Na corrida ao lançamento dos veículos 100% autónomos no mercado, a Tesla começou já a disponibilizar, numa versão Beta, a clientes, aquele que será o seu sistema de condução totalmente autónoma, o Tesla Full Self-Driving. Situação que, no entanto, está a preocupar as autoridades norte-americanas, as quais garantem estar a acompanhar atentamente a situação.
A garantia foi, de resto, dada, em declarações à agência noticiosa Reuters, nas quais a National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), entidade federal responsável pela segurança rodoviária, admitiu, igualmente, ter sido informada pela Tesla quanto às evoluções feitas na tecnologia que a marca norte-americana tem vindo a desenvolver, de forma a permitir a condução 100% autónoma.
Nessas mesmas declarações, a NHTSA revela ainda que a tecnologia Tesla Full Self-Driving foi já aplicada em viaturas Tesla de clientes seleccionados, para recolha de dados e resultados, para tratamento posterior pela marca de Palo Alto.
Entretanto e embora, até ao momento, não tenham sido assinalados quaisquer problemas, o organismo assegura que vai continuar a "monitorizar, de forma muito próxima, a nova tecnologia", sendo que "não hesitaremos em agir com o propósito de proteger o público de riscos desnecessários para a sua segurança".
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Em causa, está, segundo a NHTSA, o risco inerente a disponibilizar versões Beta a clientes, que fazem uma utilização quotidiana do automóvel, em que, em caso de um mau funcionamento da tecnologia, poderão vir a magoar-se.
A posição das associações
De resto, a decisão da tesla foi já criticada, tanto pela Partners for Automated Vehicle Education, organismo do qual fazem parte, também, alguns dos principais construtores automóveis (Volkswagen, Daimler, Ford, GM e Toyota), e pelas principais empresas tecnológicas (Argo AI, Aurora, Blackberry, Cruise, FLIR, Intel, Nvidia and Wayo), como por grupos de consumidores como a Consumer Technology Association ou a SAE International.
Com esta última, SAE International, a defender, inclusivamente, num comunicado, que "os testes em estradas públicas implicam uma enorme responsabilidade, sendo que, a utilização de consumidores não-habilitados, para validar software beta, neste tipo de ambientes, é não só perigoso, como inconsistente com as orientações existentes e aquelas que são as atuais normas da indústria.
A defesa da Tesla
Em sua defesa, a Tesla já veio dizer que só libertou este novo software, para um punhado de condutores, os quais estão qualificados como especialistas e cuidadosos. Decisão que, de resto, se mostra muito diferente daquela que foi a prática com as anteriores atualizações de software, as quais foram disponibilizadas de uma forma ampla, nalguns casos, com resultados desastrosos - como foi o caso, por exemplo, da funcionalidade 'Smart Summon', que permite aos condutores "conduzir" o seu Tesla, estando fora do habitáculo e utilizando, para tal, apenas o seu smartphone. O que acabou, nalgumas situações, em resultar em acidentes.
Comentando a polémica, o CEO da Tesla, Elon Musk, recordou que, esta iniciativa, vai permitir à marca recolher mais informações sobre o funcionamento da tecnologia, que posteriormente serão utilizadas no melhoramento do sistema.
Aliás e ainda segundo Musk, se tudo correr sem problemas e de acordo com o plano, a tecnologia 'Full Self-Driving' deverá poder ser comercializada até ao final do ano. Embora o gestor também revele, desde já, que o sistema não será liberado gratuitamente, mas custará 2 000 dólares, perto de 1 700€.
A cobrar, ao que tudo indica também aos utilizadores da versão Beta, já a partir da próxima segunda-feira, dia 26 de outubro. Sendo que, no horizonte, estão já outros mercados.