Combustíveis sintéticos poderão vir a salvar motores de combustão

Utilizar motores de combustão com baixas emissões pode ser possível com combustíveis sintéticos. Um projeto-piloto está a ser realizado

Utilizar motores de combustão com baixas emissões pode ser possível com combustíveis sintéticos. Um projeto-piloto está a ser realizado na Dinamarca pela Geely para avaliar a viabilidade desta solução.

Numa era de transição para a mobilidade elétrica, quer seja a bateria ou a pilha de combustível, o motor de combustão interna está sob grande pressão e muitos já decretaram a sua extinção num horizonte não muito longínquo.

Todavia, alguns fabricantes de motores interna resistem a abandonar uma tecnologia com provas mais do que dadas. Por esse motivo não só estão a desenvolver motores de combustão interna que podem funcionar a hidrogénio como também têm vindo a apoiar a utilização de combustíveis sintéticos ou e-fuels.

Estes combustíveis alternativos de laboratório não são propriamente uma novidade. O seu processo produtivo já existe há várias décadas, mas nunca foram viáveis comercialmente, já que a sua produção exigia uma quantidade elevada de energia.

Num cenário de transição energética, os combustíveis sintéticos de origem renovável entraram em cena e são apontados como a salvação do motor de combustão interna. Marcas como a Porsche têm grandes esperanças nesta solução.

Processo químico

Basicamente, na produção de combustíveis sintéticos é utilizada eletricidade para obter hidrogénio verde através da electrólise, que é combinado com o dióxido de carbono capturado na atmosfera com recurso a sistemas físicos de filtragem. O metanol daí resultante é transformado em gasolina através de um processo químico, compatível com um motor moderno de combustão interna.

O segredo de todo este processo está na energia renovável ou de baixas emissões utilizada no processo de eletrólise, Caso contrário, os combustíveis sintéticos não serão neutros ao nível das emissões.

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A queima deste combustível produz dióxido de carbono, mas é o mesmo que foi capturado para a sua produção. O projeto "vento líquido" está a ser desenvolvido na Dinamarca e produz metanol - a base de qualquer combustível sintético - utilizando energia de origem eólica para o processo de eletrólise. É um nome muito apropriado para um combustível e deixa claro a sua origem totalmente renovável.

Projeto-piloto na Dinamarca

O gigante chinês Geely, que detém a Volvo Cars, está a efetuar testes na Dinamarca com camiões e outros veículos alimentados por metanol sintético, com o objetivo de analisar a utilização futura em viaturas de produção.

No projeto-piloto, que tem uma duração de 15 meses e a participação Circle K Denmark, da Universidade de Aalbord, do Porto de Aalborg e do Fonden Green Hub Denmark, estão em operação camiões M100 e berlinas Emgrand do fabricante chinês. Um dos objetivo é verificar se os combustíveis sintéticos como o metanol reduzem as emissões de elementos nocivos como óxidos de azoto ou partículas em suspensão.

O projeto na Dinamarca não é por acaso, já que o porto de Aalborg pretende construir instalações para a produção de metanol sintético, estando previsto um volume anual de 75 mil toneladas em 2025. Além disso, aquele país do norte da Europa também é uma potência no domínio da energia eólica.