É, realmente, caso para dizer "Missão cumprida!". Colocadas à prova naquele que é um dos ralis para clássicos mais duros do mundo, duas Renault 4L "portuguesas" conseguiram chegar ao fim de uma prova de resistência com quase 5.000 quilómetros, confirmando aquilo que a sabedoria popular há muito afirma: especialmente no caso destas duas 4L, velhos são os trapos!...
Num ano em que o icónico modelo francês comemora os 60 anos do seu aparecimento, as duas Renault 4L "portuguesas" permitiram, assim, às duplas lusas António Pinto dos Santos/Nuno Rodrigues da Silva e Pedro Matos Chaves/Marco Barbosa, alcançar o objectivo a que haviam proposto, aquando da apresentação do desafio, no início deste mês de fevereiro: concluir a edição de 2022 do East African Safari Classic Rally, considerado como um dos ralis para automóveis clássicos mais difíceis e duros no mundo.
Sujeitas a temperaturas diárias a rondar os 40 graus centígrados e a classificativas com pisos demolidores, em que a velocidade média regulamentar era de 75 km/h, isto para um automóvel que tem como uma velocidade máxima os 120 km/h, as duas Renault 4L acabaram confirmando, mais uma vez, a ode à resistência e à fiabilidade automóvel que há muito lhes é reconhecida. E que nem mesmo as habituais contrariedades - cedência de amortecedores, semieixos e radiadores -, vulgares em provas deste quilate, conseguiram beliscar.
Aliás e sobre os amortecedores, a curiosidade de terem sido as únicas peças que, à partida para o rali, não eram de série, uma vez que equipa tinha decidido montar uma solução mais adequada para os caminhos que se anunciavam. Mas que acabaram de ter de ser substituídos, no dia de descanso, por unidades de série, as quais acabaram cumprindo na perfeição o seu papel.
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Para o principal mentor desta participação, António Pinto dos Santos, "a participação no Safari Classic e o facto de termos os dois carros à chegada de um dos ralis mais duros e difíceis do mundo, só reforça a validade do projeto industrial da Renault 4, que se iniciou há 60 anos e que fizemos questão de vir comprovar ao Quénia, num fantástico evento".
"Foi uma aventura gigantesca, onde nunca nos preocupamos com a classificação, mas onde enfrentamos, como é natural, alguns problemas de amortecedores, radiador e três furos, mas onde conseguimos a proeza assinalável e em que muitos não acreditavam de terminar a prova", concluiu o mesmo responsável, recordando que, "aliás, esta foi a 45ª participação num rali com a Renault 4L e terminámos todos os eventos, o que, mais uma vez, prova, a tenacidade deste modelo".
Quanto ao condutor da segunda Renault 4L, o ex-piloto de Fórmula 1 Pedro Matos Chaves, "o balanço só pode ser positivo pois concluímos uma prova muito difícil, com inúmeras dificuldades, é certo, mas onde a Renault 4L me surpreendeu pelas suas enormes capacidades de transpor todos os obstáculos com que nos deparámos, fossem subidas que eu achava que seriam impossíveis de fazer com um carro de duas rodas motrizes e 34 cv, fossem passagens de areia e 'fesh fesh' onde qualquer automóvel convencional teria ficado atolado e 'sufocado', ou até fazer 88 km com um amortecedor partido, algo que penso mais nenhum carro conseguiria ter feito, e que, definitivamente, mostraram a validade e resistência da Renault 4L".
Entre os maiores desafios, o também ex-piloto oficial da Renault recordou "a aventura que é guiar nas longas ligações com médias obrigatórias difíceis de cumprir para a 4L e com muito trânsito de camiões que, muitas vezes, andavam mais do que o nosso carro, mas também o perigo e a incerteza do comportamento dos animais selvagens como leões, elefantes e girafas, quando tivemos que parar o carro para resolver problemas mecânicos e ficamos 'sob observação'. Em todo o caso, só posso dizer que o rali se transformou numa experiência fantástica, que ficará para sempre na minha memória".
Apenas e só como curiosidade, uma vez que não era esse o objectivo último, referência para o 39.º lugar, num total de 41 concorrentes, da dupla António Pinto dos Santos/ Nuno Rodrigues da Silva na sua 4L, assim como para o último lugar, entre as equipas sobreviventes, da dupla Pedro Matos Chaves/Marco Barbosa.