Apesar do Green Deal. Países da UE ainda financiam fóssil

Numa altura em que a Europa assiste ao esfriar da procura por elétricos, o grupo ambientalista Transport & Environment (T&E) acusa os cinco maiores países da União Europeia de gastarem 42 mil milhões de euros por ano, a subsidiarem frotas automóveis de empresas impulsionadas por combustíveis fósseis.

A notícia é avançada pelo site Automotive News Europe, acrescentando que o grupo ambientalista acusa, ainda, os condutores destes veículos de receberem um benefício fiscal médio anual entre os 6 800€ e os 21 600€, este último, destinado aos veículos maiores e mais poluentes.

“É completamente ilógico e inaceitável que continuemos a investir milhares de milhões de euros dos contribuintes numa tecnologia que é completamente contra a agenda de transição verde da Comissão Europeia”, comentou, em declarações à agência noticiosa Reuters, o director para as Frotas na T&E, Stef Cornelis.

Apelando aos estados para que, ao invés de apoiarem as frotas de veículos a combustão, direccionarem esse dinheiro para os elétricos, o grupo Transport & Environment recorda, ainda, a importância de, neste domínio, olhar também para as empresas, uma vez que são elas que são responsáveis por 60% dos carros novos comprados na Europa.

De resto e a pensar, precisamente, nestes apoios fiscais e subsídios, as empresas optam por premiar os funcionários com carros de serviços, conseguindo, também dessa forma, ganhos significativos, não só em termos de impostos, mas também no combustível.

Ainda segundo este estudo, cerca de 15 mil milhões de euros dos estados são utilizados para subsidiar a aquisição de modelos SUV.

Itália lidera apoios à combustão

Entretanto, um estudo da consultora Environmental Resources Management (ERM), divulgado esta segunda-feira, dia 21 de outubro, a que a Auto News também teve acesso, aponta a Itália como o país dos 27 que mais apoia a compra de automóveis  impulsionados por combustíveis fósseis. Despendendo, anualmente, cerca de 16 mil milhões de euros em subsídios para a aquisição deste tipo de veículos.

Já a Alemanha, considerada o principal motor económico na União Europeia, atribui, todos os anos, apoios na ordem dos 13,7 mil milhões de euros.

Igualmente entre os financiadores da combustão está o outro motor económico da UE, a França, a qual entrega cerca de 6,6 mil milhões em subsídios, todos os anos, para a compra de veículos a gasolina e gasóleo. Valor que, acrescente-se, suplanta por pouco os apoios concedidos pela Polónia, que chegam aos 6,1 mil milhões de euros.

De resto e segundo o estudo da ERM, só mesmo no Reino Unido, país que já não faz parte da UE, é que prevê incentivos para que os funcionários que possuem carro de empresa e que queiram fazer a transição do veículo a combustão, para um elétrico.

Mercado dos elétricos marca passo

Entretanto, as vendas de veículos elétricos, na Europa, continuam a cair, com, por exemplo, o mês de agosto, a registar uma descida de 44% na comercialização deste tipo de soluções. Número para o qual, diga-se, muito contribuíram as quedas de 69% e de 33% nos mercados da Alemanha e da França.

Na Comissão Europeia, a presidente do Executivo Ursula von der Leyen informou, por carta datada de 17 de setembro de 2024, o novo responsável pela Política Climática da UE, Wopke Hoekstra, que uma das suas prioridades deverá ser a apresentação de uma proposta para eliminar gradualmente os subsídios aos combustíveis fósseis, recorda a Automotive News.