A edição de maio da revista Turbo promete tornar-se uma revista histórica e de compra obrigatória, ainda que, confessamo-lo, não tenha sido assim concebida. Isto, porque a Alfa Romeo conseguiu passar-nos, a nós e ao restante mundo editorial, uma verdadeira rasteira, ao trocar, à última hora, o nome do seu novo SUV, inicialmente batizado de 'Milano'. "Estória" rocambolesca, que, em conjunto com muitos outros temas, torna esta edição uma revista a não perder!
A "estória" é, na realidade, fácil de contar: tudo começou a 13 de dezembro de 2023, em Milão, data e local em que a italiana Alfa Romeo anunciou, com pompa e circunstância, o nome "Milano", para aquele que será o seu primeiro SUV para o importante segmento B. Escolha que, explicou então a marca, procurava ser uma homenagem à cidade italiana onde o fabricante nasceu, em 1910.
Ainda antes do anúncio do nome, numa altura em que apenas era conhecida a intenção da marca de Arese lançar uma proposta do género, a própria Alfa Romeo fez saber que, o modelo que viesse a disputar esse segmento em específico, seria também o primeiro Alfa a ser produzido fora de Itália. Mais concretamente, na fábrica da casa-mãe Stellantis, na Polónia.
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Entretanto, o Tempo passou, sereno e imperturbável, até que, no passado dia 10 de abril de 2024, o (ainda) "Milano" foi oficialmente apresentado na cidade que procurava homenagear, despontando, então, sim, e no dia seguinte, reacções e ameaças do Governo italiano liderado pela nacionalista Giorgia Meloni. O qual, socorrendo-se de legislação em vigor em Itália, afirmava não ser possível a um carro produzido fora de Itália, ostentar o nome de uma cidade de Itália ou, pior ainda, apresentar-se como um produto de génese italiana.
Confrontados com a oposição do Executivo, tanto a Alfa Romeo, como a própria Stellantis, mostraram capacidade de resposta, reconheça-se, e, em pouco mais de 24 horas, mesmo com todo o esforço e dinheiro já gasto na promoção do nome "Milano", anunciaram a mudança de nome do pequeno SUV, para "Júnior"!
Mas se a posição do Governo italiano não deixou de causar forte impacto no grupo automóvel liderado pelo português Carlos Tavares, a verdade é que os estilhaços acabaram atingindo igualmente a edição da TURBO que o leitor pode encontrar, a partir de hoje, nas bancas, a qual, na altura dos últimos acontecimentos, encontrava-se já na gráfica, a ser impressa… e com o Alfa Romeo, de nome "Milano", como elemento central da capa!
Impossível de corrigir ou alterar, decidimos, por isso, dar o peito às balas e assumir todos os prejuízos daqui decorrentes, com a consciência de que, mesmo que nada tenhamos feito para tal, esta será, inquestionavelmente, uma edição histórica e para guardar, da sua revista TURBO. A qual, além dos muitos outros artigos e matérias interessantes que contém, todos eles com a exactidão a que já o habituámos (as imagens que aqui reproduzimos são apenas alguns exemplos...), tem como marca indelével um momento que, sinceramente, não nos recordarmos de já ter vivido: apresentar um novo modelo de nome Milano que, afinal, morreu, enquanto tal, mesmo ainda antes de ter nascido!…