Vendas de comerciais crescem em 2024 e de pesados baixam

O mercado de comerciais ligeiros registou um crescimento de 13,3% em Portugal no ano passado, mas nos pesados de mercadorias e passageiros a tendência foi a oposta com uma quebra de 7,6% e 13,6%, respetivamente. Peugeot, Volvo Trucks e Iveco foram líderes nos respetivos segmentos.

O mercado de veículos comerciais teve comportamentos opostos em 2024, segundo os dados revelados pela ACAP - Associação Automóvel de Portugal.

Enquanto no segmento dos ligeiros de mercadorias se assistiu a um crescimento de 13,3%, com 32 304 unidades matriculadas entre janeiro e dezembro do ano passado, nos pesados de mercadorias verificou-se uma quebra de 7,6%, tendo sido vendidas 6400 unidades contra 6923 em 2023.

Mais pronunciada foi a quebra registada nos pesados de passageiros, com uma diminuição nas vendas de 13,6%, de 984 unidades em 2023 para 850 unidades em 2024, o que também se explica pelo menor número de concursos públicos.

Nos comerciais ligeiros, o ano de 2024 voltou a ser de liderança para a Stellantis Pro One, com uma taxa de penetração do mercado de 45%, correspondente a 14 543 veículos das marcas Peugeot, Citroën, Fiat Professional e Opel.

Peugeot impõe-se à concorrência

A Peugeot foi a marca mais vendida em Portugal no ano de 2024 ao comercializar 5718 comerciais ligeiros, assegurando uma taxa de penetração de 17,7%. Relativamente a 2023, o crescimento foi de 11,7%.

O Partner foi o modelo com maior número de matrículas, com 4292 unidades. Nos comerciais ligeiros elétricos, a marca do leão entregou 419 veículos dos modelos E-Partner, E-Expert e E-Boxer, o que corresponde a uma quota de 18%.

A segunda marca mais vendida nos comerciais foi a Renault, com 4356 unidades entregues, um crescimento de 13,5% face ao ano anterior. Igualmente bem posicionada surge a Toyota, com 3556 unidades matriculadas em 2024, tendo registado um crescimento de 37,1%. Com o recente lançamento da gama Proace Max, a marca tem todas as condições para melhorar ainda mais o seu resultado em 2025.

Nos dois lugares imediatos aparecem duas insígnias da Stellantis, a Citroën e a Opel, com 3309 e 3123 unidades entregues, respetivamente. Ainda entre os dez primeiros surgem a Ford (2417 unidades), a Fiat (2389), a Volkswagen Veículos Comerciais (1807), a Iveco (1414) e a Mercedes-Benz (1217).

Referência ainda para as novas marcas chinesas que já começam a marcar posição no mercado nacional como a Maxus, com 209 unidades matriculadas, a BYD, com 66, a DFSK, com 12, ou a estreante Foton, com 12. Não obstante, todas juntas ainda só representam 0,92% dos comerciais matriculados em Portugal, mas isso poderá mudar no futuro.

Quebra nos pesados

Mais preocupante foi a evolução negativa nos pesados de mercadorias porque isso, regra geral, é um indicador de arrefecimento da economia. Se há menos carga para ser transportada não existe tanta necessidade de renovação de frota, adiando-se os investimentos. Além disso, as próprias entidades financeiras também estão a recusar muitas propostas de leasing, o que também denuncia uma menor saúde financeira das empresas.

No ano de 2024, as matrículas de pesados de mercadorias registaram uma quebra de 7,6%, de 6923 unidades em 2023 para 6400 unidades . Apenas uma marca conseguiu entregar mais de mil unidades, a Volvo Trucks, que chegou às 1282 unidades contra 1677 unidades no ano anterior, o que correspondeu a uma quebra de 23,6%.

A Mercedes-Benz e a Scania conseguiram manter os lugares no pódio, com 785 unidades e 779 unidades matriculadas, respetivamente, mas viram as vendas recuarem 31,7% e 17,0% face a 2023.

A Renault Trucks ultrapassou a MAN e a Iveco para ascender ao quatro lugar, tendo entregue 735 unidades e foi uma das poucas marcas a crescer no ano passado, com uma variação de 30,1%. A Iveco, que ficou a uma distância de apenas duas unidades para a Renault Trucks, também viu as vendas crescerem 17,3%. Para a MAN, o ano de 2024 também foi favorável, com uma variação positiva nas matrículas de 10,3% para as 10,3%.

A DAF Trucks, por seu lado, ainda continua a dar sinais de vida no mercado português, tendo registado um aumento nas entregas de 28,4%, de 468 unidades em 2023 para 601 unidades em 2024.

Já para a Ford Trucks, Fuso e Isuzu, o ano de 2024 foi menos simpático, já que estas três marcas viram as vendas descerem em 16,5% (390 unidades), 10,4% (180 unidades) e 11,1% (169 unidades). A chinesa Maxus, por seu lado, matriculou 35 camiões elétricos em 2024 contra três em 2023. A nova marca turca BMC também conseguiu fazer a primeira matrícula no nosso país. O mesmo não sucedeu com a JAC Motors, que não obstante as elevadas expectativas ainda não conseguiu entregar nenhuma unidade no mercado nacional.

Iveco foi líder nos autocarros

Nos autocarros, a Iveco e a Mercedes-Benz disputaram a liderança taco a taco, tendo os italianos levado a melhor por escassas duas unidades, com 219 matrículas contra 217 unidades. Para a marca italiana, o ano de 2024 será histórico, com um crescimento de 88,8%, mas os alemães também têm razões para sorrir, graças a uma variação positiva de 9,6%, num mercado que caiu 13,6%.

Passado o efeito STCP, a anterior líder Zhong Tong caiu da liderança para a quinta posição, com 43 unidades matriculadas em 2024 contra 209 unidades em 2023, o que se traduz numa quebra de 79,4%.

A MAN, por seu lado, subiu ao lugar mais baixo do pódio, com 91 unidades matriculadas em 2024 contra 98 em 2023, o que constituiu uma diminuição de 7,1%.

No quarto lugar surge a Irizar com 65 unidades entregues no nosso país em 2024, um crescimento de 80,6% face a 2023.