Revisão do carro. Cinco dicas para que não tenha de pagar a mais

A revisão do automóvel é operação crucial – você sabe disso e as marcas também, pelo que aqui ficam cinco dicas para que não pague demais.

A revisão do automóvel é uma operação de importância crucial – você sabe disso e as marcas também. Deixamos-lhe algumas dicas, que devem merecer a sua reflexão, para que não gaste, nesta intervenção, mais do que o necessário.

Encarada na perspectiva do cliente enquanto proprietário de um automóvel, a revisão é algo de fundamental para assegurar o funcionamento correto do automóvel, vital para a segurança, assim como para a economia (de combustível e para a durabilidade) e para evitar surpresas desagradáveis na próxima viagem.

Já para as marcas, a revisão é mais um momento… para ganhar bom dinheiro… o seu dinheiro.

As garantias são um dos aspecto importantes que fizemos questão de incluir nas cinco dicas relacionadas com a revisão do automóvel
As garantias são um dos aspecto importantes que fizemos questão de incluir nas cinco dicas relacionadas com a revisão do automóvel

Deixamos-lhe, por isso, cinco dicas relacionadas com a revisão do automóvel que, até para não se ver obrigado a gastar dinheiro desnecessariamente, devem merecer a sua reflexão:

1. Comprou carro? Atenção às garantias!…

Quase todas as marcas dizem oferecer garantias ou contratos de manutenção – meias verdades.

Tenha muita atenção às exclusões e às obrigações. No que toca à garantia ela só se aplica se forem feitas todas as revisões em concessionários oficiais da marca.

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E não é tudo: ficam de fora uma série de situações a que deve prestar atenção, que as marcas classificam como "material de desgaste", designação na qual se inserem demasiadas coisas. Por exemplo, há não muito tempo, tivemos conhecimento de uma marca que classificou dessa forma os discos de travão que tiveram que ser substituídos ao fim de menos de 30 000 km (quase 400 euros)… antes mesmo das pastilhas, elas, sim, material de desgaste.

Tenha, portanto, muita atenção às exclusões e ao que está englobado e excluído nas garantias e nos referidos "contratos de manutenção programada".

2. Guarde as faturas

Precisamente por aquilo que dissemos anteriormente em relação às exclusões, não é raro deixarmos o carro na revisão e, horas mais tarde. recebermos aquele telefonema que dá conta da necessidade de substituir um dado componente "que não está abrangido pela garantia" ou é "material de desgaste", como foles de direção, lâmpadas, escovas do limpa para-brisas, etc (a lista é extensa).

Antes de deixar o seu carro, faça você mesmo uma pré-vistoria: veja se nota algo anormal como ruídos, lâmpadas fundidas, etc.

O conceito de "material de desgaste" é, muitas vezes, motivo de diferendo entre cliente e oficina

Ao autorizar a substituição de um dado componente solicite sempre que essa ação conste da fatura.  Não é raro a oficina dizer-lhe que substituiu o componente x e na semana seguinte, na revisão (por exemplo) dizerem-lhe que o mesmo… precisa ser substituído.

3. Não se esqueça de conferir a fatura

Os intervalos de manutenção, as ações a realizar e os tempos de intervenção estão rigorosamente previstos pelo fabricante.

Se ao receber uma fatura tem dúvidas, por exemplo, no tempo necessário para a substituição das pastilhas de travão, ou quanto à necessidade da operação realizada, guarde a fatura e questione a própria marca do carro.

Caso não se sinta devidamente esclarecido, pode sempre exigir à marca que lhe forneça a documentação em que se baseou, para a resposta que lhe foi dada.

Entre os "escaldões" mais habituais nas faturas estão o óleo e as substituições de filtros. Não é raro a oficina dizer que utilizou um óleo mais caro, "dado a utilização que faz do seu carro".

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Veja no livro de instruções qual o óleo recomendado para o seu carro e isso já o ajuda. Veja, também, qual a capacidade do reservatório…

Os filtros de óleo, claro que devem ser substituídos, mas os filtros de habitáculo não precisam de o ser com a mesma frequência…

4. Saiba onde pode fazer a revisão

Eis um tema sensível. Durante muito tempo, as marcas quiseram fazer crer que só elas estavam em condições de assegurar o nível de serviço adequado a uma operação tão importante. "Nós que fabricamos o referido modelo, conhecemo-lo melhor do que ninguém e estamos, por isso, em condições privilegiadas para o assistir".

Isso já não é verdade. As marcas não fabricam automóveis: "limitam-se" a comprar os seus componentes. Por exemplo, os travões, podem ser da Brembo, da Lucas e de um sem número de fabricantes. Como as embraiagens, os referidos filtros, etc, etc etc..

Isto significa que, qualquer profissional competente, formado pelo fabricante desse componente, está em conduções de proceder à sua substituição – porque hoje não se repara, substitui-se!

Então, as oficinas independentes, desde que utilizem peças de origem ou equivalentes, e tenham ao serviço de pessoal qualificado, estão nas mesmas condições das marcas! Com a vantagem de terem, quase sempre, preços de mão-de-obra muito mais vantajosos.

Os regulamentos hoje em dia em vigor permitem intervenções fora da rede oficial de concessionário, sem que a garantia oficial de fábrica seja beliscada
Os regulamentos hoje em dia em vigor permitem intervenções fora da rede oficial de concessionário, sem que a garantia oficial de fábrica seja beliscada

"E os aspetos legais?". Eis uma falsa questão. O Regulamento 461/2010 define de forma clara que a garantia oficial do construtor se mantém mesmo quando a revisão é realizada fora da sua rede oficial de concessionários, desde que a mesma respeite as indicações constantes no livro de revisões e sejam utilizadas peças e componentes de qualidade equivalente às originais.

O mesmo regulamento vai ainda mais longe e obriga os construtores a fornecerem às oficinas independentes toda a informação relativa a procedimentos e características técnicas.

Importa sublinhar que, ao contrário daquilo que muitas vezes é dito, mesmo no período de garantia, podemos realizar as operações de manutenção numa oficinal independente, sem que isso se traduza na perda da mesma.

5. Porquê a revisão?

Não quisemos ser exaustivos neste artigo; antes procurámos transmitir-lhe as noções essenciais para que não desperdice o seu dinheiro e para que não se deixar levar por conversas… da treta.

Falámos-lhe anteriormente da equivalência entre a rede de oficinas independentes e a assistência oficial. Claro que nem tudo é assim tão transparente. São inúmeros os casos de problemas surgidos após uma operação de manutenção realizada numa oficina independente.

A importância da revisão para o bom funcionamento e longevidade do automóvel faz parte das dicas que aqui quisemos deixar
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O consumidor queixa-se de um dado problema na oficinal oficial e a resposta é típica: "esse problema ocorreu porque a operação realizada pela oficina X foi mal realizada". Esta resposta é o princípio de um problema quase sem fim. Desde logo porque serve para isentar o construtor de um dado problema… que pode (ou não) ter a ver com a ação realizada pela oficina independente.

Depois, porque o que se segue é um "jogo do empurra", de resolução muito difícil… e o seu carro, de que tanto precisa, parado… Daí que, em todas as circunstâncias, deve sempre pedir uma fatura detalhada relativamente a operação realizada.

Por fim, uma explicação óbvia e outra que deve considerar: a manutenção programada (revisão) é essencial para garantir o funcionamento em perfeitas condições do seu carro. Mas é também muito importante para a sua valorização, quando decidir vendê-lo. Não se esqueça de pedir para carimbar o livro de revisões e, adicionalmente, pode mesmo guardar todas as faturas relativas às ações efetuadas.