Um acidente a 56 km/h pode ser fatal, caso os ocupantes não adotem a postura correta. As conclusões de um "crash test" invulgar são arrasadoras e faz parte do bom serviço de uma oficina alertar os seus clientes para que evitem alguns comportamentos de risco.
O teste de colisão, efetuado em Valladolid (Espanha), organizado pelo RACE, o clube automóvel espanhol, e a Goodyear, produziu resultados preocupantes, já que milhões de espanhóis viajam de automóvel em posições que, em caso de acidente, mesmo a velocidades moderadas, podem ser mortais! Nomeadamente com o encosto muito reclinado, o cinto de segurança mal colocado (ou até sem ele), objetos soltos dentro do veículo ou com os pés em cima do tablier.
Face à gravidade dos resultados, as oficinas podem jogar aqui um papel decisivo, enquanto elemento influenciador dos seus clientes, passando-lhes uma série de conselhos no sentido de adotarem uma posição correta e segura dentro do veículo. Porque, apesar de se tratar de um estudo que reflete as tendências de "nuestros hermanos", não é de estranhar que a realidade nacional não difira muito destes valores.
No "crash test", o veículo foi sujeito a um impacto frontal a 56 km/h, enquanto os seus ocupantes estavam colocados da seguinte forma: o condutor com cinto de segurança solto e numa posição próxima do volante; o passageiro da frente com as costas apoiadas e os pés no tablier; e o do banco traseiro, no lado esquerdo, sem cinto de segurança e a segurar um bebé nos braços.
Feito o teste, os resultados foram… mortais para todos os ocupantes! Para o motorista porque a pressão exercida pelo embate do ocupante traseiro (sem cinto) excedia as duas toneladas, mas também porque os movimentos do pescoço e da cabeça excediam os níveis máximos. Para o "copiloto" porque a compressão do tórax excede o dobro do limite tolerável para uma pessoa e porque a cabeça ao bater nas pernas também excede os níveis máximos. Enquanto isso, as pernas quebram o vidro da frente, provocando danos graves.
Finalmente, para o ocupante da retaguarda, a força projetada pelo adulto é de 3,5 toneladas, esmagando primeiro o bebé contra o banco da frente e depois o condutor contra o volante. Durante o embate, o ocupante voa pelo habitáculo, atingindo também o teto do veículo, e acaba o impacto sobre o corpo do bebé, com consequências igualmente fatais.
Para evitar possíveis acidentes, além das dicas constantes neste artigo, as oficinas deverão ainda transmitir aos seus clientes a importância de realizar regularmente uma manutenção do veículo, no geral, e aos pneus em particular. É fundamental ter os pneus em boas condições, pois nunca é demais relembrar que são eles que estão em contacto com o piso.
Assim, as oficinas devem aconselhar os seus clientes a verificarem o desgaste dos pneus. A profundidade mínima legal é de 1,6 mm, mas o ideal será trocá-los ao atingirem os 3 mm. É também necessário verificar com regularidade a pressão dos pneus, uma vez por mês ou antes de uma viagem longa.
Conselhos para uma correta postura
Face aos resultados tão preocupantes no comportamento dos passageiros, deixamos aqui um conjunto de conselhos e dicas a adotar dentro do habitáculo e que as oficinas podem promover junto dos proprietários dos veículos:
– Todos os ocupantes do veículo devem usar sempre o cinto de segurança, independentemente do tipo de estrada ou da distância percorrida (muitos dos acidentes mais graves ocorrem em percursos curtos);
– Ajustar bem o cinto de segurança ao corpo, sendo de evitar a utilização de roupas grossas;
– Nunca remover a faixa diagonal do cinto de segurança, já que se perde toda a eficácia, além de poder provocar ferimentos graves;
– Coincidir em altura a parte superior da cabeça com o apoio de cabeça, tendo em conta que a parte de trás da cabeça deve ter cerca de 4 cm;
– Posicionar o encosto do banco com uma inclinação máxima de 90º + 25º; quanto mais vertical estiver, maior é a segurança;
– A postura ideal é aquela em que, com as costas bem apoiadas no encosto do banco e com o braço estendido, o pulso toque no topo do volante;
– O condutor deve estar a uma distância mínima de 30 cm do volante;
– O passageiro da frente nunca deve colocar os pés no tablier, já que o "airbag" e o cinto de segurança perdem a eficácia e provocam ainda mais danos.
Artigo publicado originalmente na Turbo Oficina 82, de dezembro de 2019, que pode ser consultado online.