Porsche Cayenne Coupé: Teste de imagem

A caroçaria Coupé traz novo equilíbrio à imagem do Porsche Cayenne, pelo que só é pena que o motor não acompanhe a vertente desportiva da imagem neste SUV.

Mais baixo e largo, o Cayenne Coupé é o primeiro SUV com linhas verdadeiramente Porsche. Traz uma bem-vinda componente dinâmica a um segmento marcado pela funcionalidade

Definido pela suave curva descendente desenhada pelo tejadilho, da zona do pilar B em direção à traseira, o Porsche Cayenne Coupé assume a silhueta mais desportiva da gama. Há, indiscutivelmente, algo de Porsche no ângulo fechado do pilar C.

Ligeiramente mais comprido (13 mm) e baixo (20 mm), o Coupé perde 145 litros de capacidade de bagageira para o Cayenne normal. Perda mínima quando ainda sobram 625 litros.

O tejadilho mais baixo exige cuidados redobrados no acesso aos lugares traseiros que, por estarem 30 mm mais baixos, não perdem habitabilidade para o Cayenne tradicional.

É preciso ter cuidado com o acesso, mas o espaço interior é igual ao Cayenne normal

A partilha da arquitetura garante mecânicas idênticas para ambas as carroçarias, com as diferenças, para além das óbvias, a serem feitas por pormenores como as barras estabilizadoras mais grossas do Coupé. Tudo somado há um acréscimo de peso que pode variar entre os 25 e os 45 kg.

Tudo depende da versão e especificações escolhidas, porque o Cayenne Coupé é proposto de série com banco traseiro de dois lugares, o do meio é opção, e tejadilho panorâmico.

Para que o peso do vidro não comprometa o centro de gravidade, a Porsche criou o Pacote Desportivo Peso Reduzido (13 653 €). Entre as jantes de 22'' e o tejadilho em carbono visíveis nas imagens, o peso pode baixar entre os 18 e os 22 kg.

As jantes de 22'' são opcionais

Base comum

Com exceção do para-brisas ligeiramente mais inclinado, a frente do Coupé é igual à do Cayenne.

Posição de condução irrepreensível, para SUV, perfeitamente integrada num ambiente sóbrio forrado por materiais de qualidade. Sente-se a falta de botões de atalho para funções como o acionamento do spoiler traseiro ou start/stop do motor, acessíveis apenas pelos menus do ecrã tátil, efeitos secundários da era digital.

A era digital acabou com os botões de atalho. Fazem falta...

Nesta versão base, o Cayenne Coupé utiliza um V6 de três litros, sobrealimentado, com 340 cv. O binário chega aos 450 Nm estáveis entre as 1340 e as 5300 rpm.

Associado à caixa Tiptronic S de oito velocidades e ao sistema de tração integral ativo, o Porsche Cayenne Coupé acelera até aos 100 km/h em seis segundos, marcado igualmente por uma progressão segura, apesar do seu posicionamento SUV, e acompanhada por uma sonoridade natural, que se perde durante a "condução normal".

Se é para ir de casa para o trabalho ou mesmo de fim-de-semana, este é o Cayenne Coupé ideal. Faz consumos médios na casa dos 13 l/100 km ou menos, dependendo da velocidade, e destaca-se pela suavidade da progressão.

Este motor é perfeito para utilizar o Cayenne Coupé como veículo do dia a dia

Bom motor, mas...

Sendo um Porsche, o Cayenne Coupé não se nega a uma boa sessão de condução por estradas secundárias. É capaz de manter ritmos elevados, mas a caixa não tem a velocidade das PDK de dupla embraiagem e ao motor falta-lhe a alma do V6 biturbo de 440 cv do Cayenne S Coupé.

Outra falta grave, que se sente logo na capacidade de manobra em espaços apertados, é o eixo traseiro direcional. Sem este opcional, o Cayenne Coupé sente mais dificuldade em controlar o peso na abordagem às curvas.

A velocidade elevada, a suspensão pneumática (2208 €) segura os movimentos da carroçaria, mas perde a luta nas zonas encadeadas.

O spoiler traseiro é adaptativo

Muito solicitados, os travões não tardam a aquecer. Com pouca sensibilidade, o pedal também não ajuda. Vibra para informar que o ABS entrou, sem avisar dos limites, transformando a travagem para as curvas num processo de adivinhação de quando as rodas vão bloquear, quando devia ser de antecipação.

Torna-se assim difícil jogar com as transferências de massas para envolver a traseira na ação e contrariar a inevitável tendência subviradora.

A direção é rápida e o volante tem boa pega

Abrir os cordões à bolsa

Parece menos eficaz que o último Cayenne que conduzimos, mas apenas porque aquele tinha o eixo traseiro direcional. Em igualdade de circunstâncias, as diferenças de comportamento entre carroçarias são difíceis de apurar em estrada.

Onde há uma diferença notória é no preço, com a imagem desportiva do Coupé a acrescentar 7000 € ao Cayenne. Somem-se os habituais opcionais e os 120 795 € da versão base sobem para os 155 241 € do modelo das imagens.

Óticas LED de série

Se não temos dúvidas quanto à carroçaria, é a que fica melhor ao Cayenne, já o motor levanta-nos algumas reticências.

É eficiente e agradável de utilizar no dia-a-dia. Mas estamos a falar de um Porsche. Pode ser um SUV, mas tem de ter alma e para isso é preciso abrir os cordões à bolsa até aos 137 334 € do Porsche Cayenne S Coupé.