Toyota Corolla Cross Hybrid. As várias faces de um ícone

Modelo incontornável na história da Toyota, o Corolla ganhou nova variante Cross Hybrid. Capaz de cumprir o que se espera de um ícone?

Modelo incontornável na história da Toyota, o eterno Corolla viu crescer a sua oferta, com a introdução de uma nova variante, denominada Cross Hybrid. E que, embora aproximando o modelo daquele que é o segmento da moda, não deixa de colocar a questão: será que cumpre tudo o que dele se espera?...

Modelo cuja estreia remonta ao já distante ano de 1966, o Corolla é, hoje em dia e passados que estão quase 60 anos de comercialização ininterrupta, com um total de 12 gerações concretizadas, um nome cuja notoriedade quase ultrapassa a da própria marca a que pertence.

Com mais de 50 milhões de unidades produzidas e já consagrado como o modelo automóvel mais vendido de sempre, o Corolla tornou-se presença pouco menos do que obrigatória na oferta do maior fabricante mundial, exigido por clientes indefectíveis para quem, o mero nome do modelo, é garantia de fiabilidade, durabilidade, qualidade... enfim, Toyota.

No entanto e porque até mesmo um ícone dificilmente pode viver imune às tendências do mercado, eis que a marca nipónica decide alinhar o Corolla com as mais recentes tendências do mercado, acrescentando-lhe uma variante de aspecto mais crossover, a que deu nome, precisamente, de Cross. E que, começando pela estética, procura satisfazer os, na verdade, raramente concretizados objectivos de aventura fora de estada.

Mais Cross, que Corolla...

De resto e após um primeiro olhar a esta nova variante, quase nos apetece dizer que a marca nipónica estudou bem demais a lição! Nomeadamente, ao fazer deste Corolla Cross, muito mais um Cross, que propriamente um Corolla.

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As diferenças face às linhas afirmadas pela berlina fazem-se, de resto, notar, não apenas em pormenores estilísticos como a grelha frontal, pára-choques, ópticas e farolins, ou até mesmo os retrovisores exteriores, como nas próprias dimensões exteriores, como é o caso dos 4,5 m de comprimento, 1,8 m de largura e 1,6 m de altura. E que acabam aproximando-o bem mais, por exemplo, do RAV4, do que do modelo com o qual partilha a plataforma GA-C.

Ao mesmo tempo e graças, também, a uma distância entre eixos que chega aos 2,6 metros, o crescimento exterior acaba resultando, igualmente, numa habitabilidade competente para transportar até cinco adultos, ainda que com o lugar do meio mais prejudicado pelo "banco" mais saliente, do que propriamente pelo necessário túnel de transmissão. Sendo que, a ajudar a uma utilização mais familiar, surge não apenas o fácil acesso ao habitáculo, como também um espaço de carga com 428 litros e que ainda pode ser aumentado mediante o rebatimento 40:60 das costas dos bancos traseiros, além de um alçapão por baixo do piso falso, onde, surpresas das surpresas, até existe um pneu sobressalente de emergência!

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 Já nos lugares da frente, a percepção, desde logo, de uma construção e materiais a prometerem solidez e resistência ao passar dos anos, assim como de uma posição de condução apenas um pouco mais alta do que o normal e confortável, embora sem garantir uma boa visibilidade traseira. Algo que, no entanto, facilmente se ultrapassa com recurso à câmara traseira e às imagens que projecta no novo ecrã central táctil a cores de 10,5", destacado do tablier (até demasiado, apetece dizer...), e a que se junta ainda o generoso painel de instrumentos 100% digital de 12,3 polegadas, colocado por detrás de um volante que, à excepção do sistema de ar condicionado (e bem!...), é o único local onde ainda é possível encontrarmos botões físicos.

Muito bem equipado

De resto e ainda sobre tecnologias, importa elogiar, nesta versão topo de gama Luxury, a extensa oferta de equipamento, nomeadamente, com a presença de soluções como as jantes em liga leve de 18", o ar condicionado automático de duas zonas ou dos sensores de estacionamento atrás e à frente, mas, também e principalmente, do pacote de sistemas de apoio à condução a que a Toyota dá o nome de T-Mate. E do qual fazem parte, entre outros, o sistema de alerta e travagem de emergência em caso de risco de colisão, o Cruise Control adaptativo, o alerta de ângulo morto, o sistema de alerta de aproximação de veículos na traseira e até o aviso de ocupação dos bancos traseiros, para que não se esqueça de ninguém.

Igualmente presente, também enquanto parte do Toyota Safety Sense, o limitador de velocidade com reconhecimento de sinais de trânsito, o aviso de saída da faixa de rodagem com assistência na direcção e o sistema inteligente de ajuda ao estacionamento, embora apenas para carros com transmissão automática.

Híbrido competente e frugal

Já como propulsor e embora o modelo conte, hoje em dia, com uma motorização híbrida mais pequena (1,8 litros), a presença da variante maior do mesmo e já bem conhecido sistema híbrido, naquela que é a quinta e última geração. E que, partindo de um quatro cilindros 2,0 litros com 152 cv, acrescido de um motor elétrico a proporcionar mais 111 cv, consegue anunciar uma potência combinada de 197 cv, mais 190 Nm de binário entre as 4.400 e 5.200 rpm.

Rotação que, diga-se desde já, apesar da promessa de uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 7,6s ou até mesmo de uma velocidade máxima que toca nos 180 km, não será a favorita, tanto do condutor, como dos passageiros, devido à já tradicional, mas ainda assim irritante, tentação do sistema para, ajudado por uma caixa de variação contínua, transmitir uma sonoridade de esforço, quando nas rotações mais altas. E, isso, sem que tenha a esperada correspondência em termos de fogosidade.

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Contudo e em defesa do sistema híbrido da Toyota, vale a pena também dizer que, mesmo não estando resolvida, a situação está hoje mais atenuada, desde logo, porque o propulsor continua a preferir utilizações mais descontraídas, desfrutando de um comportamento muito estável, seguro e fiável, em que a sonoridade do motor de combustão raramente se ouve. O que, diga-se, também acaba ajudando ao conforto a bordo, favorecido, no caso do condutor, não somente por uma direcção filtrada mas convincente no uso diário, como também por um sistema de travagem de razoável feedback no pedal.

No entanto, verdadeiramente surpreendentes, foram os consumos conseguidos ao longo de um fim-de-semana inteiro que andámos com este Corolla Cross Hybrid e em que, ainda por cima, não faltaram quilómetros no ambiente que menos agrada (também) ao um híbrido: a auto-estrada. Mas que, ainda assim e apesar das poucas oportunidade que proporciona em termos de regeneração, não impediu que tenhamos terminado com uma óptima média de 5,3 l/100 km!

Resumindo...

Contido nos consumos, mas também com uma estética alinhada com as mais recentes tendências do mercado (talvez não tão audaz quanto o hatchback, é certo, mas...), acrescida de boas qualidades familiares e muito equipamento, até mesmo os 45.630 euros em que começa este Toyota Corolla Cross 2.0 HEV, acabam tornando-se aceitáveis.

O que, diga-se, também ajuda a confirmar as expectativas inicialmente criadas e que resultam, desde logo, da boa estirpe...

Toyota Corolla Cross 2.0 Hybrid Luxury

Preço 45 630 euros

Motor Gasolina, 4 cil., 1987cc. + motor elétrico
Potência combinada 146 kW (197 cv)/6000 rpm
Binário 206 Nm/4400-5200 rpm
Transmissão CVT
Tração Dianteira
Peso 1575-1580 kg
Comp./Larg./Alt. 4,5/1,8/1,6 m
Dist. entre eixos 2,6 m
Mala 428 l
Desempenho 7,6 s 0-100 km/h; 180 km/h Vel. Max.
Consumo 5,3 l [5,1*]/100 km
Autonomia 525 km
Emissões CO2 Combinado (WLTP) 116 g/km

* Medições TURBO

GOSTÁMOS

– Consumos
– Habitabilidade
– Conforto

NÃO GOSTÁMOS

– Visibilidade traseira
– Funcionamento do sistema híbrido em altas