Embora dependendo dos mercados. Mercedes torna-se 100% elétrica em 2030

A Mercedes-Benz acaba de anunciar a adesão a um futuro zero emissões, de mobilidade elétrica, em 2030. Isto, desde que o mercado o permita.

Naquele que é um caminho já anunciado por vários rivais, a Mercedes-Benz acaba de reafirmar, esta quinta-feira, a adesão a um futuro zero emissões, de mobilidade exclusivamente elétrica, o qual deverá tornar-se realidade já em 2030. Isto, salvaguarda o seu CEO, desde que as condições dos diferentes mercados o permitam.

Desvendado esta quinta-feira, o plano rumo à eletrificação plena da Mercedes-Benz, baseia-se, em grande parte e desde logo, numa redução do investimento futuro em termos de motores de combustão, assim como na diminuição dos custos de fabricação de Veículos Elétricos (EVs). Isto, ao mesmo tempo que a marca procurará manter as margens de lucro atuais.

Integrado nestas linhas orientadoras, está o desenvolvimento de quatro plataformas EV totalmente novas e feitas sob medida, a apresentar até 2025, e que servirão de base a toda a futura linha de produtos da marca de Estugarda. A qual e com o objectivo de fornecer baterias para todos estes modelos, compromete-se, ainda, a construir um total de oito novas fábricas, em todo o mundo. Das quais, quatro na Europa.

Ola Kallenius, Chairman do grupo alemão Daimler... e CEO da Mercedes-Benz
Ola Källenius, Chairman do grupo alemão Daimler... e CEO da Mercedes-Benz

Contudo e até por se tratar de uma marca premium, a exigir a preservação de algum grau de exclusividade, a Mercedes-Benz deixa, desde já, a garantia, de que, esta nova estratégia, terá como linha orientadora, não o volume em termos de produção, mas o lucro. Opção que, entre outros aspectos, levará o construtor a procurar aumentar as vendas dos chamados modelos de primeira linha, ao mesmo tempo que procurará padronizar a maioria dos componentes que utiliza no fabrico dos seus modelos.

EVs para todos os gostos e propósitos

Voltando aos EVs, o anúncio do reforço da estratégia 'Ambition 2039', nomeadamente, através da oferta de veículos elétricos a bateria (BEV) em todos os segmentos onde marca presença, já a partir de 2022. Sendo que, passados apenas três anos sobre essa data, ou seja, em 2025, a objectivo é disponibilizar uma opção EV, em todos os modelos em comercialização.

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Entretanto e uma vez apresentada, em 2024, a nova arquitectura MMA EV para veículos pequenos, o objectivo da Mercedes-Benz passa, neste domínio, por, apenas um ano depois (2025), dar a conhecer mais três novas arquitecturas. Com as quais, o construtor pretende conseguir suprimir todas as necessidades do portfólio de modelos.

Ainda sobre estas arquitecturas, a marca da estrela avança que a futura plataforma MB.A servirá de base a veículos de passageiros de médias e grandes dimensões, ao passo que a futura plataforma AMG.EA, destinar-se-á, como o próprio nome deixa antever, aos futuros modelos desportivos da AMG. Ficando, por isso, também a cargo desta divisão, o seu desenvolvimento.

Finalmente, a plataforma Van.EA, dará origem aos futuros veículos comerciais ligeiros.

Quanto a modelos e depois da apresentação do EQA, EQB, EQS e EQV, tudo durante o presente ano de 2021, a Mercedes tem já previsto o lançamento, em 2022, da nova família EQE - a berlina EQE, o EQE SUV e o EQS SUV. Aos quais, recorde-se, junta-se ainda ao EQC, já disponível.

Considerado uma das referências nesta vaga elétrica, o Mercedes-Benz EQS vai ter uma versão AMG e, outra, Maybach
Considerado uma das referências nesta vaga elétrica, o Mercedes-Benz EQS vai ter uma versão AMG e, outra, Maybach

Relativamente ao EQS, a promessa de duas versões mais específicas: uma delas com o emblema AMG e, como tal, de cariz mais desportivo, e uma outra, com o badge Maybach, sinónimo de luxo extremo.

Igualmente abordado, foi o tema dos híbridos plug-in e de propostas como o atual C300e, com a marca alemã a garantir que continuarão a ter um papel importante na estratégia, ainda que, nos últimos tempos, sejam cada vez mais os clientes a mudar para os EVs. O que, aliás, assume a Mercedes, terá mesmo levado o construtor a decidir acelerar a transição...

Margens iguais, mas com os elétricos a subir

Quanto à outra trave-mestra desta estratégia, a necessidade de maiores investimentos, mantendo as margens de lucro, foi o próprio CEO da Mercedes-Benz, Ola Kallenius, que explicou que, "a transição para os EVs está a ganhar velocidade, em particular, no segmento de luxo, a que a Mercedes pertence". Pelo que, "estaremos prontos para adoptar, em exclusivo, a Mobilidade Elétrica, no final desta década".

A Mercedes espera conseguir aumentar a margem líquida por veículo. Também no EQA
A Mercedes espera conseguir aumentar a margem líquida por veículo. Também no EQA

Como parte deste plano de transição, a Mercedes-Benz anunciou ter alocado mais de 40 mil milhões de euros para o desenvolvimento de EVs, baseando-se na previsão de que conseguirá manter as margens de lucro estipuladas em 2020, assim como chegar a 2025, com vendas de 25% de veículos híbridos e elétricos. Algo que, reconhece agora Kallenius, será certamente suplantado, com a marca a prever que será possível chegar a essa mesma data, com os veículos eletrificados a representarem 50% das vendas.

Quanto às margens de lucro, a Mercedes espera consegui-lo "aumentando a receita líquida por unidade", assim como a proporção de modelos AMG e Maybach de última geração. Além de gerando mais receita nas vendas através dos meios digitais e, como também já foi referido, recorrendo a uma maior padronização na fabricação de todos os modelos - por exemplo, nas baterias.

De resto, a marca da estrela espera que, em 2026, o investimento necessário em motores de combustão já tenha caído cerca de 80% face a 2019, ao mesmo tempo que prevê que, na era EV, as margens de lucro se mantenham muito semelhantes. Desde logo, devido a uma oferta ampla e muito semelhante à proposta com motores de combustão.

A sustentar os objectivos de manutenção das margens de lucro, uma oferta crescente, também nos EVs
A sustentar os objectivos de manutenção das margens de lucro, uma oferta crescente, também nos EVs

Novas fábricas terão papel determinante

A suportar esta última intenção, a decisão de construir oito novas fábricas de grandes dimensões, em todo mundo, das quais, quatro serão na Europa, e uma nos Estados Unidos da América. Unidades que garantirão, em conjunto, uma capacidade de produção total de 200 GWh e a que se juntam, ainda, os planos de construção de "nove fábricas dedicadas à construção de sistemas de bateria".

Aliás e ainda sobre o tema, a Mercedes avança que a baterias de próxima geração serão "altamente padronizadas e adequadas para uso em mais de 90% dos futuros modelos Mercedes-Benz". Sendo que, em termos de tecnologia, o caminho a seguir passa por, segundo fabricante, aumentar a densidade, usando tecnologias de ânodo de silício-carbono, com o objectivo de oferecer "alcance sem precedentes e tempos de carregamento ainda mais curtos".

Entretanto e ao mesmo tempo, a marca da estrela revela estar em negociações com parceiros, para desenvolver a tecnologia de baterias de estado sólido, a qual deverá melhorar significativamente, quer a densidade, quer a segurança das mesmas.

A Mercedes prevê construir oito novas giga-fábricas, mais nove dedicadas às baterias, como forma de apoiar a ofensiva elétrica
A Mercedes prevê construir oito novas giga-fábricas, mais nove dedicadas às baterias, como forma de apoiar a ofensiva elétrica