Tal como na China, também na Europa, a Mobilidade Elétrica promete trazer para ribalta novos pequenos construtores automóveis, com a ambição de vingar entre as marcas tradicionais. Como, de resto, parece ser o caso da suíça Morand Cars, que acaba de dar a conhecer um hiperdesportivo, que tanto pode ser híbrido, como elétrico, e cuja chegada ao mercado fica, desde já, agendada para 2023.
Até aqui desconhecida do grande público, a Morand Cars é uma empresa suíça que procura lançar-se no segmento dos pequenos e exclusivos construtores de hiperdesportivos. Neste caso e conforme destaca a própria empresa, combinando uma performance arrebatadora, com tecnologia sustentável.
A demonstrá-lo, o facto da Morand Cars apresentar-se aos seus futuros clientes com um hiperdesportivo, que, no futuro, tanto poderá ser adquirido com sistema de propulsão híbrido, como com propulsão 100% elétrica. Qualquer uma das soluções, a prometer, desde já, uma velocidade máxima a rondar os 402 km/h.
O modelo, que recorrerá a uma monocoque, tal como acontece nos carros de competição, fabricada maioritariamente em fibra de carbono, apresentará, ainda, elementos como o capot, as portas, capot traseiro, asa, bancos e habitáculo, produzidos num composto sustentável, à base de linho, de nome Amplitex. Cujo o desenvolvimento está a cargo de um dos parceiro da Morand, de nome BComp.
De resto e embora mais pesado do que a fibra de carbono, este novo material acabou sendo a solução preferida para estes componentes, especialmente depois de ter passado nos testes de impacto. Sendo que, a razão para que, por exemplo, o monocoque não seja feito também neste composto, tem a ver, segundo o fabricante, com o maior peso, face ao carbono.
LEIA TAMBÉM
Candidato a mais rápido do mundo. Hennessey Venom F5 já bate os 320 km/h!
"Ao fabricarmos o monocoque com Amplitex, tornar-mos-íamos mais pesados do que com uma solução de fibra de carbono. No entanto, pensamos utilizar este material para melhorar o desempenho e a sustentabilidade, da melhor forma possível", argumenta, em declarações publicadas pela Autocar, o CEO da Bcomp, Per Martensson.
Um elétrico com 1.997 cv de potência
Passando às motorizações, a Morand Cars anuncia que a versão 100% elétrica utilizará quatro motores elétricos, a debitarem, em conjunto, 1.977 cv de potência.
Na base do sistema, estará uma bateria de 70 kWh, a fornecer 1400 kW, mas também a anunciar uma taxa de carga que, espera o fabricante, poderá chegar aos 8C - oito vezes a sua capacidade. Valor claramente superior aquilo que acontece com as atuais baterias de topo, as quais anunciam uma taxa de carga de não mais que cinco vezes a sua capacidade.
A Morand revela, ainda, que o seu hiperdesportivo deverá ser capaz de carregar totalmente as baterias, em apenas 12 minutos, utilizando, para tal, um carregador de 350 kW. No entanto e caso seja possível recorrer a um carregador mais potente, de 560 kW, o tempo de carga descerá para 7 minutos.
"Estamos a trabalhar numa tecnologia disruptiva com células de energia, cuja densidade é maior do que nas soluções utilizadas na Fórmula E, a rondar os 180 Wh/kg", revelou, em declarações reproduzidas pela mesma publicação britânica, Benoit Morand, um dos responsáveis que, em conjunto com o ex-director das escuderias Lotus F1 e McLaren F1, Eric Boullier, pela Morand Cars.
Referir, igualmente, que o objectivo do construtor é, também, que o modelo seja capaz de cumprir, com uma só carga, a distância de um Grande Prémio, ou seja, cerca de 301 km.
Híbrido com V10 5.2 litros... sem turbos
Relativamente à versão híbrida, o anúncio do recurso a um sistema híbrido tendo por base um V10 5.2 litros a gasolina naturalmente aspirado, a anunciar 700 cv de potência e 542 Nm de binário máximo. E que, conjugado com um motor-gerador elétrico colocado entre o bloco de combustão e uma caixa manual robotizada Xtrac de sete velocidades, a que se juntam ainda dois motores elétricos a atuarem sobre as rodas dianteiras e a anunciarem uma potência elétrica combinada acima dos 446 cv, faz prever, segundo o fabricante, uma potência total de mais de 1.115 cv.
De resto e ainda segundo a Morand Cars, só o binário garantido pelos três motores elétricos, "é mais do que os pneus conseguem suportar, em termos de aderência".
Também para esta variante, o fabricante revela estar a desenvolver um novo dispositivo de armazenamento elétrico, descrito como um híbrido de 300 kW e que é também um misto de bateria e supercapacitor, a anunciar uma capacidade acima dos 4.5 kWh, capaz de garantir uma autonomia elétrica na ordem dos 50 km. Sendo que o objectivo passa, também, por conseguir manter o peso total, tanto da versão híbrida, como do EV, abaixo do 1250 kg; isto, incluindo já baterias e sistemas de propulsão elétricos.
Protótipo já este ano, modelo de produção em 2023
Quanto a prazos, a Morand Cars anuncia a intenção de produzir um protótipo da versão híbrida ainda este ano de 2021, ao qual se seguirá, depois, o também protótipo de EV, em 2022.
Já a versão de produção do primeiro dos modelos - que ainda não têm nome -, deverá chegar ao mercado em 2023, e com preço já determinado: pouco mais de dois milhões de euros. Valor, de resto, semelhante àquele que os responsáveis da empresa suíça pensam pedir pela versão 100% elétrica.
Finalmente, decidido está, igualmente, de que apenas serão produzidos 73 unidades deste hiperdesportivo, embora ainda não esteja definida a distribuição entre EVs e híbridos.
Número que, muito provavelmente, até será o mercado, e a procura, a ditar...