Ford Ranger Raptor. Da pick-up ficou a carroçaria

Se a anterior da Ranger Raptor já era uma das referências da categoria em fora de estrada, da pick-up original ficou a carroçaria.

Se a anterior Ranger Raptor já era uma das referências da categoria em fora de estrada, a nova geração recebeu ainda mais tecnologia para melhorar a dinâmica de condução que se pode dizer que da pick-up original ficou a carroçaria. Tudo o resto foi afinado para utilização em fora de estrada, incluindo o sistema de suspensão específico. Exclusivo da Ranger Raptor é o motor V6 a gasolina de 3,0 litros com 292 cv. 

A anterior geração da Ranger Raptor já era uma das mais competentes da sua categoria em termos de prestações em fora de estrada. Mas os responsáveis da Ford Pro ainda não estavam totalmente satisfeitos e por isso incumbiram o departamento Ford Performance na Austrália para melhorar tudo o que fosse necessário.

Os australianos não se fizeram rogados e empenharam-se a fundo para transformar a segunda geração da Ranger Raptor na "rainha das pick-up", procurando, acima de tudo, melhorar as capacidades técnicas em todo-o-terreno.

A base da nova Ranger Raptor é naturalmente a mais recente geração da Ranger, mas conta com elementos específicos para enfrentar as situações mais exigentes, destacando-se um chassis específico, significativamente evoluído, ao que se juntam apoios e reforços especiais no pilar "C", na caixa de carga, nos limitadores e nas torres da suspensão e nos apoios dos amortecedores traseiros.

A Ranger Raptor também recebe em exclusivo um novo motor a gasolina V6 3.0 turbo, afinado pela Ford Performance para desenvolver, para a Europa, uma potência máxima de 292 cv (na Austrália onde as normas de emissões são diferentes pode chegar aos 400 cv!)  e 491 Nm de binário.  

V6 3.0 em estreia

O novo motor V6 3.0 está associado a uma caixa automática de dez velocidades, que oferece sete programas de condução, desde os tradicionais Normal e Sport, passando pelo Slippery,  Mud / Ruts, Sand, Rock Crawl e Baja. A seleção é efetuada através de um comando giratório, localizado na base da consola central, assim como vários modos de tração (integral permanente, redutoras). 

O motor foi programado com um perfil individual para a resposta dos turbocompressores em cada uma das dez relações da caixa de velocidades automática. Além disso recebeu um sistema anti-inércia (anti-lag), projetado inicialmente para a competição, que proporciona uma entrega rápida de potência sempre que solicitada. 

Motor EcoBoost V6 3,0 litros

O sistema anti-lag mantém os dois turbos em rotação até três segundos após o condutor aliviar o acelerador para possibilitar uma recuperação mais rápida da aceleração à saída das curvas ou durante as passagens de caixa, quando o condutor volta a solicitar o acelerador.

Para transmitir uma experiência de condução mais abrangente, a Ford Pro introduziu um sistema de escape de válvulas ativas, de controlo eletrónico, que amplifica a sonoridade do motor através de quatro modos selecionáveis: Quiet, Normal, Sport e Baja.

A pick-up topo de gama da Ford recebe ainda o sistema Trail Control, que atua como um regulador da velocidade de cruzeiro (cruise control) para condução em fora de estrada. O utilizador tem apenas de selecionar uma velocidade até 32 km/h que depois a eletrónica fará a gestão automática da aceleração e travagem, deixando ao condutor a tarefa de concentrar a sua atenção na condução em terrenos difíceis. Este sistema também está preparado para funcionar com os controlos de diferencial, traseiro e dianteiro. A selecção destes comandos é efetuada no ecrã tátil da consola central.  

Amortecedores Live Valve 

O excelente comportamento em todo-o-terreno, independentemente das condições do piso, é assegurado por um robusto sistema de controlo da suspensão que utiliza novos amortecedores Fox Live Valve de 2,5 polegadas com bypass interno, os quais beneficiam de uma sofisticada tecnologia que oferece uma capacidade de amortecimento sensível à posição. Os amortecedores contêm óleo infundido com Teflon, o que reduz o atrito em cerca de 50% em comparação com os utilizados na geração anterior da Ranger Raptor. 

Assim, os amortecedores conseguem adaptar-se em tempo real às condições, graças a sensores colocados em redor do veículo, permitindo taxas de gestão do amortecimento na ordem das 500 vezes por segundo em cada curva.

Poucas missões são impossíveis para a Ranger Raptor

O sistema de suspensão não só funciona em sintonia com os diferentes modos de condução como também trabalha em segundo plano para preparar o veículo para as diferentes condições de utilização. 

À medida que os amortecedores se comprimem, diferentes pontos dentro do sistema by-pass fornecem a dose exata de apoio necessária para o curso de amortecimento que está a ser utilizado, e revertem este modo de funcionamento assim que os amortecedores retomam o curso máximo.

Proteção inferior do chassis

Para oferecer a melhor proteção da parte inferior face aos severos impactos no solo, o sistema Bottom-Out Control, derivado da competição, assegura a máxima força de amortecimento nos últimos 25% do curso do amortecedor. Por outro lado, o sistema pode endurecer os amortecedores traseiros para evitar o afundamento da carroçaria sob forte aceleração, melhorando a estabilidade do veículo. 

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Como se tudo isto não fosse suficiente, os engenheiros da Ford Performance introduziram uma proteção inferior do chassis em aço de alta resistência com 2,3 mm de espessura, o dobro da usada na Ranger "normal". Em combinação com a proteção inferior do motor e da caixa de transferência, esta placa ajuda a proteger componentes essenciais como o radiador, o sistema de direção, a travessa dianteira, o cárter do motor e o diferencial dianteiro. 

Interior específico

O interior da Ranger Raptor também é específico, destacando-se os detalhes em Code Orange no painel de instrumentos, nos revestimentos e nos bancos desportivos, inspirados no design dos assentos do aviões de combate F-22 Raptor.

O condutor tem ao seu dispor um painel de instrumentos digital de 12,4", que oferece múltiplas opções de visualização e responde ao modo de condução e tipo de sonoridade de escape, apresentando ainda informações sobre o veículo e sobre o todo-o-terreno, assim como navegação detalhada.

A consola central integra um ecrã tátil de 12", com a mais recente geração do sistema de conectividade e entretenimento Ford SYNC 4A, compatibilidade sem fios com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto. A dotação de série compreende ainda um sistema de som Bang & Olufsen, de oito altifalantes.

O comando rotativos dos programas de condução também é novo, enquanto o travão de estacionamento passou a ser elétrico. Isto permitiu aumentar o espaço de arrumação na consola central e o carregamento de smartphones em modo wireless. Além disso existem ainda quatro entradas USB, duas à frente e duas atrás.

Quase não há obstáculos

Conduzimos a nova Ranger Raptor V6 3.0 num circuito de fora de estrada nos arredores de Barcelona. Caminhos rochosos e pedregosos, encostas com fortes subidas e descidas, pistas com areia ou terra solta. Quase nenhum obstáculo é impossível de superar pela pick-up topo de gama da Ford. 

A combinação da motorização a gasolina com 292 cv e 491 Nm de binário com a caixa automática de dez velocidades, os diferentes modos de condução, as possibilidades de bloqueio dos diferenciais dianteiro e traseiro, e a suspensão com amortecedores live valve transformam este veículo mais num todo-o-terreno puro e duro do que numa pick-up clássica.    

A direção bastante precisa, embora com uma ligeira tendência de subviragem quando levada aos limites, o chassis bastante equilibrado e as muitas ajudas eletrónicas contribuem para uma condução bastante agradável, prazer que aumenta quando se ouve o motor V6 a reagir. Por outro lado, a regulação da suspensão, que já era excelente na anterior Ranger Raptor, ainda está melhor, permitindo amortecer todos os impactos no solo, mesmo a velocidades mais elevadas em pisos de terra no modo mais desportivo Baja.

Consumo elevado

Pela negativa há que destacar o comando da transmissão, que se revelou lento a responder na seleção quer dos programas de condução, quer dos modos de tração. Além disso e como seria de esperar, os baixos custos de utilização não serão propriamente os argumentos mais fortes desta Ranger Raptor com motor V6 a gasolina, com o computador de bordo a indicar valores entre entre 19 litros e 24 litros por cada cem quilómetros percorridos nos modos Normal e Sport, respetivamente. 

O preço de venda ao público também não será outro argumento competitivo da Ranger Raptor, já que está disponível a partir de 83.873 euros. Não deixa, no entanto, de ser uma das melhores propostas desta categoria e fica sempre numa garagem de qualquer colecionador de viaturas mais desportivas.