Lembra-se da Saab? Antiga fábrica pode produzir veículos autónomos

A antiga fábrica da Saab em Trollhättan poderá renascer para produzir veículos elétricos autónomos Sango, produzidos pela NEVS.

A antiga fábrica da Saab em Trollhättan poderá renascer para produzir veículos elétricos autónomos Sango, produzidos pela NEVS.

A antiga fábrica da Saab de Trollhättan, na Suécia, pode vir a ser recuperada pelos novos proprietários da NEVS (National Electric Vehicle Sweden) para produzir cápsulas (pod) de veículos autónomos.

Atualmente está a ser desenvolvido um shuttle autónomo de seis lugares, denominado Sango, nas instalações de Trollhättan. O veículo deverá começar a ser testado em Estocolmo, no final de 2021, e deverá ser homologado com o nível 4 de condução autónoma.

"O Sango foi desenhado para concorrer com os automóveis particulares e não o transporte público", referiu Anna Haupt, a engenheira-chefe do projeto aos nossos colegas da Autocar.

NEVS Sango
NEVS Sango

"Será um veículo de utilização particular, e em vez de ser propriedade de uma só pessoa, foi concebido para uma utilização flexível partilhada", acrescenta.

Apesar do Sango ter de ser sujeito a vários anos de testes antes de estar totalmente operacional, Anna Haupt não tem dúvidas a cerca da sua produção no futuro.

"O potencial de produção do Sango é enorme. Estamos numa fase de transição, de motores de combustão interna para veículos elétricos a baterias, e também assistimos a uma mudança para serviços de mobilidade. O produção total de veículos de mobilidade será enorme", adianta.

Aquisição da Saab em 2012

A NEVS, recorde-se, adquiriu os bens da Saab quando esta última faliu em 2012. Os proprietários chineses da NEVS pretendem utilizar a fábrica de Trollhättan para produzir o shuttle, mas ainda não quando nem o volume de produção.

Esta fábrica tem sido apontada para vários projetos desde que foi adquirida pelos chineses da NEVS em 2012, incluindo a produção de versões elétricas do Saab 9-3 para o mercado chinês ou de um veículo elétrico carregado por energia solar chamado Sion pela start-up alemã Sono Motors.

A previsão da produção deste último era de 32 mil unidades por ano, mas a empresa teve dificuldades financeiras durante a pandemia.

No passado mês de junho, o fundo chinês Evergrande assumiu a totalidade do capital da NEVS, após uma aquisição inicial de 51% em janeiro de 2019 por 791 milhões de euros.

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A mudança na estrutura acionista também alterou os planos de produção da NEVS na província chinesa de Tianjin. O governo daquela região era o segundo maior acionista da NEVS, depois do seu fundador Kai Johan Jiang.

"Quando chegaram os novos donos, decidiram avaliar o posicionamento de produto do 9-3 a longo prazo. Como consequência optou-se por não ir para o mercado", referiu uma fonte da NEVS à Autocar.

Nova estratégia

A aposta da Evergrande vai para se posicionar como um grande fabricante de veículos elétricos e também investiu 1,7 mil milhões de euros na Faraday Future em 2018.

Apesar da interrupção da atividade em Trollhättan, a NEVS decidiu investir na sua manutenção para que possa retomar a produção. Atualmente, ainda conta com 700 funcionários, incluindo 100 engenheiros de design.

O Sango está atualmente à espera de aprovação final das autoridades suecas para o início do teste em Estocolmo. O recomeço será modesto com uma pequena frota de 10 veículos, que poderá aumentar para 20. O teste vai decorrer numa área com 144 km2. O Sango poderá operar até uma velocidade de 70 km/h.

Cada Sango terá um volante e inicialmente contará com um condutor de "segurança". O veículo terá um comprimento semelhante ao Volkswagen Golf, mas mais largo, e estará equipado com quatro motores elétricos nas rodas direcionais, antecipando uma eficiente manobrabilidade.

Os seis lugares podem ser configurados para diferentes utilizações. Os motores elétricos foram fornecidos pela Protean, uma start-up britânica adquirida pela Evergrande em 2019.