Ao contrário do Renault ZOE, o Twingo Electric não usa a designação ZE. Isso não o impede de herdar toda a sabedoria que no domínio dos carros elétricos a Renault acumulou ao longo de uma década
Passou uma década desde que a marca francesa perspectivou que o futuro da mobilidade passava pela eletrificação do parque automóvel, como forma de combater o que se avizinhava ser um cerco aos motores de combustão. A prova são as sucessivas normas europeias que restringem cada vez mais as emissões, não apenas de CO2, sendo que, basta referir o exemplo da anunciada meta do Euro7!
Mas voltemos à realidade atual para falar do novo Renault Twingo Elétrico, um carro que apesar de ter nascido da parceria com a Smart apresenta uma solução elétrica diferente. Desde logo ao usar um motor 'made in Renault' e uma bateria com maior capacidade de armazenamento, o que lhe confere uma autonomia de 190 km, que pode ir até aos 225 km no modo Eco e até aos 270 Km, na cidade, se usarmos o modo de condução mais regenerativo (B3).
Para além deste modo existem mais dois outros, de regeneração, mais suaves, o B1 e o B2, que o sistema assume como defeito sempre que ligamos o motor elétrico.
Baixo consumo
A utilização inteligente destes três níveis de regeneração leva-nos a registar consumos muito baixos, da ordem dos 11 kWh/100 km, o que é um valor verdadeiramente notável para um carro que, sendo um citadino, não se mostra rogado quando optamos pela auto-estrada. Onde cumpre sem problemas uma velocidade máxima de 135 km/h graças aos seus 82 cv, enquanto a aceleração dos 0-50 Km/h se faz em apenas 4,2 segundos.
LEIA TAMBÉM
Renault Twingo elétrico não é bem um Smart
Embora esta seja a primeira versão elétrica do Twingo, a plataforma deste pequeno citadino foi inicialmente concebida para receber uma versão do género. A qual, tal como as versões convencionais, tem a tração no eixo traseiro.
A colocação da bateria de iões de lítio de 22 kWh arrefecida a água por baixo da carroçaria contribui para um equilíbrio dinâmico notável, pelo que o desempenho dinâmico desta versão é mais agradável do que as outras versões.
Se consideramos que a distância média que as pessoas fazem por dia em cidade é de 40 km e que numa utilização inteligente do sistema elétrico conseguimos fazer 200 km, o intervalo entre carregamento estende-se a cinco dias.
Um carregamento que só pode ser feito até 22 kW em corrente alternada, já que o sistema do Twingo não permite carregamentos rápidos em corrente contínua, como acontece com o ZOE.
Assim e se o posto de 22 kW estiver mesmo a debitar a potência máxima, o carregamento da bateria do Renault Twingo demora 1 hora. Tempo que será inferior numa wallbox ou numa tomada doméstica.
Para calcularmos o tempo basta dividirmos os 22 kWh de capacidade da bateria, pela potência da tomada usada para a carregar (a potência da tomada calcula-se multiplicando a tensão da rede pela intensidade de corrente da tomada).
Tecnologia útil
Exteriormente, são poucas as diferenças que distingam esta versão totalmente eletrificada. Mesmo assim, há apontamentos que a identificam, como as inserções azuis na carroçaria, as jantes, o logótipo, ou até mesmo a ausência de escape. Para além de uma ausência quase total de ruído.
Como nas outras versões, o Twingo Electric oferece os mesmos packs de personalização.
Por dentro, as diferenças concentram-se sobretudo na instrumentação e nas informações do funcionamento elétrico.
A habitabilidade não sofreu alterações e a mala tem uma capacidade 240 litros, um valor que se situa acima da média do segmento.
À semelhança dos outros modelos, o Easy Connect permite, neste caso, funcionalidades novas que decorrem do facto deste modelo ser elétrico. Assim e quando programamos um itinerário, o sistema tem em consideração a autonomia na escolha do percurso energeticamente mais eficiente, indicando igualmente os vários postos de carregamento existentes ao longo do percurso selecionado.
A aplicação My Renault é outra funcionalidade útil.
A partir de 22 200 euros
Os preços começam nos 22 200 euros para a versão Zen e 23 200 euros para a versão Intense.
Qualquer destes valores inclui obviamente a bateria, até porque a Renault já abandonou a modalidade de aluguer da bateria.
Depois de mais de 30 anos no mercado desde que a primeira geração do Twingo foi anunciada e com um recorde de vendas de mais de 3,75 milhões deste mesmo modelo, esta versão elétrica é o corolário lógico deste carro essencialmente concebido para andar nas grandes cidades.