Na sequência da aquisição de 20% do capital da Leapmotor, a Stellantis vai vender veículos chineses na Europa, a partir de 2024. Objetivo também é ganhar quota no mercado chinês.
Há cerca de dez meses o CEO da Stellantis Carlos Tavares alertava para a iminente "luta terrível" com a indústria chinesa de veículos elétricos. Na semana passada desenrolou a passadeira vermelha e pagou 1,5 mil milhões de euros para ajudar a marca chinesa Leaptmotor a entrar no mercado europeu e "roubar" vendas potenciais às próprias marcas da Stellantis.
Com esta operação, a Stellantis fica com 20% da Leaptmotor e cria uma nova joint-venture nos Países Baixos, onde o consórcio automóvel liderado por Carlos Tavares detém uma percentagem de 51%. Além disso fica com os direitos exclusivos de exportar veículos da Leapmotor para a Europa, assim como de os comercializar e produzir fora da China.
O investimento, porém, garante um melhor acesso dos produtos da Stellantis ao mercado chinês, onde necessita crescer e assim cumprir o seu objetivo de metade das vendas até 2030 serem de veículos elétricos.
Ainda não confirmados os modelos da Leapmotor que virão para a Europa mas a marca chinesa já deu a conhecer parte da sua gama no passado mês de setembro no Salão da Mobilidade de Munique, onde aproveitou para revelar os modelos C10 e C11. Não obstante, o lançamento está previsto para 2024.
Alteração na estratégia
"À medida que se desenrola a consolidação entre as empresas emergentes de veículos elétricos na China, torna-se cada vez mais evidente que um conjunto de empresas eficientes e ágeis da nova geração de veículos elétricos, como a Leapmotor, virá a dominar os segmentos principais na China", disse o CEO da Stellantis, Carlos Tavares.
"Cremos que é o momento perfeito para assumir um papel de liderança no apoio aos planos de expansão global da Leapmotor, um dos mais impressionantes novos atores de veículos elétricos que tem uma mentalidade empreendedora e tecnológica semelhante à nossa", acrescentou o português.
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O acordo representa uma viragem de 180º na estratégia de Carlos Tavares, mas a Stellantis não é o primeiro fabricante automóvel a enfrentar a ameaça chinesa através de uma aproximação. A Volkswagen, que, à semelhança da Stellantis, tem vindo a perder terreno na China, anunciou uma ligação com a Xpeng em julho.
A Reuters refere que a Stellantis vai transferir a sua participação na joint-venture Dongfeng Motor Group para a Dongfeng e vai acabar com outra joint-venture com o Guangzhou Automobile Group que produz veículos da marca Jeep na China.
Por outro lado, e atendendo a este negócio, não será de estranhar que Carlos Tavares não apoie a investigação da União Europeia relativa aos apoios concedidos pela China aos fabricantes de veículos elétricos.