Sociedade de advogados de Londres acusa a Renault e a Nissan de manipularem emissões de gases de escape e avançou com uma ação judicial contra as duas marcas. Estas rejeitam todas as alegações.
A sociedade de advogados londrina Harcus Parker anunciou que está a preparar uma ação judicial contra a Renault e a Nissan por manipulação dos resultados das emissões de gases de escape de 1,3 milhões de veículos.
Em causa estão as conclusões de um teste independente em que se refere que 700 mil veículos diesel da Renault e 600 mil da Nissan, vendidos no Reino Unido, poderiam estar equipados com dispositivos de fraude das emissões. Entre os modelos afetados incluem-se o Note, o Juke, o X-Trail, o Clio, Espace, Captur, Mégane e Scénic.
LEIA TAMBÉM
Fabricantes acusados de manipular emissões… com o novo ciclo WLTP
A Harcus Parker também solicitou informação ao Department for Transport (DfT) – o equivalente do IMT no Reino Unido - e alega ter tido o acesso a "documentos nunca vistos anteriormente", indicando que até 100 mil veículos Nissan Qashqai com motor 1.2 a gasolina apresentavam valores de emissões superiores até 15 vezes aos previstos por lei no Reino Unido.
"Pela primeira vez temos a prova de que os fabricantes automóveis podem ter feito batota nos testes de emissões de gasolina, tal como aconteceu nos veículos diesel", afirmou Damon Parker, sócio sénior da Harkus Parker.
"Escrevemos à Renault e à Nissan para obtermos uma explicação para estes extraordinários resultados, mas os dados sugerem, tal como sucedeu com muitos carros da Volkswagen e da Mercedes, que existia um dispositivo que reconhecia quando estava a ser efetuado um teste e só então respondia da melhor forma".
Problemas também no Qashqai 1.2
A firma inglesa também alega que o governo britânico tentou convencer a Nissan a recolher os veículos afetados para corrigir a anomalia, mas a marca japonesa recusou-se a fazê-lo.
Em setembro de 2017, a DfT terá escrito à Nissan: "Um veículo Nissan Qashqai a gasolina foi selecionado para os testes deste ano. Já concluímos estes testes e descobrimos que quando efetuamos os testes NEDC num circuito e depois realizamos o teste Real Driving Emissions, as emissões de óxido de azoto (NOx) eram muito elevadas para este veículo".
Um ano depois, a DfT voltou a dizer que o Qashqai "não foi desenhado suficientemente bem para controlar as emissões de NOx nas condições do mundo real".
Entretanto, a sociedade de advogados refere ainda na ação judicial que os veículos da Renault e da Nissan com motores diesel de 1,5 litros e 1,6 litros estão entre os piores do mundo no que se refere as emissões de NOx, piores mesmo que os veículos da Volkswagen e da Mercedes.
Acusações rejeitadas
Por sua vez, a Nissan e a Renault já rejeitaram todas as alegações da sociedade de advogados. "A Nissan não utiliza nem utilizou dispositivos alterados em nenhum dos carros que fabrica e todos os veículos Nissan cumprem rigorosamente toda a legislação de emissões que se encontra em vigor", refere um comunicado da marca.
"O relatório inicial de 2017, que parecia uma variação entre o laboratório e as condições do "mundo real", apresentou variações em todas as marcas envolvidas. Também indicou que os veículos Nissan testados cumpriam todos os limites de emissões obrigatórios", sublinha a Nissan.