Com base numa versão "esticada" da plataforma CMF-B, utilizada pelo Clio e pelo Captur, a Renault desenvolveu o novo SUV-Coupé Arkana. A versão com imagem mais desportiva da gama é a R.S. Line, aqui analisada com a motorização 1.3 TCe de 140 cv e tecnologia microhíbrida.
Os SUV-coupé ainda representam um pequeno "nicho" no mercado automóvel, mas a tendência é para crescer rapidamente, sobretudo graças à Renault, marca que tem vindo a democratizar conceitos e tecnologias que anteriormente só estavam disponíveis em segmentos superiores.
O subsegmento dos SUV-coupé tem sido dominado pelas marcas premium alemãs, mas o panorama promete mudar com o Renault Arkana, um modelo mais acessível do que o BMW X4 ou o Mercedes-Benz GLC Coupé.
A designação comercial Arkana tem sido utilizada pela Renault num SUV-Coupé que se encontra em comercialização há alguns anos na Rússia, mas o modelo que acabou de ser introduzido na Europa Ocidental - produzido pela Samsung Motors na Coreia do Sul - poucas semelhanças apresenta face ao seu congénere de Leste, com exceção do design da carroçaria e do nome.
Assim, enquanto o Arkana "original" é um parente próximo do Dacia Duster, o novo modelo foi desenvolvido a partir de uma versão "esticada" da plataforma CMF-B, utilizada por modelos como o utilitário Clio ou o SUV compacto Captur. Com de 4,57 metros é mesmo mais comprido do que o Kadjar e tem a mesma largura, mas a altura total é menor, semelhante à do Captur.
A versão com imagem mais desportiva da gama Arkana é a R.S. Line, que exteriormente se distingue pelos badges específicos, as jantes em liga leve de 18 polegadas, o pára-choques dianteiro com lâmina aerodinâmica inspirada na Fórmula 1, as proteções dianteira e traseira - esta última com dupla saída de escape - e retrovisores exteriores em preto brilhante.
INTERIORA longa distância entre-eixos de 2,72 metros permitiu à Renault disponibilizar um habitáculo bastante espaçoso. Os bancos dianteiros recuam o suficiente para acomodar ocupantes com as pernas mais compridas e a largura também é mais do que suficiente. A altura da cabeça não é brilhante devido à linha de tejadilho descendente típica dos coupé.
Os ocupantes dos bancos traseiros também dispõem de bastante espaço para as pernas, enquanto a bagageira é bastante generosa, oferecendo um volume de 513 litros com todos os bancos na posição normal, podendo ser ampliada até aos 1296 litros com o rebatimento dos assentos traseiros.
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Os materiais utilizados no interior do Arkana, com plásticos suaves na parte superior do painel de bordo e nas portas, convencem pela sua qualidade e os botões apresentam um aspeto sólido.
A versão R.S. Line oferece decorações específicas a vermelho no volante e no painel de bordo, alusivas a este nível de equipamento mais desportivo, assim como costuras a vermelho nos painéis das portas, nos bancos e no apoio de braço central. O tecto, por sua vez, possui revestimento em preto.
Igualmente específicos desta versão são os pedais em alumínio, os bancos em couro alcântara, com regulação elétrica e aquecidos.
Espaços para arrumação não faltam no interior do Arkana, destacando-se as bolsas generosas nas portas, dois porta-copos, um compartimento por baixo do apoio de braços dianteiro e um prático compartimento à frente do seletor da transmissão que pode ser usados para colocar um telemóvel ou uma carteira.
MECÂNICAA pressão crescente sobre os motores diesel reflete-se na gama Arkana, que é proposta apenas com motorizações turbo a gasolina, de quatro cilindros e 1,3 litros, e eletrificadas com sistemas microhibridos de 12V, ou híbridas plug-in de 1,6 litros.
No caso da solução microhíbrida, a tecnologia substitui o alternador e o motor de arranque de elevada capacidade - associado a uma bateria de iões de lítio de 12V - por uma máquina integrada no módulo da caixa de dupla embraiagem (EDC) de sete velocidades, que melhora o funcionamento do sistema Start-Stop, garantindo a regeneração de energia durante as desacelerações.
O sistema microhíbrido também permite que o motor de combustão interna desligue durante as travagens. O alternador-motor de arranque e a bateria para contribuem para otimizar o consumo de combustível nas fases de maior exigência, designadamente no arranque e na aceleração. Por outro lado, garante uma maior suavidade sempre que o motor retoma a marcha, proporcionando uma condução mais confortável.
Na versão 1.3 TCe 140 microhíbrida, o Arkana disponibiliza um binário máximo de 260 Nm entre as 1750 e as 3500 rpm.
TECNOLOGIAO habitáculo do Renault Arkana carateriza-se pelo elevado cariz tecnológico, com a disponibilização de soluções que normalmente só estão disponíveis em modelos de segmentos superiores.
O Arkana conta com um painel de instrumentos digital com dez polegadas que integra o sistema Multi-Sense, o qual possibilita a configuração da dinâmica e do ambiente a bordo. Na consola central está presente um outro ecrã digital, mas de 9,3 polegadas e numa configuração vertical, que permite aceder às funcionalidades do sistema multimedia Easy Link, incluindo navegação, sendo compatível com Android Auto e Apple CarPlay, contando com ligações Bluetooth e entradas USB.
Além disso, está igualmente disponível um carregador de smartphone por indução. A marca francesa refere mesmo que o Arkana é um dos recordistas do segmento em termos de maior superfície de painéis digitais.
A adoção da moderna plataforma CMF-B permitiu a introdução de avançadas tecnologias de assistência à condução e o Arkana não se faz rogado neste capítulo. O SUV-coupé da marca francesa vem equipado, de série, com o alerta de distância de segurança, alerta de excesso de velocidade com reconhecimento de sinais de trânsito, comutação automática das luzes de estrada / cruzamento, regulador e limitador de velocidade, sistema de travagem à travagem de emergência com deteção de peões e ciclistas, sistema de assistência na transposição involuntária de via ou o alerta de ângulo morto.
Para compensar a perda de visibilidade traseira devido ao formato coupé da carroçaria, o Arkana vem equipado com câmara de marcha-atrás e sistema de ajuda ao estacionamento traseiro e dianteiro. A dotação de série inclui ainda os retrovisores exteriores reguláveis e rebatíveis eletricamente com sistema de desembaciamento, travão de estacionamento elétrico.
AO VOLANTEEncontrar uma posição de condução confortável no Arkana é bastante fácil, graças às múltiplas possibilidades de regulação do banco e do volante. A posição de condução não é tão elevada como num SUV, mas é mais alta do que numa berlina.
A combinação do motor 1.3 TCe de 140 cv com a caixa de dupla embraiagem de sete velocidades permite oferecer um comportamento dinâmico agradável, quer em termos de acelerações, quer de recuperações. A tecnologia microhíbrida com Start-Stop permite obter um consumo de combustível relativamente decente para um veículo que pesa em vazio mais de 1,4 toneladas, com o computador de bordo a indicar um valor médio durante o ensaio de 6,9 l/100 km, valor acima dos 5,8 l/100 km anunciados pela marca.
As alterações estruturais introduzidas pela Renault na plataforma utilizada pelo Arkana permitiram equilibrar o seu comportamento, nomeadamente no eixo traseiro, garantindo um estabilidade acrescida quando se curva a alta velocidade. O movimento lateral é contido, graças a uma boa afinação do amortecimento.
A direção também se revelou precisa e rápida, permitindo oferecer uma elevada agilidade nos trajetos mais sinuosos. O sistema de travagem, constituído por discos ventilados à frente e maciços atrás, revelou-se potente e eficaz.
Os sistemas de assistência à condução, designadamente do regulador adaptativo da velocidade de cruzeiro, são simples e intuitivos de usar, graças aos comandos existentes no volante multifunções.
VEREDICTOCom um preço de venda ao público de 36.200 euros e um nível de equipamento bastante completo, o Renault Arkana R.S. Line TCe 140 EDC apresenta-se como uma proposta alternativa às marcas premium alemãs no segmento dos SUV-Coupé e "ameaça" democratizar o conceito. Argumentos de peso não lhe faltam, talvez só uma mais económica motorização diesel porque a híbrida plug-in também está disponível, mas isso são os sinais dos tempos.
Gostámos
Atenção aos detalhes A consola central oferece inúmeros espaços de arrumação, incluindo um útil compartimento para o cartão Renault com acesso e arranque em mãos-livres. Pode-se dizer que os franceses prestaram atenção a todos os detalhes. | Capacidade bagageira A capacidade da bagageira do Arkana é uma das referências do segmento, oferecendo 513 litros com os bancos traseiros na posição normal. Estes podem ser rebatidos em 1/3 e 2/3, formando um piso plano que também pode ter fundo amovível. | Equipamento completo Conhecida por democratizar equipamentos, a Renault não deixou os seus créditos por mãos alheias e o Arkana não é exceção, disponibilizando as mais recentes inovações em termos de conforto, conectividade e assistência à condução. |
Não Gostámos
Visibilidade traseira O formato da carroçaria do tipo coupé, do óculo traseiro e os grossos pilares prejudicam a visibilidade, designadamente nas manobras de estacionamento. Esse constrangimento foi ultrapassado com a câmara de marcha-atrás e os sensores, que são de série. | Altura interior A descida da linha de tejadilho na secção traseira, típica da carroçaria coupé, tem como reflexo uma ligeira diminuição na altura da cabeça dos ocupantes que viajam atrás. Os mesmo não se aplica à largura para as pernas e ombros, que é de bom nível. | Comandos audio Ao contrário de muitos concorrentes, a Renault optou por manter a localização do comando satélite do sistema de audio na coluna de direção, em vez de optar pela instalação deste comando no volante multifunções. |