Peugeot E-3008 vs Tesla Model Y. Comparativo inevitável

O novo Peugeot E-3008 tem como um grande adversário o Tesla Model Y, razão pela qual e inevitavelmente, teríamos de os juntar num teste para confrontação dos prós e contras em cada um deles.

O novo Peugeot E-3008 tem como um grande adversário o Tesla Model Y, razão pela qual e inevitavelmente, teríamos de os juntar num teste para confrontação dos prós e contras em cada um deles.

É frequente perguntarem-nos qual o melhor carro de um determinado segmento a que nós respondemos que não há nenhuma proposta perfeita, por isso a escolha terá necessariamente por passar pela motivação, pela necessidade individual de cada pessoa, pelas caraterísticas intrínsecas de cada produto e por múltiplos fatores externos como a rede de assistência.

Por exemplo, e não especificando nenhum destes dois modelos, quando nos perguntam sobre a melhor solução energética, das muitas que atualmente existem, consideramos que a solução elétrica tem maior prevalência para quem anda muito na cidade em detrimento dos que viajem mais.

A mudança de paradigma energético obriga-nos, caso a nossa escolha recaia sobre o veículo elétrico a mudar de hábitos, desde a condução ao planeamento quando queremos percorrer grandes distâncias.

Aqui surge logo a primeira diferença entre a nova geração do Peugeot 3008 e o Tesla Model Y, por que enquanto o Tesla só tem versões elétricas, o Peugeot tem no seu portfólio duas versões híbridas alternativas, o 3008 Hybrid e o 3008 Plug in, uma oferta em si mais eclética que o seu adversário, que apesar de ter alinhado neste comparativo com a versão com menos autonomia e com a bateria mais pequena tem na sua gama versões com maior autonomia e potência.

Atenta à oferta da marca americana, a marca francesa tem também várias opções para a sua versão elétrica (BEV). Para além desta versão com uma bateria de 73 kWh e 525 km de autonomia existe a versão “dual motor” com a mesma bateria e autonomia, assim como uma versão com uma bateria de 98 kWh e 700 km de autonomia.

Uma boa estreia

Para além do enorme legado que a nova geração do 3008 tem perante mais de 1,4 milhões de clientes do anterior modelo, ele tem como objetivo afirmar-se como uma alternativa nesta mudança de paradigma energético com a chegada de novos atores e ao mesmo tempo reconquistar a liderança no mercado dos SUV agora com novas soluções energéticas e com um estilo diferente (fastback), dois ingredientes importantes a que se somam muitos outros em contraponto aos fatores que tornaram o Model Y uma moda e um fenómeno de vendas.

Durante este ensaio foram muitas as reações das pessoas que confrontadas com o novo 3008 ficaram agradadas com o estilo do modelo francês o que não deixa de ser um trunfo importante se atendermos a que o design aparece em destaque num estudo recente sobre os aspetos que os europeus mais valorizam aquando da decisão da compra de um automóvel.

Perguntas sobre a autonomia foram também muitas e neste caso ela é superior à do Tesla, não só porque a bateria é maior como já referimos como o rendimento é igualmente elevado, ainda que por influência do maior peso do Peugeot o consumo oficial e real seja ligeiramente superior.

Voltando à reação das pessoas a conversa regressava invariavelmente ao estilo e aos conteúdos especialmente quando confrontados com o aspeto do interior onde o contraste é enorme.

Enquanto no Tesla o ambiente é minimalista com a concentração de quase todas as funções e comandos no grande ecrã central (as únicas exceções é o comando da transmissão, dos piscas e do limpa para-brisas), no Peugeot o ambiente é mais sofisticado, a par de uma qualidade real e percecionada superior mercê da combinação de um design mais apelativo e de novos materiais.

Diferentes opções

O ecrã panorâmico HD flutuante e curvo de 21 polegadas que combina o head-up display com o ecrã tátil central para além de ser uma das inovações desta geração. Além de elegante, proporciona uma melhor leitura de toda a informação disponível e uma ergonomia maior porque se do lado esquerdo o painel de instrumentos reúne todas as informações relativas à condução, o lado direito do ecrã acolhe a navegação, os sistemas multimédia, os vários tipos de conetividade bem como a gestão da climatização.

No Tesla o acesso a toda essa informação desvia muitas vezes a atenção da condução, pelo que faltam acessos rápidos às funções mais utilizadas como acontece no 3008 onde os i-Toggles que mais não são do que botões sensíveis ao toque, permitem aceder de forma personalizada às dez funções mais utilizadas.

Para além destes existem outros comandos físicos menos usados. Já o comando da transmissão não é tão prático quanto o do Tesla que, à boa moda da Mercedes, é feito a partir de uma haste situada do lado direito da coluna da direção. Algumas das funções como a climatização, o fecho das portas ou verificar o estado de carga da bateria e a sua evolução enquanto a carregamos, podem ser acompanhadas em ambos a partir de uma aplicação especifica no telemóvel.

Com um estilo bastante diferente, o ambiente acolhedor do Peugeot é no entanto mais pequeno que o do Tesla, onde o espaço atrás, fruto da sua maior distância entre-eixos, é mais desafogado.

O Model Y, para além de ser 21 centímetros mais comprido e de ter mais 16 centímetros entre eixos, é 3 centímetros mais largo. Dimensões que se refletem positivamente não só na habitabilidade como na capacidade da mala. Esta, com os bancos traseiros rebatidos (a Tesla não anuncia a capacidade com cinco lugares), chega os 2041 litros (o Peugeot que tem uma capacidade inicial de 520 litros estendendo-a até aos 1480 litros com os bancos rebatidos).

O Tesla acrescenta mais 117 litros à frente, num espaço onde podemos arrumar os cabos de carregamento. Este é um espaço cuja tampa pode ser aberta à distância, mas que ao contrário das portas e dos vidros não pode ser fechada. Se inadvertidamente a abrirmos obriga a ter de ir fechá-la manualmente.

Uns quilos a mais

Embora o comportamento dinâmico do Peugeot E-3008 nos tivesse surpreendido graças a um trabalho meritório da integração da bateria na nova plataforma STLA Medium da Stellantis, fazendo com que o centro de gravidade mais baixo e o reduzido diâmetro de viragem (10,6 metros versus 12,1 metros) lhe garantam uma enorme agilidade, que se traduz numa condução agradável, confortável, segura e descontraída.

Contudo, a verdade a diferença de peso e de potência em relação ao Tesla faz com que a maior relação peso/potência penalize as prestações, se bem que a Peugeot tivesse limitado a velocidade máxima nos 170 km contra os 217 km/h do Model Y.

Uma relação que é também responsável pelo consumo, embora nessa matéria a boa gestão e o excelente controlo da temperatura da bateria graças à gestão líquida juntamente com um poder regenerativo superior ao Tesla, favoreçam o rendimento energético tornando a autonomia tão fiável quanto o Model Y.

Uma autonomia que, em qualquer dos casos, depende do tipo de utilização e dos modos de condução que no Peugeot são selecionados a partir de um botão físico e no Tesla no menu do ecrã central.

Tempos de carga

Em viagem uma ferramenta importante no Peugeot é a função “trip planner”, que permite otimizar as deslocações mais longas maximizando a autonomia e, ao mesmo tempo, facilitar o carregamento. Função semelhante é também oferecida pelo Tesla, com a vantagem de este ter acesso à rede de supercarregadores da marca com preços mais em conta do que se carregarmos noutros operadores.

Embora a Tesla não revele o tempo de carga de 20 a 80%, conseguimos carregar de 1% a 100% em 35 minutos com uma potência máxima de 174 kW. No Peugeot, com uma potência máxima de 160 kW o carregamento de 20 a 80% demora 30 minutos, com um custo superior, uma vez que o acesso aos supercarregadores da Tesla tem tarifas mais baixas. Ao contrário do que acontece noutros países nomeadamente Espanha, em Portugal os acessos a esses postos de carga estão vedados a outras marcas.

VEREDICTO

Uma boa estratégia da Peugeot tem a ver com o posicionamento de preço, assim para o mesmo nível de equipamento as diferenças são irrelevantes. Comparando as versões de entrada a diferença é de apenas 175 euros um valor irrelevante e se o Tesla tem mais potência e por isso melhores prestações, o Peugeot tem mais autonomia (esta pode ser ampliada em ambos, dependendo da versão escolhida). Uma vantagem adicional do Peugeot é a rede de assistência maior.

PREÇO

Peugeot E-3008 GT

Tesla Model Y

46 150€ (51 150€ versão ensaiada)

45 975 € (48 575 € versão ensaiada)