Mercedes investigada pelas emissões

A possível existência de uma fraude nos motores diesel utilizados pelo Grupo Daimler esteve na origem da visita de investigadores a instalações do grupo automóvel   A Daimler, detentora das marcas Mercedes e Smart, foi esta terça-feira (23 de maio) alvo de um raide por parte das autoridades germânicas. Um total de 23 investigadores, apoiados por 230 agentes da polícia, estiveram em 11 instalações da marca, após surgirem dúvidas sobre o funcionamento dos sistemas de controlo de gases tanto no continente europeu como nos Estados Unidos. Não revelando muitas informações, os responsáveis por esta investigação indicaram que o alvo desta visita foram funcionários do Grupo Daimler conhecidos do público e outros sem exposição mediática, com o fabricante automóvel a confirmar que este raide esteve relacionado com uma possível fraude no tratamento de gases dos seus motores diesel. Numa declaração à imprensa, a marca referiu que vai cooperar totalmente com as autoridades e indicou que nesta altura não pode deixar mais comentários ao que designa como "investigações preliminares". Este raide policial ocorreu menos de 24 horas após o CEO da Daimler, Dieter Zetsche, ter estado na companhia da Chanceler Angela Merkel, durante o anúncio de uma gigafábrica de baterias elétricas, um exemplo da inversão da indústria automóvel europeia com a aposta nos veículos de emissões 0 em detrimento dos diesel. E bem que se pode dizer que existem razões para isso, não apenas pelo enorme escândalo do Dieselgate da VW, mas também porque além da Daimler também outros grupos, como a Fiat-Chrysler e a Renault, têm vindo a ser acusados de não cumprir as regras de emissões. De referir ainda que o Deutsche Unwelthilfe, grupo ambientalista alemão, acusou recentemente a Mercedes de desligar os sistemas de tratamento de gases quando as temperaturas estão mais baixas, o que leva a um aumento dos níveis de poluição. Embora não seja possível fazer qualquer relação nesta altura, não deixa ser relevante o facto de esta ter sido precisamente a mesma alegação feita em França quando as autoridades policiais visitaram a Renault, que tem um acordo com a Mercedes para o fornecimento de motores diesel à marca alemã.