As vendas de veículos elétricos caíram 55% na Alemanha no mês de janeiro, na sequência do corte de incentivos à aquisição por parte do Governo de Berlim. Setor automóvel germânico está em alvoroço.
À semelhança de muitos países, o Governo alemão concedia incentivos fiscais aos seus cidadãos para aquisição de veículos elétricos. Contudo, em dezembro do ano passado, o Executivo de Berlim decidiu acabar abruptamente com o programa de incentivos e as consequências não se fizeram esperar.
Em comparação com dezembro de 2023, as vendas de veículos elétricos novos caíram 54,9% em janeiro, enquanto as dos veículos híbridos plug-in desceram 19,6%. Por outro lado, as vendas de veículos de combustão aumentaram mais de 9%: 9,1% nos veículos a gasolina e 9,5% nos diesel.
Apesar do fim súbito aos incentivos fiscais ter contribuído indiscutivelmente para a queda a pique nas vendas de elétricos, esse não terá sido o único motivo que explica este fenómeno.
2024 será ano difícil
A diminuição nas vendas começou em dezembro, o que leva especialistas como Constantin Gail, sócio-parceiro da EY para os mercados da Europa Ocidental, a sugerir que existiram outros factores a contribuírem para esta descida.
"A economia fraca, os elevados custos de financiamento e as tensões geopolíticas estão a originar uma relutância na aquisição por parte de clientes particulares e empresariais", afirmou em declarações ao Wall Street Journal.
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Apesar de admitir que a falta de incentivos seja um constrangimento para as marcas sublinhou que "no fundo, 2024 deverá ser um ano difícil para a indústria automóvel".
A consequência direta está a traduzir-se numa guerra de preços na Alemanha, onde marcas como a Volkswagen, Tesla e BYD anunciaram reduções de preços nos veículos elétricos.
Com uma perspetiva de uma economia alemã ainda anémica, os analistas antecipam que as reduções de preços irão continuar em 2024, o que poderá deixar em dificuldades os fabricantes mais pequenos de veículos elétricos que não podem acompanhar essas descidas.
Produção aumenta, mas vendas descem na Alemanha
A Associação Automóvel da Alemanha (VDA) prevê um crescimento de 2% na venda mundial de ligeiros de passageiros em 2024, que deverá atingir 77,4 milhões de unidades, valor que se aproxima do nível anterior à pandemia de 78,8 milhões.
Contudo, a VDA antecipa uma diminuição de 1% no mercado alemão em 2024, com as vendas a diminuírem para 2,82 milhões de unidades, menos 25% do que os níveis pré-pandemia. Os veículos elétricos, em particular, deverão registar uma quebra nas vendas de 9% em 2024, apesar de um aumento de 19% na produção.
Como a Alemanha continua a ser um dos maiores exportadores mundiais de automóveis, os fabricantes terão a possibilidade de canalizar o excesso de produção para outros mercados.
O exemplo alemão poderá servir de aviso para os Governos de outros países que ponderam acabar com os apoios à aquisição de veículos elétricos e mesmo assim as vendas destes tipos de veículos continuar a aumentar. Olhe que não, senhor ministro!