Motor diesel de sete cilindros em linha. O que correu mal?

Um fabricante norte-americano quis desenvolver um motor diesel de sete cilindros em linha, mas as coisas não correram bem. Conheça alguns dos motivos que inviabilizaram a sua utilização nos veículos automóveis...

Os motores de veículos automóveis têm habitualmente um número par de cilindros. Quando são mais de seis, dividem em duas bancadas. São vários os motivos que levam os fabricantes a apostar nesta arquitetura, destacando-se o equilíbrio e a suavidade de funcionamento, o que se traduz numa maior fiabilidade, menos avarias, maior facilidade no projeto e inclusivamente vantagens relacionadas com a eficiência.

Por outro lado também é verdade que existem blocos com um número ímpar de cilindros, geralmente três ou cinco, sendo os primeiros muito populares. As suas assimetrias não estão isentas de desafios técnicos, mas esses dois tipos de propulsores foram aperfeiçoados ao longo de décadas com sucesso.

Por estranho que possa parecer, na década de ’90 do século passado, houve um empresa norte-americana que desenvolveu um motor de sete cilindros em linha, mas esta arquitetura nunca chegou a impor-se.

A AGCO, uma empresa norte-americana especializada em equipamento agrícola com tecnologia e conhecimento alemães, criou um motor diesel com sete cilindros em linha que se destinava a equipar maquinaria terrestre dedicada à agricultura. Denominado Sisu tinha como ordem de ignição por compressão: 1-3-5-7-2-4-6.

Questão de vibrações

Inicialmente, a ideia da AGCO era construir um bloco de oito cilindros, mas optou-se por outra configuração, mais original, já que era mais compacta e se adequava melhor ao tipo de veículos a que se destina. A AGCO também equacionou um motor em V, mas isso representaria um investimento muito superior para um volume de vendas relativamente baixo. Além disso, as vantagens para os utilizadores não seriam significativas.

Apesar de umas prestações mais do que suficientes e uma adequação mais que possível aos ligeiros de passageiros, as vibrações do sete em linha em questão, movido a gasóleo, tornaram-no inviável para modelos que deveriam ser grandes. Além disso, a procura no mercado norte-americano não era de diesel, enquanto na Europa se começava a pensar na redução da cilindrada para baixar consumos e emissões.

O motor de sete cilindros tem gozado de uma maior aceitação em aplicações como barcos ou aviões, onde o equilíbrio natural de um propulsor não é tão crucial. Para utilização marítima foram concebidos blocos de sete cilindros em linha a dois tempo e com um longo curso dos pistões, sobretudo em submarinos.

Para aplicação na aviação foram mais populares o R7, isto é, do tipo radial ou configuração de estrela. Este tipo de impulsor não pode ser usado nos automóveis devido ao seu grande efeito giroscópico, tornando toda e qualquer curva numa verdadeira aventura.