Depois da ameaça de um possível agudizar das tarifas aplicadas aos veículos elétricos chineses, por parte da União Europeia (UE), eis que a China resolve ripostar, garantindo estar pronta para impor tarifas alfandegárias até 25% a todos os carros importados com motores de maior cilindrada. Um aviso a fabricantes como a Toyota, Mercedes-Benz e BMW…
A notícia é avançada pela Automotive News Europe, com base em informações divulgadas pela Câmara do Comércio da China para a Europa, que refere, igualmente, um comunicado publicado na rede social 'X'. Garantindo que a alteração nas taxas a aplicar aos carros importados, com destino ao mercado chinês, não só afetariam os fabricantes automóveis europeus e norte-americanos, mas também teriam um reflexo "significativo" nas relações com a União Europeia (UE).
Recorde-se que esta medida é o último passo numa escalada de ameaças, da parte da China, como resposta à investigação já lançada pela UE quanto aos subsídios e apoios de que os construtores automóveis chineses beneficiam, da parte do seu governo, nas suas exportações para o espaço europeu.
O resultado dessa investigação, que deverá ser conhecido em breve, levantou já a possibilidade de aplicação de taxas mais elevadas aos veículos chineses que entram na UE, algo que a Comissão Europeia poderá anunciar já em junho, passando à aplicação das novas medidas no mês seguinte, refere o Eurasia Group.
LEIA TAMBÉM
Crise à vista! Fluxo de carros importados chineses está a saturar portos europeus
Ao mesmo tempo, também os EUA deram, entretanto, a conhecer, um conjunto abrangente de acusações relativamente às exportações chinesas para o país, fazendo despontar, em Pequim, os receios de que, também os Estados Unidos, possam vir a trilhar o caminho já iniciado pela UE.
UE não deverá recuar
Contudo e apesar da mais recente ameaça, da parte do Governo chinês, os mesmos analistas do Eurasia Group ouvidos pela Automotive News asseguram que "as investigações e advertências de retaliação, provenientes da China, não estão a conseguir o propósito de dissuadir a UE", até porque "Bruxelas está ansiosa por enviar um sinal forte a Pequim" de que, desta forma, conseguirá "neutralizar os subsídios chineses e o seu excesso de capacidade".
Quanto à medida agora anunciada pela China, um especialista-chefe do Centro de Tecnologia e Pesquisa Automóvel chinês, Liu Bin, deu uma entrevista ao jornal 'Global Times', propriedade do Partido Comunista, em que pedia um aumento temporário da tarifa aplicada aos automóveis importado com motores de cilindrada acima dos 2,5 litros.
Estes veículos que, só no ano passado representaram qualquer coisa como 250 mil unidades importadas, poderão, segundo a mesma fonte, ver aumentada a tarifa, sem quaisquer prejuízos no que às regras da Organização Mundial do Comércio diz respeito, dos atuais 15%, para até 25%.
Caso isso aconteça, os fabricantes automóveis mais afectados deverão ser a Toyota, a Mercedes-Benz e a BMW, afirma o director da consultora automóvel e de mobilidade Intralink, Daniel Kollar, também ouvido pela Automotive News, que também recorda que, marcas como a Lexus, só seriam abrangidas por este aumento, caso a China decidisse aplicar a medida a importações provenientes de outros países ou blocos comerciais, que não a UE ou os EUA.
"Certos países e regiões tomaram medidas restritivas no sector dos veículos movidos a novas energias, que vão contra o conceito de desenvolvimento verde", afirma, na mesma entrevista ao Global Times, Liu Bin, assegurando que, "essas medidas só prejudicaram os interesses dos seus próprios consumidores".