Stellantis Pro One já tem furgões grandes a hidrogénio

A Stellantis Pro aposta numa oferta multienergias para os furgões de grandes dimensões, com a introdução de motorizações a hidrogénio, que se vêm juntar às já existentes, com propulsão diesel ou elétrica a bateria (BEV). Já conduzimos os primeiros protótipos na Alemanha.

Após o início da comercialização em 2022 das versões a hidrogénio da sua gama de comerciais médios nos mercados alemão e francês, que até final de ano devem ser responsáveis pela venda de mil unidades, a Stellantis Pro One decidiu estender a disponibilização daqueles veículos aos Países Baixos e à Bélgica, além de alargar a oferta daquela tecnologia aos comerciais de grandes dimensões.

A estrutura responsável pela área de negócio de veículos comerciais do grupo franco-italiano-americano, Stellantis Pro One, aposta claramente numa estratégia multienergias que passa pela disponibilização de soluções diesel convencionais, elétricas a bateria (BEV) e a pilha de combustível alimentada a hidrogénio (FCEV).

A opção a gás natural comprimido (GNC) foi afastada, conforme referiu Luca Marengo, diretor de produto da Stellantis Commercial Vehicles, durante uma conferência de imprensa realizada com os jurados do International Van of the Year.

“Tivemos essa oferta, mas não apresenta vantagens em termos de emissões de dióxido de carbono e, além disso, a rede de abastecimento é bastante reduzida, com exceção de alguns países como a Itália ou a França”, explicou.

Por sua vez, Xavier Peugeot, vice-presidente Sénior da unidade de negócio de veículos comerciais da Stellantis, afirmou que o grupo nunca parou de evoluir a plataforma dos furgões de grandes dimensões em “função da funcionalidade e da eficiência” e o resultado traduz-se em “oito milhões de clientes satisfeitos” desde 1981.

O responsável adiantou que agora se abre um novo capítulo na gama com uma oferta multi-energia - combustão, elétrico a bateria e fuel-cell - ao que se junta a disponibilização de tecnologia de condução autónoma de nível 2.

“Temos o número mais elevado de sistemas de assistência à condução em veículos comerciais, nada mais nada menos do que 21, e muitos deles são de série, como o sistema de travagem automática, assistente de manutenção de faixa de rodagem, assistente inteligente de velocidade, assistente de atenção, câmara traseira com linhas dinâmicas, sensores de estacionamento traseiros”, sublinha Xavier Peugeot.

Oferta FCEV

A Stellantis tem vindo a apostar numa abordagem multi-energias nos ligeiros de passageiros, com a disponibilização de motorizações a gasolina, híbridas, híbridas plug-in, diesel e elétricas - e essa estratégia está a ser adaptada para o universo dos comerciais com a oferta de soluções diesel, elétricas a bateria e fuel-cell (hidrogénio) nas gamas de dimensões médias e grandes.

Aquela última opção pode suscitar dúvidas e reservas quanto ao seu sucesso, mas os responsáveis da Stellantis Pro One consideram que constitui mais uma alternativa para permitir a descarbonização das frotas e garantir o acesso a zonas de emissões zero.

Segundo Lars Peter Thiesen, responsável pelo programa de hidrogénio e pilha de combustível da Stellanis Pro One, esta solução “pioneira” no mercado de comerciais tem a vantagem de disponibilizar a mesma capacidade de carga das restantes versões porque os depósitos de hidrogénio estão localizados por baixo do compartimento de carga, no mesmo espaço ocupado pela bateria da versão elétrica, permitindo o abastecimento em menos de cinco minutos e oferece uma autonomia superior a 500 quilómetros.

Além disso, garante independência face à rede elétrica, possibilitando a operação onde aquela infra-estrutura não é acessível como, por exemplo, em locais remotos ou em situações em que o condutor leva a viatura para a sua residência e não existem possibilidade de carregamento elétrico.

À semelhança do gás natural veicular, um dos obstáculos à adoção de viaturas fuel-cell é a incipiente rede de abastecimento de hidrogénio. Atualmente existem 150 estações públicas a 700 bar na Europa, concentradas na Alemanha, França, Países Baixos e Suíça.

Contudo, de acordo com uma decisão do Conselho da União Europeia de 2023 relativo ao regulamento para infraestrutura de combustíveis alternativos, será obrigatório para todos os países da União Europeia a instalação de uma estação a cada 200 quilómetros nos principais corredores da rede europeia de transportes (TEN-T) e de uma estação por cada nó urbano. O objetivo é dotar a União Europeia com mais de 500 estações de 700 bar até 2030.

Conceito Mid-Power

Em termos de tecnologia, a Stellantis Pro One adotou para os comerciais de grandes dimensões - Citroën Jumper, Fiat Professional Ducato, Opel Movano e Peugeot Boxer - a mesma solução desenvolvida para os de dimensões médias, que consiste no conceito mid-power, o qual compreende uma pilha de combustível com potência de 45 kW, uma bateria de iões de lítio com 11 kWh de capacidade e um sistema de armazenagem de hidrogénio com capacidade útil de sete quilogramas.

A pilha de combustível é alimentada pelo hidrogénio e fornece energia ao motor elétrico que desenvolve uma potência de 110 kW (150 cv) e um binário máximo de 410 Nm. Caso se esgote o hidrogénio nos depósitos existe uma reserva de energia assegurada pela bateria de iões de lítio, a qual permite percorrer até 50 quilómetros, sendo necessários cerca de 90 minutos para recuperar a totalidade da carga numa wallbox.

No circuito de testes Rodgau-Dudenhofen, perto de Frankfurt, houve a oportunidade para um primeiro contacto com as versões fuel-cell dos furgões de grandes dimensões da Stellantis, na configuração L3H2, isto é com comprimento exterior de 5,99 metros e volume útil de carga de 13 m3, embora ainda numa fase de protótipo.

A condução é semelhante à da versão elétrica a bateria, em termos de aceleração e excelente manobralidade, e também conta com um sistema de regeneração da intensidade da travagem de quatro níveis. A velocidade máxima está, no entanto, limitada a 90 km/h, já que o veículo tem um peso bruto de 4250 kg.