A Nissan está com dificuldades de fazer descolar a produção daquele que é o seu primeiro modelo totalmente elétrico, o Ariya, devido aos novos e complexos métodos de montagem que têm vindo a causar problemas e a atrasar a chegada os carros aos concessionários. E que, depois dos EUA, levou agora à suspensão da recepção de mais encomendas, também no Japão.
A notícia é avançada pela Automotive News Europe, com base em informações prestadas por "fontes conhecedoras da situação" à agência noticiosa Reuters, e que apontam os problemas registados na linha de produção "inteligente" criada pela Nissan, para produzir um modelo que é encarado pelo próprio fabricante como decisivo na recuperação do protagonismo.
Contudo e depois de ter sido apresentado ao mundo em 2022, não sem algumas críticas, que se têm vindo a prolongar no tempo devido à demora na chegada do Ariya aos concessionários, eis que surge agora a explicação, com as mesmas fontes a revelarem que a produção do modelo continua, neste momento, um terço abaixo do previsto, prejudicando a sua entrega aos clientes.
Aliás, os problemas com o novo sistema de produção altamente automatizado criado pela Nissan na unidade de produção de Tochigi e do qual o Ariya será o primeiro modelo a beneficiar, vem, inclusivamente, lançar a dúvida sobre a capacidade da marca nipónica de cumprir o plano de lançar 19 novos modelos 100% elétricos, até 2030. Não deixando, certamente, de beliscar as ambições de crescimento no mercado dos veículos elétricos.
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Descrevendo como "um desafio extremamente, extremamente alto", o projecto que deveria permitir produzir veículos com diferentes trens de força - elétricos, híbridos e a combustão - numa mesma linha de montagem, uma das fontes ouvidas pela Reuters recorda a dor de cabeça persistente que tem sido a linha de pintura avançada. Sendo que, a par destas dificuldades, surgem depois problemas exteriores, como é o caso da interrupção de um dos componentes electrónicos utilizados no Ariya, devido ao incêndio ocorrido, em janeiro, no fornecedor chinês Wuxi Welnew Micro-Electronic.
Nissan reconhece dificuldades
De resto, a própria Nissan assumiu, de forma oficial e num comunicado enviado à Reuters, os inúmeros problemas que a produção do Ariya tem vindo a conhecer, desde dificuldades no fornecimento de semicondutores, até interrupções noutro tipo de remessas de componentes, além da já referida dor de cabeça que tem sido a linha de pintura.
Ainda assim, "a Nissan está a fazer o máximo e mais diligente dos esforços no sentido de conseguir repor a totalidade da capacidade de produção na fábrica", afirma, no mesmo comunicado, a empresa.
Ainda de acordo com duas das fontes, a Nissan tinha estipulado como meta produzir uma média de 400 Ariyas por dia na fábrica de Tochigi, o que levaria a uma produção mensal de quase 9.000 veículos, mas também mais de 100 mil por ano.
Com os problemas sentidos, tudo aponta para que a produção conseguida ao longo dos últimos dois meses fique abaixo de todas as metas entretanto confirmadas pela Reuters.