A União Europeia acaba de concluir aquela que será a versão final de um plano que tornará o bloco europeu responsável por cerca de 20% da produção total de chips, a nível mundial. E que permitirá que os construtores automóveis europeus, entre outros sectores, deixem de depender dos fornecedores orientais.
Numa altura em que praticamente todos os blocos económicos no mundo estão a investir milhões para criar ou desenvolver, nos respectivos países, a indústria de semicondutores, foi o próprio Comissário Europeu para o Mercado Interno da União Europeia (UE), Thierry Breton, que, na rede social Twitter, afirmou que, "num contexto geopolítico de risco, a Europa está a tomar em mãos o seu próprio destino". Já que, "ao dominar o mercado dos semicondutores mais avançados, a UE tornar-se-á uma potência industrial nos mercados do futuro".
Com o plano que agora conhece a sua versão final, os 27 estados-membro assumem a ambição de chegar a 2030, a fabricar 20% de todos os semicondutores produzidos no mundo. Com particular destaque, para os chips com tecnologia de ponta.
Recorde-se que a UE já possui uma das tecnologias mais avançadas do mundo neste domínio, a ASML, com sede nos Países Baixos, a qual detém o monopólio do equipamento necessário para fabricar os chips mais avançados. No entanto e neste momento, a Europa produz apenas 10% dos chips de que necessita.
Entretanto, empresas como a Intel, a Infineon Techonologies, a Global Foundries ou a STMicroeletronics, anunciaram já novos projectos, como forma de responder ao repto da Comissão Europeia.
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Ainda assim e segundo refere a Automotive News Europe, vários são os políticos e especialistas que manifestam preocupação com a possibilidade dos 43 mil milhões de euros que o plano prevê como investimento, possam não ser suficientes para atingir a meta dos 20%. Desde logo, porque a indústria começa a ficar de pé atrás com investimentos muito altos, numa altura em que existem sectores que começam a procurar outras alternativas aos semicondutores, mas também devido ao preço mais alto da energia na UE.
Ainda assim, a principal negociadora , da parte do Parlamento Europeu, para este novo pacote de investimento, a búlgara Eva Maydell, recorda que "a Lei dos Chips não pode ser a única ajuda aos investimentos da parte das empresas". Defendendo que, "embora a lei nos ajude a chegar aos 20%, temos de garantir, igualmente, todas as outras condições que tornarão a UE um espaço de investimento atraente".
Empresas ganham apoios estatais
Sobre o plano propriamente dito, a mesma publicação avança que, a última questão agora resolvida, teve a ver com a origem dos fundos que permitirão o bolo total para investimento. Sendo que, com o acordo agora alcançado, os 27 vão poder igualmente subsidiar novos equipamentos de produção de chips e instalações de design, além de permitir que empresas como a ASML obtenham fundos estatais.
Contudo e ainda segundo as mesmas fontes, as empresas que vierem a receber esses fundos vão ser obrigadas a documentar as suas políticas de protecção à propriedade intelectual, além de ficarem obrigadas a dar prioridade às necessidades da Comissão Europeia, em situações de emergência.
A terminar, dizer, apenas, que o acordo agora fechado, tornar-se-á lei, assim que receber a aprovação, tanto do Parlamento Europeu, como dos 27 estados-membro da União Europeia, e ter a respectiva publicação no Jornal Oficial da UE.