A saída de funcionários das duas empresas para uma rival chinesa levou a Tesla a pedir ajuda à Apple no processo que interpôs em tribunal contra o seu antigo trabalhador
Os veículos elétricos podem ser a grande tendência do momento na indústria automóvel mas, como sabemos, as marcas precisam de pensar sempre mais à frente. O que significa prepararem-se para a próxima revolução que ai vem. Falamos da condução autónoma, tecnologia que exige forte investimento das marcas. Mas há sempre quem decida tentar "atalhos", contratando especialistas a outras empresas. Isso deu agora origem a uma polémica que coloca a Tesla e a Apple do mesmo lado da trincheira.
Tudo começou com a contratação da XMotors.ai, uma subsidiária dos chineses da XPeng, de especialistas em condução autónoma dos dois gigantes americanos. O problema é que na mudança para a nova empresa estes engenheiros terão, alegadamente, levado na bagagem mais do que deviam. Mais precisamente, terão transportado consigo segredos industriais no desenvolvimento dos sistemas de piloto automático. Por isso, Apple e Tesla colocaram processos em tribunal contra os antigos empregados.
As acusações
A Tesla pediu mesmo ajuda à Apple no caso contra Guangzhi Cao. O acusado confirmou que copiou documentos relacionados com o Autopilot para a sua iCloud, mas afirma que não cometeu qualquer crime. A sua defesa alega que ele procurou apagar qualquer documento ainda na sua posse quando saiu da marca de elétricos. Mas a Tesla já terá chamado a Apple como sua testemunha. O objetivo é obter uma análise forense aos dispositivos móveis de Cao, para saber o que aconteceu com os dados copiados.
O caso da Apple é similar, estando a preparar deste junho o caso para os tribunais. E também neste caso o engenheiro acusado vem declarar-se inocente do roubo de documentos à empresa. Quem se está já a precaver é a Xpeng, que alega cumprir todas as regras de concorrência. Aliás, a empresa não surge como acusada em nenhum dos processos. E, depois de ter sido notificada da investigação relacionada com o funcionário da Apple, até vedou o acesso ao seu escritório e dispositivos eletrónicos, a que se seguiu o despedimento do engenheiro.
Uma corrida milionária
Estes processos judiciais colocam em evidência que condução autónoma é uma forte aposta dos fabricantes automóveis e também de outras empresas, como Apple e Google. Algo que obriga a grandes investimentos para ganhar vantagem nesta corrida. Daí advém igualmente que os especialistas nesta área sejam muito cobiçados, e os projetos em que trabalham de grande importância estratégica, ao ponto de rivais nesta área como a Tesla e a Apple cooperarem em casos de alegada espionagem como este. Caso para dizer que o inimigo do meu inimigo... é meu amigo.
Fonte: Automotive News Europe