Combustão. União Europeia adia votação final devido a objecções da Alemanha

A União Europeia adiou a votação final que oficializará o fim da venda de carros novos a combustão no pós 2035, devido a objecções da Alemanha

A União Europeia decidiu, esta sexta-feira, adiar a votação definitiva que colocará um ponto final da comercialização de automóveis novos equipados com motores de combustão, a gasolina e gasóleo, depois da Alemanha ter, à última hora, levantado objecções quanto à forma com a medida afectará a indústria.

A notícia foi avançada pela Automotive News Europe, acrescentando que os responsáveis da União Europeia (UE) e da Alemanha estão, neste momento, em conversações quanto a um possível acordo que permita a continuação da venda de carros a combustão, desde que funcionando com recurso combustíveis sintéticos, para lá da data em que a Comissão Europeia pretendia banir este tipo de motores, ou seja, 2035.

Entretanto e depois de Berlim já ter dado sinais de que será possível um entendimento, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen tem agendado um encontro, este domingo, após uma reunião do Governo alemão, com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, no qual é quase certo que o assunto será debatido.

"É contraditório quando a Comissão Europeia começa por estabelecer metas altas em termos ambientais, mas, por outro lado, também torna difícil atingir esses objectivos com a implementação de regulamentação excessivamente ambiciosa", comentou já, em declarações reproduzidas pela mesma publicação, o ministro dos Transportes alemão, Volker Wissing. Defendendo, por isso, que terá de ser a mesma Comissão a encontrar, agora, uma solução viável.

Recorde-se que os ministro da UE deveriam votar, na próxima terça-feira, aquilo que era já visto como uma mera pré-forma, a proibição da comercialização de automóveis novos movidos a combustíveis fósseis, já a partir de 2023.

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No entanto, Daniel Holmberg, porta-voz do governo da Suécia, país que detém a presidência rotativa da União, veio já confirmar, através de uma publicação na rede social Twitter, o adiamento da votação, ao afirmar que os diplomatas voltarão ao tema "no seu devido tempo".

De resto e com esta oposição de última hora à instauração da medida, a Alemanha procura, enquanto principal motor da economia da UE e maior fabricante automóvel europeu, garantias, da parte dos 27, de que os chamados combustíveis sintéticos, ou e-fuels, nos quais algumas das principais marcas alemãs têm feito um importante investimento em termos de desenvolvimento, possam vir a ser comercializados, no pós-2035. O que também deverá permitir a comercialização de muitos dos motores a combustão.

Divisões chegam ao próprio governo alemão

Contudo, vale a pena dizer que, na mesma notícia, a Automotive News Europe também refere a existência de divergências, quanto a este tema dos e-fuels, dentro do próprio governo alemão, com o ministro dos Transportes e o seu partido, o FDP, a assumirem-se como os principais defensores desta solução.

O edifício do Bundestag, o Parlamento da Alemanha
O edifício do Bundestag, o Parlamento da Alemanha

Já o chanceler Olaf Scholz, assume-se, segundo algumas fontes, como um partidário da solução elétrica a bateria, encarando o e-fuel, pelo contrário, como uma hipótese pouco eficiente, já que o seu fabrico exige muita energia, ainda que verde.