Se ainda se recorda do sucesso de cinema "Querida, encolhi os míudos", o título assenta na perfeição para os planos de Sergio Marchionne para a Fiat no novo plano estratégico, numa obra designada "Querida, encolhi a Fiat". Tal como se esperava, a Fiat não recebeu boas notícias quando Sergio Marchionne apresentou, na passada sexta-feira, o novo plano estratégico do Grupo FCA. Ao contrário da Maserati e Jeep, consideradas as grandes beneficiadas com novos modelos, e da Alfa Romeo, onde o reforço da gama SUV e o regresso de dois superdesportivos icónicos foram as maiores novidades, no caso da marca italiana de maior volume existe uma reorganização e aposta apenas em segmentos estratégicos. Ou, se preferirmos a designação do título, "Querida, encolhi a Fiat". [https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2018/06/Fiat-500L-Press-Kit-007-1111.jpg,https://www.turbo.pt/wp-content/uploads/2018/06/Fiat-500L-Press-Kit-007-22222.jpg] Esta 'dieta Marchionne' tem base a ideia de que "devido às regras [de emissões na União Europeia], é muito difícil para os fabricantes de volume terem muitos lucros", sendo que a melhoria da rentabilidade foi o foco no plano delineado pelo líder do Grupo Fiat-Chrysler. A solução passa, então, por um reposicionamento, com o Diretor-Executivo a afirmar que "o espaço para a Fiat na Europa será redefinido numa área mais exclusiva". Na prática, isto quer dizer que apenas as gamas Panda e 500 serão mantidas (além do 124 que é produzido pela Mazda). A razão para este reposicionamento, com a simples aposta onde a marca é mais forte, justifica-se pelos dados do mercado. No segmento europeu conhecido como os "minicars", onde se englobam os citadinos, os transalpinos ocupam o primeiro lugar das vendas com o 500 (190389 unidades), e também o segundo posto com o Panda (187682 exemplares). Bem longe fica o modelo no lugar mais baixo do pódio, o VW Up! (98929 veículos comercializados). No caso da gama do Fiat 500, ela passará a ter elétricos e híbridos (no caso dos 500L e 500X apenas esta última opção está contemplada). Junta-se ainda uma nova carrinha 500 Gardiniera, que recupera a designação que a marca usou num modelo com estas características nos anos 70. A grande dúvida passa agora por saber onde será fabricado o futuro 500e, pois atualmente ele é produzido apenas no México e exportado para os Estados Unidos, enquanto os restantes membros da família 500 saem das linhas de produção de Tichy. Esta fábrica situada na Polónia poderá futuramente ser o berço de todos os modelos da Fiat para a Europa, já que também o Panda deve trocar de unidade de produção, saindo de Pomigliano. No caso do roadster 124 Spider, aparentemente a vontade de manter o modelo na gama não seria muita, pelo que expressou Sergio Marchionne. O CEO do grupo italo-americano afirma que ele se mantém "especialmente devido ao compromisso com a Mazda para o produzir". Assim, os principais prejudicados pela fórmula "Querida, encolhi a Fiat" são o Punto e o Tipo. No caso do primeiro modelo isso percebe-se facilmente, pois era estava já bastante envelhecido, como o péssimo comportamento demonstrado recentemente nos testes de segurança comprova, seguindo agora para a reforma. No caso do Tipo, lançado em 2015, a explicação dada foi que seriam bastante dispendiosas as alterações necessárias para que ele cumprisse as normas de emissões na U.E. Por isso, o Fiat Tipo não deixa de ser produzido, mantendo-se nos mercados europeus fora do espaço comunitário, Ásia e África, apenas sai de cena em países como Portugal e restantes membros da União Europeia. Fonte: Automotive News Europe