A Casa Branca veio dizer nos últimos dias que alguns automóveis e componentes importados são uma ameaça à segurança nacional... Aparentemente, Donald Trump encontrou uma desculpa ideal para fazer tudo o que lhe apetece. Basta erguer a bandeira da segurança nacional, tão cara a um povo conhecido pela "paranóia" da proteção como os Estados Unidos. E se nos últimos dias tem ganho fama o caso da Huawei, considerada um perigo à segurança nacional e por isso "boicotada" pela americana Google seguindo as diretivas presidenciais, um documento publicado pela Casa Branca revela que esta estratégia pode ser também adotada para impedir (ou pelo menos dificultar) a entrada de automóveis estrangeiros no país. Foi há quatro dias que a Casa Branca espantou os fabricantes estrangeiros, ao declarar que alguns automóveis e componentes importados representavam uma ameaça à segurança nacional. Esta declaração surgiu no momento em que o presidente americano decidiu adiar por seis meses a decisão sobre novas taxas aduaneiras para veículos produzidos no estrangeiro. Ou seja, Trump "dá uma no cravo e outra na ferradura", adiando novos impostos sobre carros importados mas deixando a ameaça para o futuro, ao considerar que eles são uma ameaça à segurança nacional. A ideia do magnata que controla a Casa Branca é simples de perceber. Sabendo do peso que têm no mercado americano as marcas asiáticas (e cada vez mais as europeias, como a Mercedes e BMW), o objetivo passa por dificultar a sua entrada no país, esquecendo-se que em muitos casos isso nem é a questão. Afinal, os japoneses fabricam por ano 4 milhões de automóveis nos Estados Unidos, 75% dos que vendem neste território. A estratégia passa por aumentar a competitividade dos fabricantes locais. Que, diga-se, têm vindo a perder peso a nível mundial nos mercados mais desenvolvidos, bastando ver que apenas a Jeep e a Ford têm presença digna de registo no mercado europeu. A GM, por exemplo, até saiu do nosso continente, primeiro com a retirada da Chevrolet em 2013 e depois com a venda da Opel em 2017. E mesmo no mercado automóvel dos Estados Unidos os estrangeiros têm ganho peso.