UE escolhe Índia como novo mercado para os carros europeus

Com as relações com os EUA e atravessarem fase difícil, a Presidente da Comissão Europeia realiza, esta quinta-feira, visita oficial à Índia, com o objectivo de aumentar o peso do mercado indiano nas exportações automóveis europeias. Também como forma de ultrapassar as tarifas dos EUA… e a dependência da China.

A notícia é avançada pelo site Automotive News Europe, citando uma fonte altamente colocada no seio da Comissão Europeia, segundo a qual a União Europeia (UE) vai tentar convencer a Índia  a reduzir as suas tarifas para automóveis vindos da Europa, oferecendo, em contrapartida, uma maior flexibilidade nas questões agrícolas.

Segundo a mesma fonte, “o mercado indiano é relativamente fechado, especialmente para produtos-chave de interesse comercial para a União Europeia e indústrias dos nossos estados-membros, como é o caso dos automóveis, vinhos e bebidas destinadas”. Sendo que, com a visita oficial de Ursula von der Leyen, que se inicia esta quinta-feira, dia 27 de fevereiro, a Comissão Europeia espera conseguir aliviar estas restrições.

Vale a pena recordar que esta visita acontece numa altura em que as relações comerciais entre a UE e os EUA atravessam uma fase particularmente difícil, resultado das ameaças do novo Presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas recíprocas aos produtos europeus, já a partir do início de Abril. Com a Comissão Europeia a prometer responder na mesma moeda.

Aliás, as ameaças fiscais de Trump visaram, igualmente, a Índia, causando, segundo a Automotive News, ansiedade, também entre os principais exportadores indianos, que têm no mercado norte-americano o destino preferencial para os seus produtos.

Resultado desta nova realidade, as propostas que vierem a ser apresentadas por von der Leyen e restante comitiva ao governo indiano de Narendra Modi, poderão vir a ter maior receptividade do que à partida seria de prever. Isto, numa altura em que a UE é já o maior parceiro comercial da Índia em termos de bens, com um comércio próximo dos 126 mil milhões de dólares, em 2024. Um aumento de 90 por cento, face à última década.

Com esta ofensiva, a UE espera, igualmente, conseguir reduzir a sua dependência de produtos-chave oriundos da China, ao mesmo tempo que procura tornar a Índia um aliado vital nos novos desafios em termos de segurança, seja no Indo-Pacífico, no Mar dos Sul da China ou na Ucrânia.

O acordo deverá visar, ainda, a ciber-segurança, nomeadamente, através da partilha de informações classificadas, importantes no enfrentar de ameaças comuns como ataques cibernéticos e terrorismo.

A procurar abrir caminho para a solução de todas estas questões, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reúne-se, esta sexta-feira, dia 28 de fevereiro, com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, seguindo-se um encontro com o ministro do Comércio, Piyush Goyal.

Prevista está já, também, uma segunda ronda de negociações comerciais, para os dias 10 e 14 de março, em Bruxelas.