Cinco metros e meio de luxo e um V12 de 530 CV para apenas dois lugares, quatro contando com o motorista e o segurança. A lenda do Maybach perdura. Tão exclusiva que não nos deixaram conduzir. Só desfrutar. Classe S. Não é preciso dizer mais. Nem sequer acrescentar o nome próprio, Mercedes, para se visualizar imediatamente a figura altiva, distante, do presidente do conselho de administração de uma multinacional ou de um banco. Um mundo de conforto concebido em função do ocupante do banco posterior direito, com tanta formalidade, que chega a ser austero. Não se entra num Classe S de calção e chinelo, como quem vai para a praia. Ser conduzido num Classe S exige uma postura condizente com o prestígio e a imagem do meio de transporte. Curiosamente, o panorama altera-se por completo quanto atingimos o pináculo do luxo. Em 2015, cinco anos após terminar a produção enquanto marca própria, período de tempo durante o qual sobreviveu como uma versão do Classe S exclusiva para o mercado chinês, a Maybach regressou. Um regresso feito à imagem do mercado oriental, como uma versão exclusiva do Classe S. Ou seja, 207 mm mais comprido que o Classe S longo, para ampliar o espaço para as pernas em 159 mm, e 2 mm mais alto. Parece pouco, mas graças ao novo desenho do habitáculo ganham-se 12 mm em espaço para a cabeça. Juntem-se os bancos traseiros individuais, aquecidos, ventilados, reclináveis até 43,5 graus, com massagem e, provavelmente, o encosto de cabeça mais confortável do mundo, separados por uma consola central única. Para além dos porta-copos aquecidos ou arrefecidos, mesas escamoteáveis como as dos aviões e de bases com pequenas garras para segurar um par de flutes em estanho, o espaço habitualmente reservado para passar os esquis esconde um frigorífico com capacidade para duas garrafas de champanhe. Decore-se com um sistema de som Burmester 3D com 1540 W distribuídos por 24 altifalantes e a formalidade do escritório sobre rodas é substituída pela energia do backstage de um concerto. O fato aprumado do CEO transforma-se em calças de ganga, t-shirt preta, óculos espelhados… enfim, a estrela musical do momento. [https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2020/02/14C1171_060_D216011cab.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2020/02/14C1171_039_D216033.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2020/02/14C1171_060_D216011.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2020/02/14C1171_086_D216035.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2020/02/14C1171_107_D216040.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2020/02/14C1171_156_D216014.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2020/02/14C1171_196_D216045.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2020/02/14C1381_01_D216022.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2020/02/14C1381_02_D216026.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2020/02/14C1381_06_D216028.jpg] Rock star Pelo menos foi assim que nos sentimos, camisa por fora, mangas arregaçadas, ténis de lona, quando o motorista nos foi buscar ao hotel para uma pequena volta por Estugarda e arredores. Vidros escurecidos mais cortinas opacas criam um casulo que nos protege da curiosidade exterior. É como viajar num tapete voador forrado em pele da melhor qualidade, cosida por mãos experientes, rematado com aplicações em madeira nobre e alumínio escovado. Num segmento onde o limite anda muito próximo do céu, as possibilidades de personalização do Mercedes Maybach S 600 não perdem muito para concorrentes como o Bentley Flying Spur ou o Rolls-Royce Ghost. Com a grande vantagem de ser muito mais discreto ou, com exceção de dois sóbrios logótipos da Maybach, não parecesse uma versão ligeiramente maior do Classe S. Perfeitamente isolado das agressões do asfalto pela suspensão pneumática com ajuda do Magic Body Control, as únicas vibrações que chegam às poltronas da primeira classe são provenientes dos graves profundos debitados pelo sistema de alta fidelidade. A viver o momento, como quem acaba de ver o último álbum atingir a tripla platina, perguntamos ao motorista como é conduzir esta berlina de 2335 kg, cerca de 120 kg a mais que o Classe S longo, e 259 450€. Parece que não custa nada. O V12 biturbo de seis litros produz 830 Nm de binário logo às 1900 rpm, pelo que a condução é suave. Do motor não se ouve nada. Até podia ser elétrico. Mas não é. Queima gasolina e debita 530 CV que lançam o Maybach até aos 100 km/h em apenas cinco segundos. Mais para diversão do motorista do que necessidade do proprietário existe um modo Sport. Deixa o carro mais reativo e atrasa as passagens da caixa automática de sete velocidades. Para nós é indiferente. Conseguimos dormitar tão bem no trânsito ordenado do centro de Estugarda como a 250 km/h na Autobahn.