Embora dados como em queda acentuada em muitos mercados europeus - mas não em Portugal -, as propostas do segmento B, também conhecidos como utilitários, não deverão, contudo, desaparecer; deverão, sim, subir de preço. A convicção é do CEO do Grupo Renault, para quem este tipo de carros podem, até mesmo, ver o seu preço duplicar.
A consideração foi feita por Luca de Meo, atual CEO do Grupo Renault, em declarações à britânica Autocar, justificando esta possibilidade com o nível de complexidade crescente que se exige, também neste tipo de veículos. A começar, desde logo, pelas exigências governamentais relativamente às emissões.
Numa altura em que a futura norma Euro 7 surge já no horizonte e a prometer tornar-se lei já a partir do final de 2025, os utilitários, na sua grande maioria equipados com motores a gasolina, vão, assim, obrigar a investimentos cada vez maiores, da parte dos construtores. Tornando-se, ao mesmo tempo e devido ao preço mais acessível que os caracteriza, cada vez menos rentáveis.
Tudo isto faz o gestor italiano antever um futuro próximo pouco radioso para este tipo de propostas. Embora as coisas também possam mudar para melhor, reconhece o mesmo protagonista.
"A realidade é que há um investimento base que é sempre preciso fazer para contrariar as emissões de qualquer motor de combustão", recordou. Acrescentando que, "é sempre necessário um filtro de partículas contendo platina, ródio e outros materiais caros, quer se trate de um Clio de 15.000 Euros ou de um Mercedes Classe S de 120.000 Euros".
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"Naturalmente, o filtro do Classe S é um pouco maior, mas também é muito mais barato em termos percentuais e o cliente pode pagá-lo", conclui Luca de Meo, defendendo que, "por esse motivo, é que a vida está ficar muito difícil para as empresas que fabricam carros pequenos. "
Face a esta nova realidade, o CEO do Grupo Renault não tem dúvidas em afirmar que, com a entrada em vigor do Euro 7, os utilitários com motor de combustão podem, mesmo, ver o seu preço duplicar. Algo que, no entender deste mesmo responsável, só poderá ser combatido com a propulsão elétrica.
De resto a justificar esta sua ideia, Luca de Meo recorda que "o custo das baterias tem vindo a cair, ano após ano, sendo que, os carros elétricos mais pequenos, também precisam de baterias mais pequenas, o que os torna mais baratos do que os EVs de dimensões familiares".
"A nossa experiência diz-nos que, à medida que os preços dos carros pequenos a combustão aumentam, o EV equivalente cai. Pelo que, aproxima-se o momento em que as duas curvas de custos se irão cruzar, passando a ser também esse o momento em que o automóvel eléctrico se tornará mais viável na Europa", defendeu.