A Mercedes-Benz e a Ferrari estão a estudar a utilização de motores elétricos com fluxo axial que permitem desenvolver mais binário e encostar os utilizadores aos bancos dos veículos. Esta solução parece ser inspirada no filme "Regresso ao Futuro".
Quando os condutores dos futuros modelos Mercedes-Benz AMG pisarem a fundo o pedal do acelerador dos seus automóveis elétricos de elevadas prestações, irão receber potência adicional das baterias, à semelhança do que sucedia no filme "Regresso ao Futuro".
A solução não será baseada em condensadores de fluxo, mas, sim, em motores com fluxo axial, estando a ser avaliada pela Mercedes-Benz e pela Ferrari para desenvolver mais binário.
Os motores de fluxo axial são mais pequenos do que os motores elétricos radiais, que atualmente são os mais usados, mas oferecem mais binário instantâneo.
Um motor em cada roda
Os motores de elevadas prestações serão cruciais para marcas como a AMG e a Ferrari, pois procuram eletrificar os modelos desportivos que lhes dão prestígio e rendiblidade.
Sempre que se carrega no pedal do acelerador de um veículo elétrico, o condutor gera centenas - e nalguns casos milhares - de amperes de corrente elétrica nas bobinas de cobre. Quando possuem energia tornam-se em eletromagnetos com forças de atração e repulsão. A força magnética criada pelo estator estacionário que está junto ao rotor produz o binário que movimenta as rodas do veículo.
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Nos motores axiais, em vez do terem o rotor a rodar dentro do estator, os rotores em forma de disco rodam em conjunto com o estator central. Isto produz um fluxo de corrente que circula axialmente através da máquina, em vez de radialmente a partir do centro.
Como o motor desenvolve binário num diâmetro maior é necessário menos material.
Estreia pela Ferrari
Os modelos híbridos plug-in SF90 e 296 GTB da Ferrari utilizam motores elétricos do fabricante inglês Yasa, cujos estatores são mais leves e compactos, contribuindo para uma redução da massa da máquina até 85%.
Os motores elétricos da Yasa começaram por ser usados no hipercarro híbrido Koenigsegg Regera, seguindo-se o Ferrari SF90. Em julho do ano passado, o fabricante inglês acabaria por ser adquirido pela Mercedes-Benz que quer utilizar estes motores nos modelos AMG que começarão a ser lançados em 2025.
O aspeto mais importante dos motores axiais é o potencial forma-factor, segundo refere Malte Jaensch, professor de motorizações sustentáveis da TUM - Escola de Engenharia e Design de Munique ao Automotive News Europe. A dimensão reduzida poderá permitir aos fabricantes instalar um motor em cada roda, o que não é possível com os motores radiais.
Novos designs
A instalação de um motor em cada roda - ou pelo menos em cada eixo - poderá traduzir-se em melhores prestações por parte dos veículos elétricos. A inovação permite que a vectorização de binário controle melhor a potência enviada para cada roda, com melhorias ao nível da agilidade.
Curvar a alta velocidade poderá ajudar os condutores da AMG e da Ferrari a obter as mesmas sensações ao volante do que aquelas transmitidas pelos motores de combustão com oito, dez ou doze cilindros.
Os motores elétricos da Yasa também poderão contribuir para eliminar a necessidade da linha motriz no chamado patim na parte inferior central de um veículo elétrico. Isso libertará espaço para os engenheiros colocarem as baterias, assim como projeções dianteiras e maiores dos veículos, ou possibilitar aos engenheiros experiências com novos conceitos aerodinâmicos.