Numa demonstração que (alguns) fabricantes automóveis não se limitam a obter os resultados alcançados pelos organismos independentes, a Mercedes-Benz acaba de assumir que, inclusivamente, realiza os seus próprios testes de colisão. E não apenas aos seus modelos, mas também aos carros dos principais rivais!
Embora para a maior parte dos consumidores entidades como o Euro NCAP, a alemã ADAC ou até mesmo o americano IIHS, sejam encarados como os únicos organismos fiáveis no comprovar da segurança oferecida por todos os automóveis novos que vão sendo lançados, a verdade é que, os próprios fabricantes - ou, pelo menos, alguns deles - fazem questão de realizar os seus próprios testes de colisão.
Que o diga a Mercedes-Benz, cujo CEO, Ola Källenius, revelou, em entrevista à britânica Autocar, que a marca da estrela leva a cabo testes de segurança, não apenas com os seus modelos, mas também com os dos principais concorrentes. Isto, para perceber em que ponto está a segurança das suas propostas, face à concorrência, mas também para descobrir em que ponto pode melhorar, neste capítulo específico.
"Nenhuma empresa tem um pedigree, em termos de segurança, mais longo e profundo do que a Mercedes", defendeu Källenius, afirmando que, "qualquer marca pode dirigir-se a uma seguradora ou agência de classificação de segurança e obter algumas estrelas. Nós, da nossa parte, sempre dissemos que uma estrela é suficiente: a estrela da Mercedes."
A justificar este princípio, o facto de, na Mercedes, "fazermos uma série de testes que mais ninguém faz. Realizamos testes de colisão com os nossos veículos, mas também com os dos nossos concorrentes, e, dessa forma, acabamos obtendo uma noção precisa do que funciona e do que não funciona."
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Aliás e ainda na opinião do CEO da Mercedes, esta mesma prática garante ao fabricante de Estugarda uma vantagem, inclusive, sobre a concorrência chinesa. E que leva, inclusivamente, que a Mercedes garante não estar preocupada com a chegada de novas marcas e modelos, à Europa.
Investimento de biliões nos EV... sem abdicar do ICE
Assim e a pensar já no futuro, Ola Källenius revelou, ainda, que a empresa que dirige está já a trabalhar na próxima geração de modelos elétricos, através de um investimento que ronda os "biliões de euros, mas com dois dígitos". Isto, também, como forma de cumprir o objectivo já anunciado, de tornar a Mercedes exclusivamente elétrica, até 2030.
Ainda que, note-se, apenas "nos mercados onde as condições existentes o permitam", recordou o gestor.
Quanto à combustão, é algo que o fabricante não irá abdicar nos tempos mais próximos, até porque "os veículos com motores de combustão (ICE) de alta tecnologia", ou seja, híbridos, serão necessários durante a próxima década.
E-Fuel não consegue ser tão eficiente quanto elétricos
Finalmente e ainda na mesma entrevista à Autocar, Ola Källenius abordou a polémica dos combustíveis sintéticos, para defender que os veículos elétricos a bateria continuam sendo uma solução 70% mais eficiente. Isto, quando considerado todo o processo de produção.
Além disso, o CEO da Mercedes-Benz também acredita que, para que o e-Fuel ganhe força, vai ser preciso a sua industrialização. Algo que, no entanto, este protagonista não acredita que possa acontecer, durante a presente década.