A venda de camiões novos de combustão na União Europeia não será proibida antes de 2040, de acordo com uma proposta de trabalho que está a ser discutida pela Comissão Europeia e que deverá ser tornada pública em breve.
Os camiões novos com motor de combustão poderão continuar a ser matriculados na União Europeia depois de 2035. Uma eventual proibição, à semelhança dos ligeiros, só deverá acontecer a partir de 2040, de acordo com um documento interno da Comissão Europeia acerca da revisão dos limites de emissões de dióxido de carbono para veículos pesados.
O documento foi divulgado pelo Euroactiv, rede independente de media especializada em assuntos da União Europeia, fundada em 1999. As propostas da Comissão Europeia deverão ser tornadas públicas a 14 de fevereiro.
De acordo com aquele documento, os objetivos de redução de emissões de dióxido de carbono não deverão conhecer alterações até 2029 e após essa data ainda não foram estabelecidos limites concretos.
A proposta define três períodos com objetivos de redução de emissões para 2030 a 2034, 2035 a 2039 e a partir de 2040. O documento adianta que a meta de redução de emissões de 100%, que representa a proibição dos camiões novos a gasóleo, nunca entrará em vigor antes de 2040.
Será de referir que os países do Benelux e a Dinamarca já pediram à União Europeia que fosse essa a data para o fim dos camiões e autocarros com motor de combustão.
Reações opostas
Fedor Unterlohner, responsável pela área de transporte de mercadorias da organização ambiental Transport & Environment (T&E) não perdeu tempo a criticar esta situação ao Euroactiv. "Como os camiões têm uma idade média de 18 anos na Europa, 2040 será demasiado tarde para o clima". A T&E pretende que a medida também entre em vigor para os pesados em 2035.
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As reações da indústria recolhidas pelo Euroactiv não coincidem com as da T&E. "Encurtar o prazo até 2035 simplesmente não é realista devido à maturidade das tecnologias no mercado e aos tempos necessários de transição", afirmou um porta-voz da VDA (Associação da Indústria Automóvel da Alemanha). "O facto da proposta atual de normas de dióxido de carbono não contemplar os para veículos pesados é positivo". A associação tem vindo a reivindicar uma expansão mais rápida da infraestrutura para camiões elétricos a bateria e veículos comerciais pesados com tecnologia da pilha de combustível.
Infraestrutura para combustíveis alternativos
A instalação de uma rede de abastecimento para camiões a hidrogénio e parques de carregamento está a ser negociada pelas instituições da União Europeia ao abrigo da regulação de infraestrutura de combustíveis alternativos. O Parlamento Europeu adotou a sua posição em outubro de 2022, mas alguns estados-membro ainda se opõem a estes limites devido aos custos que daí advêm.
Segundo o Euroactiv, a próxima ronda de negociações entre o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia e a presidência sueca do Conselho Europeu está agendada para 7 de fevereiro.
Além dos limites para camiões, a proposta da Comissão Europeia também se aplica aos limites de emissões de frota de outras classes de veículos. Por exemplo, foi estabelecida uma meta específica para autocarros urbanos, a qual exige que os fabricantes vendam uma percentagem mínima de veículos zero. Contudo, esta percentagem ainda foi determinada.