A Opel está em festa. Aquele que é, até hoje, o seu modelo mais vendido, o Astra F, está a comemorar 30 anos sobre o seu lançamento. Para trás, estão 4,13 milhões de unidades produzidas, muitas das quais, ainda circulam pelas nossas estradas...
Apresentado, pela primeira vez e a nível mundial, no já distante ano de 1991, o Opel Astra F acabou nascendo num mundo em profunda transformação, que, ao mesmo tempo que ainda se despedia da chamada "Cortina de Ferro" e da Guerra Fria, também começava a ser confrontado com outros acontecimentos não menos prejudiciais, como foi o caso do desastre ambiental protagonizado pelo superpetroleiro Exxon Valdez.
Com a Humanidade a acordar para o impacto nefasto que as suas acções tinham no Meio Ambiente, também os construtores automóveis começaram a procurar equilibrar a necessidade de menores consumos de combustível e de, consequentemente, menores emissões, com uma procura crescente por maiores níveis de conforto.
Quanto ao Opel Astra F, procurou assumir, na íntegra, esse espírito de mudança. A começar pela adopção de uma nova designação – Astra, tal como o seu 'meio-irmão' britânico da Vauxhall –, assim como por um novo e mais preenchido conjunto de sistemas de segurança.
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Ao mesmo tempo e comparado com o antecessor, o Astra F oferecia mais espaço interior, mantendo, contudo, as dimensões exteriores relativamente inalteradas, assim como dava grande ênfase à compatibilidade ambiental, mercê de um elevado grau de reciclabilidade.
De resto e também como forma de agradar a todo o tipo de preferências, o modelo surgia com uma ampla oferta em termos de motorizações, desde cinco a opções a gasolina, até uma Diesel. Todos eles, com configuração de quatro cilindros e equipados com a mais avançada tecnologia de tratamento de gases de escape - enquanto os motores 1.4, 1.6, 1.8 e 2.0 litros a gasolina estavam equipados com catalisador de três vias, o 1.7 Diesel contava com um novo catalisador de oxidação.
As primeiras variantes entregues aos concessionários, em outubro de 1991, foram os 'hatchback' de cinco portas, a 'station wagon' Caravan e o desportivo GSi. Automóveis que, diga-se, a partir deste ano, já podem ser registados como veículos de interesse histórico.
Disponível exclusivamente como um 'hot-hatch' de três portas, o topo de gama GSi era proposto em duas versões de potência, ambas com motores de dois litros de cilindrada, com 115 ou 150 cavalos, sendo que a mais potente dispunha de 16 válvulas e de duas árvores de cames à cabeça.
Já o 'notchback' de quatro portas chegou na primavera de 1992 e o descapotável, produzido pela italiana Bertone, estreou-se um ano depois.
Os argumentos: segurança, interior e a compatibilidade ambiental
Entre os principais argumentos do Opel Astra F estava, desde logo, a segurança. A qual representava, à altura, um salto evolutivo, dentro do segmento.
A justificá-lo, a inclusão de elementos como as barras de aço duplas na estrutura interior das portas para uma superior proteção em caso de embate lateral, apoios com maior suporte nos assentos para evitar o escorregamento do corpo sob o cinto de segurança, além de, nos lugares dianteiros, cintos de tensores que limitavam o movimento do corpo para a frente, no caso de uma forte colisão frontal. Elementos a que a Opel acabou acrescentando, já em 1994, o duplo 'airbag' frontal de grandes dimensões.
Igualmente de topo, era o espaço destinado aos passageiros, no primeiro dos Astra, graças não só à colocação do para-brisas numa posição mais avançada - precisamente mais 74 milímetros que no Kadett -, como também a um maior espaço livre para cabeça e joelhos. Este último, superior em cerca de 50 milímetros.
No entanto e apesar de maior e mais espaçoso, o Astra F manteve uma elevada eficiência aerodinâmica para a época, com um coeficiente de penetração no ar de apenas 0,30 cd, ao mesmo tempo que, no habitáculo, esta mesma preocupação ambiental, era traduzida na construção de uma grande parte do painel de instrumentos, tablier, painéis das portas, bancos e consola central, em polipropileno. Para o qual a Opel desenvolveu, aliás, um processo de reciclagem inovador, compatível com o ambiente.
Outros componentes, como os suportes dos para-choques e forros interiores dos guarda-lamas, eram, igualmente, feitos a partir de materiais reciclados.
Já no capítulo tecnológico, a inovação não foi menor, com o Astra F a exibir, no topo da consola central, o 'Multi-Info Display', estreia mundial que combinava, num só 'display', as informações do rádio, do computador de bordo e outras de controlo, todas ao alcance do campo de visão do condutor.
O novo modelo foi, também, o primeiro no segmento dos compactos a integrar um 'Clean Air System' que protegia os ocupantes de pólenes, poeiras e outras partículas, sendo que, outra importante estreia, foi protagonizada pelo GSi 16V, que foi o primeiro automóvel com controlo eletrónico de tração, naquele segmento de mercado.
A propulsão elétrica 'Impuls III' e o combustível alternativo CNG
A par de veículo de estreia para muitas destas tecnologias, o Opel Astra foi, ainda, uma espécie de plataforma para inovadores sistemas de motorização alternativa, a começar pelo 'Astra Impuls III' - protótipo baseado na carrinha Astra, com tração totalmente elétrica, e que demonstrou a sua eficácia durante os testes de longa duração, efetuados na ilha de Rügen, no Báltico.
Ao todo, dez protótipos completaram um total de 350 mil quilómetros, entre 1993 e 1997, sendo que, cinco, estavam equipados com bateria de níquel-cádmio de 45 kW, ao passo que os restantes, contavam com uma bateria de sódio-cloreto de níquel de 42 kW.
O Astra Impuls III atingia uma velocidade máxima de 120 km/h e tinha uma autonomia máxima de 160 quilómetros.
Já em 1996, a Opel expandiu a sua pesquisa aos combustíveis alternativos, com uma produção limitada de carrinhas Astra Caravan alimentadas a gás natural comprimido, combustível mais amigo do ambiente. Empresas de serviços selecionadas, autoridades locais e operadores de frotas testaram os 500 veículos alimentados a CNG em condições de utilização normais, no dia a dia.
O mais vendido de sempre
Produzido até 1998, isto se não contarmos com a continuação da produção para a Turquia e para a Europa de Leste, onde o modelo continuou a ser comercializado até 2002, o Astra F fica, assim, para a história, como o modelo mais vendido da Opel, até hoje.
Enquanto se manteve em comercialização, soube não só responder a questões relevantes para os clientes no início da década de 1990, como ainda foi protagonista de várias inovações, no seu segmento de mercado.
Sétima geração do compacto da Opel e o primeiro a utilizar a designação 'Astra', este Opel foi, assim, um automóvel em plena sintonia com os tempos.