Fomos à Finlândia testar o sistema de tração integral Nissan e-4orce em condições extremas. O programa previa condução sobre um lago gelado, mas o aquecimento global desviou-nos para uma plantação de morangos.
Com vasta experiência em sistemas de tração integral, a Nissan não sentiu dificuldades em adaptar a tecnologia à mobilidade elétrica. Um desafio diferente por não existir ligação mecânica entre os dois eixos. Passa tudo pela gestão em tempo real de dois motores elétricos.
Cada eixo tem o seu e o Nissan e-4orce interpreta e gere as necessidades de tração de cada um. A travagem regenerativa também é aplicada a cada roda, de forma a ajudar a manter a trajetória. O funcionamento é impercetível ao condutor, que tem apenas de desfrutar do acréscimo de segurança.
Fomos até à Finlândia para por à prova o sistema Nissan e-4orce. Iriamos conduzir um Nissan Ariya e um Nissan X-Trail num lago gelado. Um daqueles programas só possíveis durante o inverno nórdico. Desde que se acerte na semana…
Gelo derretido
Nos dias que antecederam a nossa chegada, as temperaturas andaram na casa dos 20 graus negativos. Na semana seguinte à nossa estadia rondaram os 15 graus negativos. Durante a nossa permanência em Rapukartano, os termómetros variaram entre o grau positivo e o grau negativo.
Max Vatanen, filho de Ari Vatanen, Campeão do Mundo de Ralis em 1981, com David Richards como navegador, ao volante de um Ford Escort RS MKII, culpou o aquecimento global. Não podemos ter a certeza. O certo é que as temperaturas, amenas para a época, inviabilizaram a condução no lago.
O gelo ainda mantinha uma espessura superior a 50 cm, suficiente para suportar o peso dos veículos. O problema era a neve derretida, que tinha transformado a pista numa espécie de piscina sobre gelo. Como o objetivo era conduzir sobre uma superfície escorregadia e não alagada, foi ativado o plano B.
Fomos deslocados do lago gelado para um campo de morangos congelado. É parecido, mas não é a mesma coisa. Tem árvores e cercas nas escapatórias, em vez de neve fofa. Pela positiva, tem desníveis para tornar a condução mais interessante.
Vetorização da travagem
Começámos com o Ariya. Uma volta curta, para conhecer as curvas e os declives. Na segunda volta já estávamos a testar os limites dos pneus. Depois começou a diversão. Conduzindo com a tranquilidade de quem vai de casa para o trabalho e, por casualidade, tem de o fazer sobre neve ou gelo, a tecnologia Nissan e-4orce é uma garantia de segurança.
Controlando a distribuição do binário de forma independente para cada uma das quatro rodas, o Nissan e-4orce maximiza a capacidade de tração sobre todas as superfícies. Em desaceleração, a vetorização da travagem atua individualmente sobre cada roda, ajudando a manter a trajetória desejada.
Refém do peso da bateria, o Nissan Ariya é mais difícil de provocar que o X-Trail, não fazendo mais do que sair de frente e andar de lado. Por mais ajustes de travão, para trazer o peso para a frente, que se fizessem.
Mais leve, o Nissan X-Trail é muito mais divertido sobre gelo. Com um pequeno golpe de volante para o lado contrário à curva, para descompensar a traseira, o célebre "Scandinavian flick", é fácil desenhar a curva toda de acelerador, com intervenção mínima de volante.
Estradas geladas
Quando começávamos a pensar que já sabíamos o que estávamos a fazer, Max Vatanen mostrou as vantagens de ter um lago gelado no final do jardim das traseiras. Nas mãos do instrutor, até o Nissan Ariya se atravessava como se tivesse tração traseira.
Para descomprimir da adrenalina da condução sobre gelo, trocámos o circuito por estradas rurais igualmente geladas. Foi neste cenário que o Nissan e-4orce mostrou todo o brilhantismo.
Juntamente com os pneus de tachas, aconselháveis para condução fora do asfalto, levou o Ariya e o X-Trail por montes e vales sem a mínima hesitação. Se podíamos ter feito o mesmo percurso num automóvel sem o Nissan e-4orce? Podíamos. Mas seguramente não o teríamos feito com a mesma confiança.