A Renault cedeu a sua participação na AvtoVAZ ao instituto russo de pesquisa automóvel NAMI por 1,3 cêntimos. A fábrica de Moscovo que produz automóveis das Renault e Nissan também foi vendida. Este é o preço a pagar pela saída da Rússia.
A Renault vai transferir a sua participação na AvtoVAZ, a fabricante da Lada, ao instituto russo de pesquisa automóvel NAMI, que adquirirá os 68% detidos pelo construtor francês pelo valor de um rublo, isto é, 1,3 cêntimos ao câmbio atual.
A instituição russa foi fundada há mais de um século e é a principal organização científica daquele país na área do desenvolvimento para a indústria automóvel. No passado, a NAMI foi responsável pela conceção e construção de vários modelos de automóveis, mas provavelmente o projeto mais emblemático terá sido a limousine Aurus Senat do presidente Vladimir Putin.
A venda da AvtoVAZ à NAMI é o mais recente exemplo da aquisição a preços de saldo de empresas ocidentais por instituições russas, na sequência do êxodo em massa do mercado.
O negócio foi revelado incialmente por agências noticiosas russas, citando o ministro do Comércio Denis Maturov. A Renault poderá readquirir a AvtoVAZ no prazo de cinco a seis anos, se assim o desejar, mas o custo será significativamente superior a um rublo, segundo afirmou o ministro do Comércio. "Se durante este período fizermos investimentos, então isso será levado em conta em termos de custos. Não haverá nenhuma prenda aqui", sublinhou Manturov.
Entrada no capital em 2008
Além da transferência de propriedade, a fábrica da Renault, que produz automóveis das marcas Renault e Nissan, também vai ser vendida ao governo da capital do país.
Mais de 760 empresas anunciaram a suspensão das operações na Rússia devido à invasão da Ucrânia no dia 24 de fevereiro, que levou à possibilidade de expropriação por aqueles país de milhares de milhões de euros em ativos.
A participação da Renault na AvtoVAZ teve início em 2008, com uma quota de 25%, no valor superior a 950 milhões de euros. O construtor gaulês foi, entretanto, aumentando a sua participação no fabricante russo até essa posição ficar totalmente consolidada no seu relatório de contas em 2017.
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Com uma participação tão grande, a Renault é a marca ocidental mais exposta à Rússia, tendo anunciado recentemente que iria suspender as suas operações no país, na sequência da pressão do Governo e da opinião pública.
Nem a Renault nem o Governo francês, que detém uma quota de 15% no construtor automóvel, fizeram qualquer comentário acerca desta transferência.