Líder na venda de veículos elétricos em Portugal, a Nissan continua os seus esforços no sentido de uma cada vez maior implementação da mobilidade elétrica, nomeadamente, através da realização daquele que é um dos mais participados fóruns sobre o tema. Cuja edição deste ano, mais do que falar de automóveis, deu a conhecer uma visão...
Dando continuidade a um projeto nascido há quatro anos, a Nissan voltou a realizar, este ano, em Lisboa, o Fórum Mobilidade Inteligente. Iniciativa em que, mais do que falar-se de novos modelos automóveis e tecnologias, a marca nipónica procurou dar a conhecer uma visão; a visão daquilo que, no entender dos responsáveis da marca, será o futuro, inteligente, da mobilidade.
Numa edição em que o número de presenças provenientes da Nissan Europeia suplantou o registado até aqui, coube ao director-geral da Nissan Ibéria, SA, o italiano António Melica, abrir os trabalhos, para defender uma visão de mobilidade inteligente, assente em três pilares: o Veículo Elétrico (VE) e não-poluente, a condução inteligente, e a integração inteligente de todos os aspetos relacionados com este objectivo.
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Visão para a qual contribuem iniciativas já em curso e que, segundo Melica, visam igualmente o alcançar do objetivo último, que é o de contribuir para um mundo melhor, como é o caso da reflorestação, com 160.000 árvores, do Pinhal do Rei, em Leiria, ou até mesmo o papel desempenhado pelos veículos elétricos Nissan, como o LEAF ou e-NV200. Os quais, com a sua atuação, contribuíram, segundo a marca, para retirar, anualmente, cerca de 11,2 mil toneladas de CO2 da atmosfera.
Uma visão mais holística… e inteligente
Medidas que, no entanto, são apenas uma parte de uma visão mais holística, à qual há ainda que juntar, segundo o director-geral da Nissan, o esforço no desenvolvimento das infraestruturas de carregamento (a meta é instalar mais 100, ainda este ano), assim como na implementação das tecnologias de armazenamento de energia e "Vehicle to Grid" (V2G).
Basicamente, trata-se do aproveitamento da energia dos veículos elétricos, para fornecimento à rede, funcionando não apenas como uma fonte de poupança ou rendimento do proprietário do VE, mas também como forma de equilibrar o fluxo de energia na rede. Até porque, salientou Melica, só a Nissan, tem, hoje em dia, um parque circulante de 4.800 VE's, o que representa um total de 180 MW. Oitenta por cento da qual, diz o italiano, poderia ser devolvida à rede elétrica!
De resto e também com o objectivo de demonstrar a viabilidade desta solução, o projecto-piloto que se encontra a decorrer nos Açores, sinónimo de uma parceria Nissan, Galp e Energia dos Açores (EDA). Em que, 10 viaturas Nissan LEAF e 10 carregadores bi-direccionais já instalados e em funcionamento, têm permitido não apenas o carregamentos dos carros, mas também que estes cedam, quando dela não necessitam, energia à rede energética.
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Também entre as medidas já definidas e em implementação, incentivos à aquisição de veículos elétricos Nissan (3.000€ para particulares, 2.250€ para empresas), embora com o director-geral da Nissan a não deixar de reclamar mais apoios da parte do Estado português, além de um programa de instalação de wallboxes de carregamento que a marca também tem em vigor, e a que chamou "Instala Fácil". Assim como a expansão do número de centros de reparação de baterias que a Nissan possui em Portugal – algo que, aliás, só a marca nipónica possui.
Uma visão chamada SAM
Presente pela primeira vez no Fórum da Mobilidade Inteligente, o director de Tecnologia no Alliance Research Center em Sillicon Valley, Maartens Sierhuis, e que, depois de ter trabalhado, durante 12 anos, como investigador na NASA, é agora também o principal responsável pelos avanços em domínios como a Inteligência Artificial (AI) para veículos autónomos. Além do rosto que liderou a equipa que concebeu e se encontra a desenvolver o SAM – Seamless Autonomous Mobility.
Basicamente, trata-se de uma abordagem de veículo autónomo, inspirada nos rovers que a NASA pretende enviar a Marte, e que passa por incluir o Homem na equação. Como? Enquanto gestor permanente do desempenho do veículo autónomo e de toda a rede de mobilidade, sendo também responsável por, nas situações em que o carro não consiga tomar a melhor decisão, dizer-lhe o que deve fazer. Ambos ajudados, igualmente, pela Inteligência Artificial (AI), em cloud.
Ainda em desenvolvimento, esta abordagem coloca, no entanto, questões de escalamento (por exemplo, quantos operadores serão necessários para gerir uma frota de veículos autónomos), sendo que a visão, holística, passa igualmente por estender a AI à gestão de tráfego e à própria vida a bordo. Um futuro que, no entanto e segundo admitiu, em declarações exclusivas à Turbo, não tem ainda data de concretização, dependendo muito daquilo que os humanos vierem a querer, neste domínio…
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Uma polémica chamada Mobi-e
Num fórum em que, graças às novas tecnologias, o público presente tinha a oportunidade de, inclusivamente, colocar perguntas aos convidados e entidades presentes, destaque para o interesse que despoletou a presença do presidente da Mobi.e, Luis Barroso.
Hoje em dia parte do sector empresarial do Estado e responsável pela gestão da rede de mobilidade elétrica pública, a garantia, expressa por Luís Barroso, já na fase de resposta a perguntas, de que, não só a recuperação da rede de carregamento continua, como o número de postos continuará a crescer, dos atuais 736, para 1.000. E, isto, ainda antes do final do ano.
A certeza governamental
De resto e a reafirmar esta certeza, a intervenção do secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro, a quem coube a intervenção final de encerramento do Fórum de Mobilidade Inteligente da Nissan, com o governante a assegurar que a expansão da rede de carregamento de veículos elétricos vai mesmo continuar, graças também a um investimento previsto de quatro milhões de euros.
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Não deixando de elogiar os esforços da Nissan na implementação da mobilidade elétrica, Eduardo Pinheiro destacou ainda o investimento público que tem vindo a ser feito, também no transporte público. Nomeadamente, através da compra de autocarros e embarcações para a Soflusa, elétricos.
Medidas que, em conjunto com a certeza afirmada de que o transporte privado não desaparecerá, contribuem para a concretização de uma visão que a Nissan voltou a reafirmar…