O primeiro elétrico da Toyota, o bZ4X, demorou, mas finalmente chegou. Trata-se de um SUV médio de dimensões semelhantes ao RAV4 e que oferece uma autonomia superior a 450 km. A experiência acumulada nos híbridos permitiu à Toyota recuperar o atraso relativamente à concorrência e responder com uma eficiência energética surpreendente. Afinal, quem sabe, sabe!
Apesar ter sido uma das pioneiras no desenvolvimento de motorizações híbridas (HEV), híbridas plug-in (PHEV) e fuel-cell (FCEV), a Toyota foi uma das últimas marcas a lançar no mercado um automóvel elétrico a bateria (BEV).
Os responsáveis do construtor nipónico nunca foram propriamente grandes entusiastas desta solução e o antigo CEO Akio Toyoda expressou por várias vezes as suas dúvidas, afirmando que os veículos elétricos a bateria não são a única opção, sendo necessário fazer uma aposta diversificada, que deverá passar pelos híbridos, híbridos plug-in, hidrogénio e elétricos a bateria. Opinião semelhante tem o novo CEO da Toyota, Koji Sato.
Todavia, o rápido crescimento das vendas dos BEV em todo o mundo obrigou a Toyota a rever a sua estratégia, assim como os seus investimentos nesta área para acelerar a sua ofensiva de produto. À semelhança de outros fabricantes também criou uma submarca para os veículos elétricos, denominada Beyond Zero, e o primeiro modelo é o bZ4X.
Aquela designação pode parecer um enigma, mas pode ser decomposta da seguinte forma: a abreviatura bZ significa o nome da submarca de elétricos; o quatro identifica a dimensão do veículo, sendo que neste caso se trata do segmento médio; o X representa a carroçaria crossover e não a tração integral porque este modelo até tem tração dianteira.
Cabeça de martelo
Feita a introdução, passagem ao design. O bZ4X estreia a mais recente linguagem de estilo inspirada no conceito "cabeça de martelo", que visa gerar uma nova atitude e afirmar a presença na estrada com os seus faróis esguios.
De perfil, a silhueta carateriza-se pela altura baixa, pelos pilares dianteiros estreitos e uma linha de cintura também baixa que reflete o centro de gravidade da nova arquitetura dedicada para veículos elétricos eTNGA, desenvolvida em parceria com a Subaru.
[https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/03/Toyota-bz4x_galeria-exterior_001.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/03/Toyota-bz4x_galeria-exterior_002.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/03/Toyota-bz4x_galeria-exterior_003.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/03/Toyota-bz4x_galeria-exterior_005.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/03/Toyota-bz4x_galeria-exterior_004.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/03/Toyota-bz4x_galeria-exterior_006.jpg]Os arcos das rodas de grandes dimensões estão colocados nos cantos da carroçaria, enquanto os painéis sublinha o caráter de SUV deste modelo. Na traseira, as luzes acentuam a largura do veículo de 1,86 metros.
O design incorpora elementos aerodinâmicos para otimizar a autonomia, destacando-se as aberturas nos cantos do pára-choques dianteiro que criam cortinas de ar suaves, o pára-brisas inclinado, o fundo plano debaixo da carroçaria ou a asa traseira dividida em dois. A grelha inferior recebeu um obturador que se ajusta para canalizar o fluxo de ar frio para a bateria, ajudando a reduzir a resistência ao vento.
LEIA TAMBÉM
Já sabemos os preços. O primeiro Toyota 100% elétrico chegou a Portugal
O comprimento exterior de 4,69 metros, por seu lado, insere o bZ4X no centro de um dos segmentos mais competitivos dos automóveis elétricos, os SUV médios. Isto significa que as suas dimensões são aproximadas às do RAV4, sendo mais baixo (85 mm), mas mais longo (90 mm).
Interior
A distância entre-eixos de 2,85 metros permite oferecer uma generosa habitabilidade, com muito espaço para os ocupantes e sem sacrificar a capacidade da bagageira de 452 litros com os bancos traseiros na posição normal.
Na concepção do interior, os estilistas da Toyota procuraram criar um design distinto e futurista. Os revestimentos em tecido no painel de bordo, a pele sintética e os plásticos lacados transmitem, à primeira vista. um aspeto requintado. Mais afastados do olhar encontram-se alguns plásticos duros. O bZ4X conta com uma profusão de arestas e componentes das mais diversas formas e feitios que refletem a confiança da marca na qualidade de construção.
Novidade no Toyota bZ4X é a ausência do tradicional porta-luvas, substituído por um espaço fechado na consola central - entre os bancos - que também permite acomodar um telemóvel, sendo possível carregar por indução ou com recurso a entradas USB, não só USB-C, mas também existe uma convencional.
O painel de bordo integra dois ecrãs. A informação relativa à condução é apresentada num ecrã TFT de 7", que se encontra numa posição muito recuada, acima da linha do volante, e praticamente encostada ao pára-brisas.
Entre os bancos dianteiros surge uma consola central flutuante, algo intrusiva porque "rouba" espaço mas disponibiliza compartimentos na parte superior e inferior que inclui entradas USB-C, culminando num ecrã tátil de 12,3". Este último garante o acesso a diversas funcionalidades como o rádio, sistema de navegação, definições do veículo, entre outros. Além disso também é compatível com Apple CarPlay e Android Auto. Os comandos do ar condicionado automático encontram-se na parte inferior do ecrã e são físicos.
Single-pedal
A posição de condução foi concebida em função do novo volante. Independentemente da altura do banco, o topo do volante não bloqueia a visibilidade dos instrumentos, mas, por outro lado, obriga a baixar a altura da coluna da direção, o que não é particularmente confortável e torna o carro menos intuitivo de conduzir.
A base da consola central possui um comando giratório para os programas de condução (P-R-N-D), o travão de estacionamento elétrico, enquanto a maior intensidade do sistema de travagem regenerativa é ativada por um botão que o gráfico de um pé num pedal. Se o veículo tiver de circular em pisos com neve também existe um botão para o efeito ou assim como para ativar o modo Eco ou para desligar o controlo de tração.
[https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/03/Toyota-bz4x-galeria-interior_001.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/03/Toyota-bz4x-galeria-interior_002.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/03/Toyota-bz4x-galeria-interior_003.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/03/Toyota-bz4x-galeria-interior_004.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/03/Toyota-bz4x-galeria-interior_005.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2023/03/Toyota-bz4x-galeria-interior_006.jpg]O utilizador pode escolher três modos de regeneração da energia: Normal, Eco e single-pedal. Neste último pode acelerar e desacelerar o veículo, recorrendo apenas ao pedal do acelerador e aumentando a eficiência energética. Todavia, não leva o veículo até à imobilização total como na função e-pedal da concorrente Nissan.
Equipado com um motor elétrico de 150 kW (204 cv) que transmite a potência às rodas dianteiras, Toyota bZ4X proporciona uma condução descontraída, embora a sua linha motriz não tenha grandes dificuldades em levar as quase duas toneladas de peso deste veículo dos 0 aos 100 km/h em apenas 7,5 segundos.
Não obstante, a Toyota procurou explorar os 365 Nm de binário de forma progressiva e suave para proporcionar o maior conforto possível, o que é reforçado por uma suspensão bastante competente a digerir as irregularidades dos maus pisos. O chassis tem boa rigidez e os amortecedores são eficazes a controlar o rolamento da carroçaria, o que se traduz num comportamento linear. Além disso, como a bateria de 72,4 kW está instalada no piso entre os eixos, o centro de gravidade é baixo, ajudando a limitar as transferências de massas em trajetos mais sinuosos.
Elevada eficiência
Os mais de 25 anos de experiência em tecnologia eletrificada da Toyota permitiram otimizar ao máximo a eficiência energética do primeiro SUV elétrico da marca japonesa, que, durante o ensaio, registou um consumo médio de 14,2 kWh/100 km em vez dos 16,7 kWh/100 km anunciados, significando que a autonomia real passou dos 422 km para os 458 km. Isto deve-se à elevada eficiência do sistema de regeneração de energia que consegue ganhar alguns quilómetros de autonomia nas desacelerações e travagens, obtendo-se, naturalmente, melhores resultados com os modos de condução Eco e single-pedal ativados.
Em termos de custos de energia traduz-se num valor de 5,40 euros em carregamento na rede pública a um preço médio do kWh de 0,38 € (segundo dados da UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos) ou de 2.84 euros em carregamento doméstico a um preço médio de 0,20€.
Para recuperar a capacidade da bateria é possível carregar em corrente alterna até 11 kW, operação que pode demorar cerca de 6h30, ou em corrente contínua até 150 kW possibilitando repor até 80% do nível de carga em cerca de 30 minutos, embora neste caso o valor da fatura seja pouco "simpático". A tomada de carregamento está localizada no painel dianteiro esquerdo por cima da cava da roda, permitindo aceder de frente a um posto de carregamento rápido sem ser necessário fazer muitas manobras de "aproximação".
Para apoiar a condução, SUV elétrico recebeu a terceira geração do Toyota Safety Sense com novas funções e melhorias para mitigar situações de acidente, destacando-se o sistema de pré-colisão (PCS) com assistência de interseção, o assistente de faixa de rodagem, limitador de velocidade com reconhecimento de sinais de trânsito, aviso de aproximação de veículo, sistema de máximos adaptativos.
E o veredicto é…
A unidade ensaiada corresponde ao nível de equipamento intermédio Premium, que se situa entre a Exclusive e a Lounge, estando disponível a partir de 56.190 euros, acrescendo 950 euros relativo à cor opcional Cinza Precious.
A dotação de série é bastante completa, não faltando a câmara traseira, o ecrã tátil de 12,3", os sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, os bancos em pele e tecido com ajustes elétricos para o condutor, os espelhos retrovisores recolhíveis, o sistema Smart Entry & Start, a abertura elétrica da bagageira ou os já referidos sistemas de assistência à condução.
A eficiência energética é indiscutivelmente uma dos grandes argumentos do Toyota bZ4X, a que se junta a garantia da bateria de dez anos ou um milhão de quilómetros sobre 70% da capacidade, cumprindo-se o plano de manutenção anual. O espaço para os ocupantes, o conforto a bordo, facilidade de condução e o elevado equipamento de série são outros dos pontos positivos do primeiro SUV elétrico da Toyota. Pela negativa há que destacar alguns plásticos duros e de aspeto menos refinado.
Toyota bZ4X Premium
Preço 56 190€ (57 140€ versão ensaiada)
Motor Elétrico, síncrono de íman permanente
Potência 204 cv (150 kW)
Binário 265 Nm
Transmissão Dianteira, Auto., 1 vel.
Peso 1970 kg
Comp./Larg./Alt. 4,69/1,86/1,65 m
Dist. entre eixos 2,85 m
Mala 452 l
Desempenho 7,5 s 0-100 km/h; 160 km/h Vel. Máx.
Consumo 16,7 (14,2*) kWh/100 km
Autonomia Elétrica 513 (458*) km
Bateria/Capacidade Iões de lítio 71,4 kWh úteis
Tempos de carga 30 minutos (0-80% 150 kW CC); 6h30 (0-100% 11 kW CA)
* Medições Turbo
GOSTÁMOS
- Posição condução
- Consumo energia
- Equipamento
NÃO GOSTÁMOS
- E-pedal
- Consola flutuante
- Alguns materiais