Rússia faz renascer a Moskvich na fábrica que já foi da Renault

Com a Rússia isolada pelas sanções, o autarca de Moscovo acaba de anunciar o renascimento da Moskvich, na fábrica que já foi da Renault.

Numa altura em que a Rússia é confrontada com o isolamento imposto pela comunidade internacional e até mesmo os construtores automóveis estrangeiros deixaram já o país, surge a notícia de que, em Moscovo, o poder local prepara-se para fazer renascer a Moskvich. E até já tem fábrica!

Marca russa fundada nos anos 30 do século passado, mas que acabou fechando portas com a chegada do século XXI, a Moskvich prepara-se, assim, para regressar à vida. Desta feita e segundo avança a agência noticiosa Reuters, com o apoio do poder político e, mais concretamente, do Presidente da Câmara de Moscovo, Sergei Sobyanin.

Segundo este responsável, a Moskvich deverá retomar atividade já em dezembro, recorrendo, para isso, a uma unidade fabril que já pertenceu a um fabricante automóvel ocidental: a Renault.

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Depois de ter estado sob a ameaça da nacionalização, solução que acabou sendo descartada uma vez que o fabricante francês decidiu vender as instalações, a fábrica foi, entretanto, rebatizada com o nome de 'Fábrica Automóvel Moskvich' e deverá começar, agora, a produzir os modelos da marca russa.

Em declarações à agência noticiosa russa Interfax, Sobyanin reconheceu que "a indústria automóvel [russa] registou uma forte queda este ano, no entanto, espero que, com a ajuda do Ministério da Indústria e Comércio, possamos arrancar com a produção na fábrica da Moskvich, já em dezembro".

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Já da parte dos novos responsáveis da fábrica, que se encontrava parada há cerca de seis meses, as expectativas são de que seja possível retomar a produção, fabricando um total de 600 carros até ao final do ano. Incluindo, 200 veículos elétricos.

Já para 2023, a meta passa por conseguir produzir um total de 50.000 veículos, graças também a um investimento que, nesta fase inicial, deverá atingir os cinco mil milhões de rublos, qualquer coisa como 82 milhões de euros à taxa atual, provenientes tanto da autarquia de Moscovo, como de outro fabricante russo, a Kamaz.

Vendida por 1,3 cêntimos

A terminar, recordar que a fábrica que vai passar a produzir os modelos da Moskvich, era propriedade da AvtoVAZ, joint-venture na qual a Renault era accionista maioritária, e tinha como missão produzir alguns dos modelos Renault e Nissan destinados aos mercados russo e de Leste.

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Contudo, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, a que se seguiu a imposição de sanções da comunidade internacional ao regime liderado por Vladimir Putin, o fabricante francês acabou sendo forçado, também devido às ameaças de nacionalização, a vender a sua participação na empresa, ao instituto russo de pesquisa automóvel NAMI, por um valor não mais que simbólico: 1,3 cêntimos.

Ainda assim e segundo foi noticiado na altura, a Renault terá ficado com a opção de recomprar a sua participação, nos próximos seis anos. Algo que, com a decisão agora divulgada, se afigura muito mais difícil...