivo em termos não só de emotividade em pista, mas também das imensas multidões que acorreram aos circuitos e do exponencial aumento das audiências – a Fórmula 1 é, atualmente, o espetáculo desportivo mais visto no Mundo! – já se fazem contas ao que nos espera em 2023.

O regulamento técnico sofrerá pequenos ajustes, nomeadamente com a altura dos carros ao solo a aumentar ligeiramente, o que é sempre complicado para estes monolugares de efeito de solo. Poderá isso alterar a ordem das forças em presença no próximo ano? Aceitam-se apostas!!