Hoje em dia já uma das cidades europeias com o estacionamento mais caro, Paris acaba de elevar a fasquia, ao praticamente triplicar o valor das taxas aplicáveis na capital francesa. Com uma particularidade muito importante: em causa estão, não todos os veículos, mas os SUV maiores, com mais de 1,6 toneladas de peso!
A decisão foi tomada no passado domingo e na sequência de um referendo feito junto dos parisienses, em que, apesar de só terem participado 5,7 por cento dos eleitores, resultou num total de 54,5% dos votantes a mostrarem-se a favor da medida. Já 45,5%, mostraram-se contra a sua implementação.
Vale a pena também recordar que referendo acontece menos de um ano depois dos residentes de Paris terem votado a favor da proibição das scooters elétricas.
Com a aprovação da medida agora conhecida, a capital francesa, que possui planos para se tornar uma cidade totalmente ciclável, vai passar a taxar os veículos maiores e mais pesados com valores de estacionamento de 18€ por hora. Também como forma de desencorajar os seus proprietários de os trazerem para dentro da cidade.
Nota, ainda, para o facto do agravamento não deixar de fora sequer os veículos elétricos, desde que com duas toneladas ou mais de peso.
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"Estamos orgulhosos de ter aprovado uma medida eminentemente ambiental, num momento em que o Meio Ambiente é apresentado como a fonte de todos os males", afirmou, após a publicação dos resultados, a Presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo. Acrescentando que trata-se de "uma forma de resistência, de Paris, a esta tendência tão preocupante".
Recorde-se que, sob a gestão da 'Mayor' socialista, Paris converteu já cerca de 84 km de ruas, em ciclovias, o que também levou a um aumento, em cerca de 71%, no número de utilizadores de bicicletas, só desde que o confinamento por causa da COVID-19 foi levantado.
Defensores dos automóveis ripostam
Entretanto, a aprovação da medida despoletou já, segundo noticia a Automotive News Europe, a ira dos condutores e proprietários de SUV maiores. Com um grupo de lobby a favor dos condutores de "40 milhões de automóveis" a lançar, mesmo, uma petição, a pedir liberdade para todos possam utilizar os seus veículos como muito bem entendam.
"Devemos opor-nos firmemente a estes ataques à liberdade, perpetrados sob falsos pretextos verdes", afirmou, em declarações reproduzidas na mesma publicação, o grupo. Acrescentando que, "se não pararmos isto agora, esta rebelião injustificada liderada por uma minoria ultra-urbana e anti-automóvel espalhar-se-á como gangrena para outras cidades".
Recorde-se que, também em França, os SUV têm vindo a tornar-se cada vez mais populares, enquanto automóvel de família, na maior parte dos casos, com uma utilização quase exclusivamente citadina.