O governo gaulês pretende avaliar se a marca utilizou algum esquema fraudulento para enganar os limites de emissões, mas a Renault já veio refutar as acusações. Foi aberto em França um processo de investigação à Renault, e desde 12 de janeiro que autoridades gaulesas estão a avaliar se a marca deve ser levada a tribunal por atuação fraudulenta relacionada com os limites de emissões. Este processo teve origem na "Comissão Royale", que recebeu o nome da Ministra do Ambiente francês, Segoléne Royale e se dedicou a analisar as emissões poluentes de vários fabricantes na sequência do escândalo VW. Segundo a Reuters, os juízes do Gabinete do Procurador de Paris avaliam as implicações que o incumprimento das regras de emissões poderia ter para a saúde pública. A Renault veio já refutar as acusações, indicando que os seus automóveis cumprem os limites legais, não utilizam qualquer software ilegal e que os fabricantes automóveis, tal como as restantes autoridades, concordam com a introdução de limites de emissões mais restritivos. A marca recordou ainda que em março de 2016 explicou a uma comissão técnica independente o plano de redução de emissões dos seus motores diesel Euro6, e que este foi considerado transparente, satisfatório e credível. A questão é descobrir se a marca utilizou algum dispositivo com o único propósito de enganar os testes de emissões realizados em laboratório, algo que a Renault refuta. A situação que está no centro da questão prende-se, segundo a Automotive News Europe, com a recirculação de gases de escape, sistema que pode ser desligado quando existe o risco de que as temperaturas coloquem em causa os componentes dos automóveis. A Renault terá explicado, segundo esta publicação, que os seus propulsores diesel mais comercializados sofrem de graves problemas de entupimento relacionados com a recirculação de gases, pelo que a solução encontrada foi a definição de uma janela termal entre os 17º e os 35º para o funcionamento do sistema. Este intervalo engloba as temperaturas a que são feitos os testes em laboratório, permitindo cumprir os limites estabelecidos na Europa, mas a situação pode ser diferente em estradas públicas com condições climáticas mais extremas. Basta recordar o caso português na última semana (que nem é dos países mais frios da Europa), em que as temperaturas raramente ultrapassaram os 17º. Estas janelas termais têm sido efetivamente ponto de discórdia, com as entidades reguladoras de países como a Alemanha e Reino Unido a criticarem, não apenas a Renault mas também outros fabricantes, os curtos intervalos de funcionamento dos sistemas de recirculação de gases, que permitem que os automóveis emitam acima dos limites durante muitos dos períodos de condução. A notícia sobre o possível incumprimento da Renault surgiu precisamente na semana em que a Volkswagen, que esteve na origem do elevado escrutínio à poluição dos automóveis, chegou a acordo com as autoridades americanas sobre a pesada multa a pagar pelo Dieselgate. Também nos últimos dias a Agência Ambiental Norte-Americana veio colocar o foco sobre a Fiat-Chrysler, procurando avaliar se o grupo italo-americano também terá utilizado softwares que permitissem enganar os testes aos limites de emissões.