Depois dos alertas feitos pelo seu CEO, Carlos Tavares, relativamente ao perigo da ofensiva chinesa na Europa, eis que é noticiada agora a possibilidade da Stellantis vir a produzir veículos elétricos chineses, no Velho Continente.
A notícia foi avançada pela Automotive News Europe, recordando que esta medida surge depois do grupo automóvel euro-americano ter anunciado a compra, em outubro passado, de uma participação de 21% no fabricante chinês Leapmotor, por 1,5 mil milhões de dólares, qualquer coisa como 1,39 mil milhões de euros.
Caso venha a concretizar-se, a medida agora noticiada poderá resultar numa produção anual de até 150 000 veículos elétricos mais acessíveis, na emblemática fábrica italiana da Fiat, em Mirafiori, os quais serão, a partir daí, comercializados, na Europa, através dos diferentes concessionários do grupo Stellantis.
Com esta medida, a Leapmotor poderá operar na Europa em que os seus veículos elétricos sejam alvo de qualquer tributação fiscal acrescida que a União Europeia possa vir a aplicar aos veículos elétricos produzidos na China, na sequência da investigação levada a cabo aos fabricantes automóveis chineses beneficiam de apoio estatal, para a exportação dos seus produtos para o Velho Continente.
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"Se essa oportunidade surgir, porque faz sentido do ponto de vista económico, é claro que não deixaremos de fabricar automóveis da Leapmotors em Itália", assumiu, em declarações à Auto News, o CEO da Stellantis, Carlos Tavares.
Joint-venture já existe
De resto e ainda na sequência da aquisição da posição accionista pela Stellantis, foi já criada uma joint-venture, com sede na Holanda, a que foi dado o nome de Leapmotor Internacional e cujo controlo está nas mãos do grupo euro-americano.
Dos objectivos desta nova parceria, fazem parte metas como o alcançar de vendas totais, em outros mercados que não na China, de cerca de 500 000 veículos, até ao final da presente década. Além da conquista de uma melhor posição para as marcas da Stellantis, no mercado chinês.
A importância de Mirafiori
Quanto a Mirafiori, uma das fábricas mais emblemáticas na história da Fiat, é, por estes dias, uma das infraestruturas do género mais antigas em solo europeu. Mas que também está, atualmente, subaproveitada, ao produzir não mais que o já condenado Maserati Levante.
No seu apogeu, durante a segunda metade do século XX, a fábrica chegou a ter a seu cargo a produção de milhões de veículos Fiat, a começar no Topolino, e a que se seguiram modelos como o 500, 600, 124, 127, 131, Panda, Uno e Punto.
Entretanto, já no último verão, a Stellantis anunciou planos de renovação da fábrica, nomeadamente, através de um investimento na ordem dos 200 milhões de euros, com os quais, noticiou então a agência Reuters, a unidade transformar-se-ia, até 2025, numa infraestrutura "neutra de carbono", onde passariam a estar áreas como o "design, Pesquisa e Desenvolvimento e funções centrais do grupo".
O ponta de lança
Quanto à parceria entre Stellantis e Leapmotor, a Auto News avança que não estará ainda num patamar capaz de dar origem à produção de carros em conjunto, na Europa, pelo que a solução imediata deverá passar por importar automóveis elétricos da China.
Como ponta de lança desta estratégia, surge o SUV C10, um concorrente directo do Tesla Model Y, lançado recentemente na Ásia, com motorizações não apenas elétricas, mas também PHEV.
No caso da versão 100% elétrica, a propulsão é garantida através de um só motor elétrico, instalado no eixo traseiro, a debitar 231 cv de potência. A que se junta ainda uma autonomia a rondar os 530 quilómetros.